Emily encontrava-se num campo aberto, envolto por uma névoa suave e prateada. O silêncio era absoluto, mas não opressor — era como se o mundo estivesse à espera. À sua frente, uma floresta densa estendia-se até onde os olhos alcançavam, as árvores com folhas reluzentes, como se feitas de luz lunar. Sentia os pés descalços tocarem uma terra morna e viva, pulsante como um coração.
Ao caminhar, guiada por um instinto que não compreendia, a floresta abria-se para ela, silenciosa, respeitosa. Então ouviu: um uivo profundo, melancólico… familiar. O som parecia vir de dentro dela. Seguiu-o, o coração acelerado sem medo, mas com um pressentimento forte.
No centro da clareira, sob uma lua gigantesca e surreal, estava ele: um lobo majestoso de pelo cinzento e olhos intensamente vermelhos. Ela reconheceu aquele olhar — Christian. O lobo não rosnava, não atacava. Apenas a observava, como se estivesse à espera dela há muito tempo.
Emily aproximou-se. Quando estendeu a mão, o lobo tocou-lhe os dedos com o focinho. De imediato, um clarão explodiu na sua mente: via-se numa batalha antiga, rodeada de criaturas das sombras e lobos em fúria; ouvia vozes a chamarem o seu nome num idioma esquecido; e no fim… uma profecia ecoava: “A Guardiã da Lua renascerá entre o silêncio dos dois mundos.”
Despertou com um sobressalto. O quarto estava escuro, mas a luz da lua iluminava o seu rosto. Ao olhar para o pulso, uma marca em forma de meia-lua brilhava suavemente… e desapareceu segundos depois.
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