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Após saírem do apartamento,  as duas mulheres pegaram um táxi e logo se dirigiram para o local da festa, cerca de uma hora depois, enfim elas chegaram a boate, a fila estava enorme e Milena teve vontade de desistir, mas Jane a puxou para fila dizendo:

—Vamos tirar o estresse lá dentro, deixa de ser mole..-Jane parou de falar abruptamente e puxou Milena para mais perto, parece tentar esconder a amiga.

—Não olhe agora, mas o Hugo vem chegando na companhia de vários amigos, e amigas também, cretino-Jane disse cerrando os dentes, mostrando toda a sua indignação.

Com a cabeça erguida e no rosto um sorriso sincero, Milena olhou para Jane e disse:

—É só um ex que não soube dar valor a mulher que tinha, esquece isso amiga, veja, a fila andou alguns centímetros-ela disse as últimas palavras e daí puxou Jane, se aproximando um pouquinho da entrada da boate.

—Não foi só isso, ele armou para você e merece uma punição-Jane insistiu em continuar com aquela conversa, fazendo Milena soltar um longo suspiro.

—Não tenho provas e tampouco poder para lutar contra a família Bastos, deixe isso com Deus, ele tarde, mas nunca falha.

Para manter uma boa relação comercial com a família Bastos,  Felipe, pai de Milena, obrigou a filha a se casar com Hugo, o CEO do grupo Bastos, um jovem lindo e inteligente e mesmo também tendo sido obrigado por seus pais, nunca consumou o casamento, foram dois anos de união e no aniversário de casamento dos dois, pela primeira vez,  Hugo convidou Milena para jantar.

Uma garrafa de vinho branco, um buque de rosas vermelhas, uma caixa de chocolate Nokia, um brinde a felicidade e um lindo sorriso de Hugo, é tudo que Milena se lembra, após isso ela já acordou em um motel, completamente sem roupa e de pé próximo a porta, estava Felipe e Hugo a chamando de vagabunda, depois disso foi só ladeira a baixo.

Lembrar do passado deixou Milena muito triste, ela balançou a cabeça instintivamente, tentando se livrar daquela sensação ruim, sorriu e disse.

—Acho bom você arranjar um jeito de me fazer sorrir a noite  inteira.

—Assim tá bom?-Jane perguntou enquanto fazia uma careta, mostrando a língua e se balançando de um jeito  engraçado, isso fez Milena sorrir e enfim aquele clima estranho se dissipou.

Algum tempo depois enfim elas puderam adentrar a boate,  Jane já entrou dançando, enquanto Milena apenas analisava o ambiente com curiosidade, o local é enorme e está lotado, então estar ali é um pouco agoniante.

Há muitas pessoas bebendo e dançando ao ritmo da música, as luzes de néon piscando sem parar, deixam a vista de Milena um pouco embaçada e talvez por isso, ela acabou pisando no pé de um homem estranho, ele acabou a empurrando com força, quase a fazendo cair.

—Você está louca? Estragou o meu sapato italiano-disse o homem enquanto olhava com nojo para Milena.

Ele parece meio embriagado e se não fosse pelos amigos dele, Milena teria sido agredida fisicamente.

—Eu não tive a intenção, me desculpe-ela disse em um tom baixo, enquanto tentava se afastar.

—Vamos tomar um drink-falou Jane e logo saiu puxando Milena.

A jovem queria dizer que aquele era um ambiente destinado a pessoas ricas e que preferia ir embora, mas como a música estava muito alta, dizer aquilo seria perda de tempo e por isso, Milena apenas seguiu a amiga sem questionar.

Nas proximidades do grande balcão, o som diminuiu um pouco e com isso, Milena poderia pelos menos conversar com a sua amiga.

—Hoje não é o meu dia de sorte, eu quase apanhei por conta de um maldito sapato italiano, acho que é melhor eu voltar para casa primeiro.

—Tá doida? Nós acabamos de chegar, quero beijar aquele barmen e pegar o telefone daquele segurança ali-disse Jane sorrindo enquanto apontava para dois homens bonitos.

Milena não disse nada, então Jane,  pôs-se a olhar fixamente para ela, certamente querendo saber se ela iria entrar na brincadeira ou não.

Antes que Milena pudesse chamar a sua amiga de desvairada, o seu telefone tocou, ela olhou distraidamente para o indicador de chamadas e percebeu que era David quem estava ligando, de súbito Milena lembrou-se que foi ignorada por seu marido nominal, então ela fez o mesmo.

—Você não pretende atender a chamada?-Jane perguntou e logo acenou para o barmem.

—Eu não estou com paciência para passar raiva, de novo não-ela falou sorrindo, mas o seu riso desvaneceu ao ouvir uma voz familiar logo atrás de sim dizendo:

—Serio? Eu também estou sem paciência hoje, se te liguei, é porque preciso de você-falou David,  causando um arrepio na espinha de Milena, não só pelo tom usado, como também, pelo fato dele estar muito perto dela.

“Esse homem parece assombração, está em toda parte, inferno, agora as coisas ficaram assustadoras", pensou Milena, já tentando visualizar uma das saídas de emergência.

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