Encontro Fatal
Amanda
Acordei com uma baita dor de cabeça, tive dificuldade para reconhecer o lugar , peguei um dos travesseiros e o coloquei sobre meu rosto, inspirei aquele cheiro maravilhoso de Mateo, forcei a visão e percebi que estava em um quarto, as paredes brancas constratavam perfeitamente com a cortina bege, o ambiente era extremamente organizado, pelo que me recordo ele odeia bagunça. Respirei fundo tentando organizar os pensamentos, me lembrei da crise que tive no banheiro e do desespero do homem que eu amava, não contive o sorriso. Pena que ainda era sua refém .
Levantei-me da cama para analisar melhor o ambiente, precisava sair dali. Andei pelo quarto e vi que a porta do guarda roupas estava entreaberta, não devia ter ficado tão curiosa. A puxei com delicadeza e o que vi lá dentro me surpreendeu. Mateo tinha vários livros organizados por gêneros e autores. Me lembro que ele amava ler, sempre achei um hobby inusitado para um mafioso.
Dez anos antes
Queria muito reencontrá-lo, Mateo consumia meus pensamentos, andei pelo imenso corredor da mansão e pra minha sorte meu noivo estava na cozinha, lindo de morrer com uma blusa branca e shorts preto, seria nosso segundo encontro depois que o acordo de casamento foi selado. Ele era tímido e eu ri sem graça, me aproximei e percebi que tinha um livro nas mãos, ele encarou aqueles lindos olhos azuis em mim e sussurrou:
- Quem és tu o Julieta?
- Não sabia que mafiosos gostavam de ler, ainda mais Shakespeare. - sorri
- Tem muita coisa que você não sabe sobre mim. - ele disse.
- Ótimo, nem você sobre mim. - respondi petulante.
- Sei que é teimosa e estava tentando fugir.
- Só porque pensei que fosse velho e feio.
- Agora que descobriu que não sou pretende ficar e me dar a honra de tomá-la como esposa? - perguntou.
- Não tenho escolha, às vezes odeio ser filha do meu pai. - falei sinceramente.
- E eu ser filho do meu. - sorriu triste.
- Nós poderíamos fugir? Viver uma vida diferente. - propus.
- Não posso, as responsabilidades como herdeiro falam mais alto.
- Então seja infeliz pra sempre. - provoquei
- Não tem como ser infeliz com você. Te acho surpreendente. - sorriu me deixando bamba.
Queria sair do assunto, estava corada e constrangida, Mateo era lindo e me fazia sentir coisas estranhas, encarei o livro e perguntei:
- O que mais gosta de ler?
- Qualquer coisa, e você? Quais são seus hobbys?
- Amo dançar e escrever, quero ser escritora um dia.
- Uau, somos um casal perfeito então.
- Não exagera, nem sabe se escrevo bem. - brinquei.
- Quero ter a honra de ler um livro seu e dizer que sou seu maior fã.
Mateo se aproximou de mim e beijou meus lábios com suavidade, eu não devia retribuir, mas nao tive forças para afastá-lo, ele invadiu minha boca com sua língua e começamos uma dança sensual, me perdi em seus braços e percebi que estava me apaixonando pelo meu noivo.
Um livro caiu me tirando das lembranças do passado, o peguei com cuidado e ao ler o nome da autora congelei, passei os dedos sobre o relevo da capa. Era um livro meu, assinado com meu pseudônimo Raquel Resende, por ironia era o que contava nossa história. Havia uma página marcada, abri com cuidado e li as palavras que eu mesma havia escrito:
- Fugi no dia do meu casamento arranjado pois descobri da maneira mais sórdida que o homem para quem havia sido prometida não me amava.
As lágrimas tomaram conta do meu rosto, ele sabia por qual motivo eu tinha ido embora. Sabia de toda verdade e mesmo assim não foi capaz de me pedir perdão? Ele realmente nunca me amou,precisava urgentemente sair dali. Respirei fundo e caminhei para fora do quarto, o cheiro de Mateo me sufocava.
Notei que já era noite, provavelmente havia dormido por muito tempo. Sequei as lágrimas que rolavam em meu rosto, meus olhos quase saltaram de órbita quando vi a porta do loft aberta, essa era minha chance. Eu ia fugir e nunca mais o veria.
Mateo
Cheguei à boate e me mantive ocupado até a noite, provavelmente Amanda ainda dormia e eu tinha muitas coisas para resolver. Quando o relógio marcou 22 horas desci para o salão, queria tomar um banho, mas meu mau humor poderia prejudicar a recuperação dela, não queria brigar e nem fazê-la se sentir mal de novo.
Apreciei o ambiente, dias de leilão eram animados, as garotas se enfeitavam mais e os homens dispostos a pagar quantias altas faziam meus lucros aumentarem e no momento precisava disso, Conrado passou pela porta com seus capangas, o homem de meia idade usava um terno preto e sua careca reluzia com as luzes do local. Caminhei até ele e fingi um pouco de animação.
- Fico feliz em vê-lo caro amigo, esse terno lhe caiu muito bem.
- Obrigado Mateo, é sempre uma honra estar presente no seu estabelecimento, ainda mais num dia tão especial.
- Veja as garotas, todas belas e dispostas a fazerem o que quiser. Basta pagar o preço justo. - eu ri.
- Claro, estou disposto a levar a melhor puta pra cama. - respondeu - enquanto aos negócios,podemos conversar depois da diversão?
Eu preferia resolver isso o mais rápido possível, mas não queria contrariá-lo, engoli em seco antes de dizer:
- Com certeza, divirta-se. Depois resolvemos as pendências.
Dei um tapinha em seu ombro, caminhei mais alguns minutos pela boate avistando o Lucas, não conseguia acreditar que ele era o traidor, estava bem vestido e elegante, me encarou com expectativa enquanto me aproximava:
- Conseguiu o acordo? - perguntou preocupado.
- Sim, ele está aqui e quer se divertir. Mande Patrícia o entreter da melhor forma, ela é nossa melhor garota. Não podemos vacilar, ele é nossa salvação.
- Claro chefe, falarei com ela.
- Espera? - gritei - Como está Amanda? - questionei.
- Dormindo profundamente lá em cima.
Antes que pudesse concluir, a música começou, o leilão se iniciaria , estava absorto em meus pensamentos que nem olhei para o palco, Lucas olhava com atenção para a mulher que dançava.
- Uauuuu essa nova contratada dança demais, que delícia. Vou entrar no páreo para tê-la.
- Mas nós não contratamos ninguém a tempos.
- Não? Olha aquela mulher como é gostosa. - ele riu
Assim que falou olhei para o palco, estava com medo do que veria, senti um estranho arrepio na nuca. Conhecia muito bem aqueles movimentos. Meu corpo gelou quando me dei conta de quem era.
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