capítulo 2

Rachel

Não pode ser! Ah meu Deus, não! Ele não!"

Ela até agora está estática.

Sabia que a vida realmente é cheia de surpresas, mas parece que foi sorteada.

Nunca sai.

E quando faz isso...ele!

Tinha que ter aparecido em sua vida.

E desse jeito!?

Bruno está olhando pra filha com a respiração tensa.

- Pode me dizer o que está acontecendo, Rachel?

- Quê?!

- Durante a reunião, estava em outro lugar, menos aqui no escritório. O que houve?

- Pai...

- Esperando não ter mudado de ideia quanto a viagem da próxima semana.

- Viagem?

- Esqueceu que estamos disputando uma conta importante contra os Parker?

- Ah...não, claro que não.

- Soube do acidente do filho dele?

- Acidente?

- O maluco quase se matou com uma moto.

"Ah Allan! Porque fez isso?"

Ela se senta derrotada.

Sente-se culpada. De verdade.

- Aquele playboy metido a besta.

- Pai! Coitado! Deve estar machucado...não tem pena dele?

- Não!

Rachel não consegue entender a raiva entre as famílias. E onde tem alguma coisa haver com isso, mas não vai questionar...não é o momento.

- Vou pra casa. Vem comigo?

- Não...vou a um lugar antes.

- Sair com a Kate?

- Não...outro lugar. Não vou demorar pai.

Ela pega a bolsa, a chave do carro e sai.

É uma grande loucura, sabe disso. Mas tem que falar com ele.

Precisa.

Quando entra no estacionamento do hospital, sente seu coração na boca.

Não era desse jeito que pretendia reencontrar Allan...

Deve realmente estar pagando por todos os pecados de vidas passadas, não tem outra explicação.

Na recepção, é recebida por uma mocinha simpática.

- Boa noite, em que posso ajudá-la?

- Ah, boa noite. Eu...preciso saber de um paciente...ele sofreu um acidente de moto mais cedo. Allan Parker.

- É familiar dele?

- Ah não. Eu...sou uma conhecida dele. Por favor, não vou demorar, prometo.

- Esse horário não é de visitas...mas, posso abrir uma exceção. Qual é mesmo seu nome?

- Eh... Rachel Miranda.

A moça anota no livro de visitantes, e deixa que ela entre.

A conduz até a porta do quarto dele quando é chamada pra atender um outro chamado.

- Ah me perdoa, pode ir sozinha?

- Tá bem.

Parada na porta, Rachel realmente está sem saber se segue adiante.

Seu coração está disparado e com a respiração acelerada.

Segura na maçaneta da porta e com uma batidinha leve, abre.

Ele está com os olhos fechados, mas não está dormindo.

Está com muita dor.

Insuportável!

Mas, não vai pedir remédio algum.

É sua penitência particular.

Quer sofrer.

De verdade.

- Já disse...não quero remédio...não quero nada! Só quero ficar aqui em paz! É pedir muito?!

Ele fala sem ao menos olhar pra quem está entrando, achando se tratar de uma enfermeira na troca de turno.

- Allan...

Ele abre os olhos e se surpreende.

- Quê!?

- Precisava ver você...

- Quer tripudiar? Ah...pode fazer isso. Não tenho como sair daqui...era tudo o que queria... não é mesmo?

- Eu...nunca desejei isso.

- Qual a parte não entendeu? Quero ficar em paz!

- Precisa me ouvir...

- Não preciso! Não quero! Sai daqui!

Ela respira fundo. Não, ela não vai sair dali.

Cruza os braços e fica o encarando em sinal de desafio.

- Até quando vai ficar agindo como um moleque mimado?

- De quê me chamou!?

Agora ele está de fato furioso.

- Moleque mimado e  arrogante!

Ele faz menção de tentar se levantar, esquecendo da perna imobilizada, e isso causa uma dor latejante nele que se contrai.

- Está doido!? Quer se machucar ainda mais?

- Quero...quero que saia daqui!

Ele fecha os olhos. Agora está de verdade uma dor insuportável, doendo até o fundo da alma.

E não é só a perna...é todo o resto.

Rachel se aproxima dele e tenta ajeitar os travesseiros pra que ele se apoie.

- Não preciso de sua ajuda!

