Capítulo 4- Charlie

"Tá....é só que meu carro não tá pegando...será que você pode me dar uma ajuda?" Ele pergunta

"Claro! Vamos lá" Digo e vamos até o carro dele, estava parado na calçada em frente minha casa.

" Vou precisar que acione a trava do capô" Digo e ele entra no carro, destravando o capô.

Abro o capô e olho.

" Liga ele pra mim por favor" Digo

Ele liga mas o carro morre, como se estivesse sem força.

"É só a bateria....Eu vou dar uma carga , espera só um pouco" Digo e vou até dentro de casa e pego a chave do carro.

Manobro o carro ficando de frente pro dele.

Abro o capô do meu carro, e pego o cabo pra dar uma chupeta na bateria dele.

Conecto e ligo meu carro.

"Essa carga vai ajudar você a chegar em casa , e ligar ele amanhã , de qualquer forma, passa lá na oficina, pra mim dar uma olhada no que ocasionou essa descarga" Digo

"Okay. Muito obrigada" Ele diz com um leve sorriso

Viro as costas e ando em direção a casa. Vejo que ele não vem.

"Você vai ficar ai?" Pergunto

"Demora muito?" Ele pergunta

"Um pouco. Vem vou fazer algo pra gente comer , enquanto dá a carga" Digo.

Vejo ele relutar um pouco.

"Relaxa eu não vou por veneno. Palavra de escoteiro" Digo fazendo o sinal de juramento , e ele ri

Então ele vem.

"Não acredito que você também foi dos escoteiros" Ele diz

"Fui sim. Mas pra falar a verdade eu nunca vendi um cookie" Digo e ele abre a boca fingindo surpresa, e eu rio

"Eu não posso falar nada , por que eu não faço idéia de como acender uma fogueira" Ele diz rindo

Entramos em casa e eu vou pra cozinha.

"Você tem alguma restrição alimentar?" Pergunto

"Não, como qualquer coisa" Ele diz

"Okay" Digo e vou até a geladeira, pego uma cerveja entrego pra ele " Fica á vontade"

Ele se senta em frente a bancada.

"Você tem um belo carro. Como conseguiu?" Ele pergunta.

"Bem, eu tinha um dinheiro juntado, e estava a procura desse carro especificamente. Sempre fui apaixonada por Dorge. Meu pai tinha uma Dorge Challenger, e eu era apaixonada por ela. Então quando encontrei esse carro, ele estava sem o motor, e a pintura ruim, mas num preço muito bom. Mandei reformar por dentro e por fora, e eu fiz o motor" Digo

"Nossa que maneiro...e de onde surgiu esse interesse por carros?" Ele pergunta

"Não sei....desde pequena eu me fascinava. Via meu pai mexer no Dodge dele e achava interessante. O motor de um carro em si é muito interessante, é como um quebra cabeça. São várias peças, e quando completo, você tem uma obra de arte" Digo com um leve sorriso.

"Legal....é dificil uma mulher se interessar por carros...com todo respeito. Você sofreu preconceito quando quis seguir essa carreira?" Ele pergunta.

"Um pouco...Até quando eu montei a oficina foi difícil no começo. O pessoal não me levava a sério" Digo

" E o que fez eles levarem você a sério?" Ele pergunta

"Hmmm...Foi quando eles estavam tentando concertar um Ford Galaxie e eles simplesmente não sabiam qual era o defeito. Ai eu disse que eu só precisaria de um arame pra concertar. E eu concertei. O que eles não sabem até hoje, é que só tinha um fio desencaixado, eu só conectei. Mas eles me respeitam por isso" Digo rindo.

Dean dá uma leve risada .

" E você, o que levou você a cursar engenharia civil?" Pergunto

" Achei que ficava muito sexy segurando uma trena" Ele diz me fazendo gargalhar " Brincadeira. Na verdade eu não sei, quando chegou a época de escolher um curso, esse foi o que me chamou mais atenção, além de ter uma boa remuneração...e hoje eu simplesmente amo o que faço "

"Bem a parte da trena eu não sei se é verdade, mas dá pra ver que você se dedica e põe o coração no que faz...e isso é muito legal" Digo com um leve sorriso e ele retribui.

"Talvez a trena não, mas com o martelo...." Ele diz dando um sorriso travesso e deixando o final da frase no ar.

Reviro o olho e rio.

Depois de alguns minutos fica pronto. Sirvo os pratos e levo até ele.

"Macarrão á carbonara" Digo entregando o prato pra ele.

"Parece ótimo" Ele diz e dá uma garfada.

"Isso tá muito bom!" Ele diz surpreso

"Essa receita foi o Ryan que me ensinou" Digo

"Quem é Ryan?" Ele pergunta

"Meu falecido marido" Digo

Ficamos um pouco em silêncio enquanto comemos. Sinto que ele quer falar algo mas não sabe se fala....

"Como.....ele faleceu?" Ele pergunta um pouco sem graça

Olho pro longe lembrando de como a gente se conheceu, e então começo a contar pra Dean....