capítulo 04

Trabalhando mais

Dona Aurora ia bem cedinho na casa grande como de costume diariamente levando as roupas lavadas e buscando as próximas, estava estafada, pois, vinha sempre caminhando e seus anos de vida já não, mas a favoreceram como antes, vinha pelo caminho, mas rápido, cortando mata adentro onde existiam lendas de aparições e fantasmas, mas nunca dera bola para essas histórias.

No caminho, encontrou seu marido lidando com os animais da fazenda, parou junto a ele, tomou um fôlego e disse;

- Estou cansada meu velho, já não estou tão boa e rápida no caminhar como antes, e riu...

Calisto disse com um tom grosseiro e rude; 

- Mas é claro! Agora não bastava todo o trabalho que você tem, ainda passa quase toda noite tendo que fazer roupas para sua filha!

Aurora com os olhos perplexos, não entendia o porquê Calisto era tão rude em falar de Nora, passou a vida toda reclamando e sendo hostil com a filha, ela não conseguia entender isso, pois quando se casaram Calisto sempre a pediu filhos, principalmente uma filha menina! Dizia ser sua princesinha, porém quando Nora nascerá tudo mudou do dia para noite. Aurora impactada ainda com a situação, baixou a cabeça e continuou em sua caminhada indo em direção a casa grande, onde chegará exausta de cansaço, mas a tristeza em seu coração era maior, pois pelo jeito de seu marido Calisto, perante a filha a dilacerava a alma, Nora a filha tão gentil e dedicada aos dois.

Vendo sua tristeza ao chegar, sua amiga Clarisse ficou intrigada, pois, jamais vira à amiga daquele jeito e perguntou!?

- Aurora o que aconteceu com você minha querida? Porque está assim?

Aurora enxugando as lágrimas em seu rosto com as mãos disse;

- Não é nada, estou bem, e ficarei bem, não se preocupe comigo, vim pegar mais roupas e já estou voltando.

Clarisse indignada com o que via, disse em um tom, mas rude com a amiga:

- Oras essa Aurora deixe de besteira e venha até aqui e me diga agora mesmo o que está acontecendo! Está me parecendo praticamente que sou uma estranha para você!

Aurora levantou a cabeça, olhou sua velha e querida amiga e pensou!

- Porque não? Já estou há muito tempo com toda essa mágoa e angústia no meu peito, preciso realmente me desabafar com alguém; então com mais calma cheguei, mas próximo de Clarisse e então com toda vontade de aliviar o coração disse; 

- Não quero te oportuna com meus problemas, minha amiga, você já tem afazeres demais por aqui! Para simplesmente dar importância à mim, e sorriu com o olhar ainda caído de tristeza.

- Vamos venha, tome um café comigo e me conte tudo sua tola! Sabe que sempre pode confiar em mim para tudo, por favor minha amiga, não vai ser agora que isso irá mudar!

Às duas se dirigiram para uma pequena saleta perto de uma linda e grande janela que lhes davam a maravilhosa vista para o jardim, que Clarisse fazia questão de tratar pessoalmente dizendo sempre ao seu marido que ao cuidar das flores seu coração transbordava de amor e muita paz!

Quando finalmente o café chegou, café esse produzido com muito zelo pela fazenda. Aurora já se encontrava, mas calma e já conseguia esboçar um pequeno e tímido sorriso pelo canto da boca, meio sem jeito ainda. Pegou sua xícara de café muito  cheiroso e quentinho e disse; 

- Clarisse! Nossa realmente esse café é bom demais, às duas sorriram...

Nesse momento entrou pela porta principal da casa Cristóvão, feliz e eufórico.

- Clarisse! Clarisse! Onde está minha esposa?

- Clarisse respondeu em voz alta!

- Querido estou aqui! Na sala de repouso, em passos longos e largos, Cristóvão se aproximou e ao abrir a porta se deparou com as velhas amigas tomando café, e meio sem jeito indagou!

- Oras me perdoem, não sabia estar com alguém, depois falamos não quero atrapalhar! Como sempre Cristóvão muito gentil as deixou sozinhas e saiu.

Aurora muito envergonhada disse;

- Meu Deus! Clarisse o que é isso, deixou seu marido ir sem ao menos saber o que ele queria falar com você, ande minha amiga vá até ele e o escute!

Clarisse sorrindo disse; 

- Ora essas, Aurora pelo sorriso e tom de voz de Cristóvão não deve ser nada sério, com toda certeza não é nenhuma tragédia sendo assim tenho certeza que ele poderá esperar alguns minutos, vamos, deixe isso para depois e me fale o que está te afligindo dessa maneira, ao ponto de ver você chorando.

Aurora então começa a desabafar com a amiga sobre Calisto, pois não conseguia entender o porquê era um homem tão amargo e infeliz, onde reclamava de tudo e todos, se nas possibilidades que Deus deus-lhes, eles tinham tudo! Clarisse se fez ouvir e a conversa continuou por horas a fio... já quase anoitecendo Aurora se deu conta da hora e deu um pulo de uma bela poltrona e disse;

- Santo Deus! Olha a hora, já está bem avançada, preciso ir minha querida se não só vou chegar em casa já no escuro e com toda certeza, Calisto não irá gostar disso!

- Sim sim entendo! Então vá! amanhã volte e continuaremos nossa conversa, às duas se despediram com um beijo na face e Aurora partiu.

Clarisse ainda na porta de sua varanda a fitou pelos olhos até onde pode alcançar e preocupada pensou!

- E eu que pensava que Aurora não tinha problemas!

Então lembrou-se do seu marido e saiu em disparada para o quarto onde abriu a porta e disse correndo e ofegante! 

- Marido! Marido! Me perdoe a hora, mas a conversa com Aurora estava muito séria e acabei perdendo todo o dia quase lá!

Cristóvão a olhou e disse;

- Hora essa mulher tudo bem, não se preocupe, você fica tanto tempo, sozinha nesta casa que realmente precisa se distrair um pouco com alguém por vezes, Clarisse mas, uma vez  se encanta com o marido doce e simples de sempre, o mesmo que há 40 anos conhecerá...

- Mas vamos me diga! O que aconteceu de tão bom para entrar em casa ofegante e feliz aquela hora porque foi com certeza coisa muita boa espero...

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