- Por favor Allan...precisa me escutar.

- Você acaso tentou me ouvir quando pedi? Não...saiu correndo de mim, como se eu fosse a peste do fim do mundo! Então, agora quem não tem nada pra escutar sou eu! Vá embora!

- O quê queria? Que eu pulasse de alegria ao saber que o homem que estava comigo a minutos atrás era o meu pior inimigo no mundo dos negócios!? Acha que é fácil pra mim?

- Pareci seu inimigo? Em que parte, porque agora estou confuso quanto a isso.

Agora ele está sendo sarcástico.

Ela fica vermelha.

Claro que não.

Até antes de ela saber que ele era...quem era... Allan estava sendo o melhor homem do planeta.

Nunca tinha sentido tantas coisas ao mesmo tempo por um homem.

Perfeito!

Assim era como poderia classificar aquele ser maravilhoso ali com ela.

Mas, em questão de segundos, foi como seu mundo explodisse em milhões de pedaços sem chance de se juntar...

- Não me respondeu, Rachel Miranda!

- Não vim tratar disso com você.

- E o que quer? Saber se roubei seu projeto tão importante? Saiba...nunca faria uma coisa dessas...nem mesmo com você.

- Não pode ser mais humano?

- Eu!? Humano? Ah me faça rir!

- Que raiva de você!

Pare de agir como uma criança birrenta!

- Estou falando! Vai embora!

- Quer saber? Fiquei me sentindo culpada, quando soube de seu acidente, quis vir falar com você...te dar conforto, mas não merece nada.. de ninguém! Fique aí com sua arrogância!

- Eu não pedi que viesse!

- Estupido!

- Vá embora!

Ele franze a testa, e agora não consegue mais disfarçar a dor insuportável e geme forte.

Rachel se aproxima dele, e sente sua temperatura. Ele está ardendo em febre.

Teimoso!

Como consegue suportar tanta dor sem nenhum remédio?

- Vou chamar a enfermeira, ela tem que te medicar!

- Não quero remédio! Não quero você aqui! Que merda está acontecendo, que ninguém me escuta?

Ela o ignora e chama a enfermagem.

Quando a profissional afere sua temperatura, logo aplica uma medicação no braço dele.

- Ai!

- Larga de manha! É pro seu bem...

- Você é a última pessoa da face terrestre a querer meu bem...o que está fazendo ainda aqui? Já mandei ir embora!

- Pra começo de história, você não manda em mim... segundo, vou ficar até que sua temperatura fique normal. Então, conviva com isso!

A enfermeira dá um sorrisinho irônico.

Allan está de fato furioso.

Ninguém jamais o enfrentou dessa maneira.

Não sabe o que a mulher aplicou na sua veia, mas está a ficar sonolento e a dor menos intensa.

Seus olhos estão pesados.

Sem forças pra discutir.

Ela percebe, então arruma o travesseiro pra ele.

Fecha os olhos devagarinho e sua respiração fica suave...adormece com o efeito calmante do analgésico.

- Ele vai dormir um pouquinho, desde que saiu da sala de cirurgia, ele não conseguiu dormir nadinha. Ele é muito agitado. E nervoso. Seu namorado tem que tentar conter seus impulsos.

- Ah... desculpa, ele não é...meu namorado.

- Nossa! A discussão de vocês parecia de um casal de namorados...pode até não ser, mas fariam um belo casal.

- Está fora de questão...uma coisa dessas.

A enfermeira sai com um sorriso.

Rachel fica olhando pra Allan.

É lindo.

Mesmo sendo um poço de arrogância!

Vai esperar.

Quando ele estiver menos estável...volta conversar com ele.

Se aproxima dele, faz um carinho no seu rosto lindo, e sai.

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Comments

Ana Maria Rodrigues

Ana Maria Rodrigues

já gostei 😃

2024-08-29

0

Leda

Leda

Este é o primeiro romance que leio desta autora, e estou amando.
Parabéns pela redação, e pela escrita correta.

2023-09-22

6

Simone Izabel

Simone Izabel

Parabéns , até que enfim alguém escreveu certo ,aferir a pressão ,normalmente vejo escrever ou falar : medir a pressão , já sou sua fã !👏👏👏👏

2023-09-13

2

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