Capítulo 10

O príncipe finalmente entendeu seu erro e, incapaz de refutar ou encarar sua mãe, sentiu suas pernas perderem as forças e caiu de joelhos diante dela.

_Você me decepcionou, Erick... e você não imagina o quanto...

Naquele momento, gritos dilacerantes começaram a ser ouvidos e o caos tomou conta do lugar. Analia ergueu o olhar, percebendo que estavam sendo atacados por bestas, mas estas bestas eram diferentes, tinham uma aparência repugnante, tinham chifres e eram rodeadas por uma aura sinistra.

Não eram bestas, eram demônios.

_O fim chegou...

Sem a santa, não havia ninguém que pudesse deter os demônios e salvá-los, eles mesmos se condenaram.

Analia se virou e caminhou em direção ao altar onde jaziam os corpos carbonizados dos sacerdotes e de Lina, mas os ignorou e pegou uma espada no chão para seguir seu caminho até a sala de oração, onde havia uma enorme fonte de água benta. Lá, ela entrou na fonte e se deixou cair, derrotada.

Deus... eu sei que não mereço, mas mesmo estando decepcionada e furiosa, ainda sou sua imperatriz, a mãe deste império... peço perdão e imploro, me dê uma chance de consertar tudo, não deixe meu império perecer... eu imploro, ofereço minha alma em sacrifício. Analia apontou a espada para si mesma. _Juro que se me deres a oportunidade, salvarei sua amada enviada, a protegerei com minha vida e farei com que seu destino se cumpra... imploro, Deus, nos perdoe e não nos deixe perecer...

Analia atravessou o próprio peito com a espada e caiu morta na fonte, cuja água se tingiu de vermelho...

Analia não perdeu a fé e então abriu os olhos, levantando-se abruptamente com a respiração ofegante. Ao olhar ao redor, percebeu que estava em seu quarto. Imediatamente chamou sua criada pessoal.

Maria, que dia é hoje? perguntou Analia, ansiosa, com o coração na mão.

Hoje é o quinto dia do calendário lunar do ano XX, Vossa Majestade. Respondeu Maria, desconcertada com o comportamento da imperatriz.

Obrigada, Maria, pode se retirar. Quero ficar sozinha por um momento.

Maria assentiu e saiu do quarto, deixando Analia, que se ajoelhou. Ela não podia acreditar, havia conseguido! Ela havia voltado um ano e meio no passado e agora tinha a oportunidade de salvar a verdadeira santa e o império.

_Obrigada, Deus, por não ter deixado meu pedido morrer! Obrigada, obrigada, muito obrigada, Deus! Juro que protegerei aquela menina com minha própria vida e farei com que ela cumpra seu destino, não importa o que aconteça. Ela está destinada a ser a pessoa mais importante deste império e do mundo e eu abrirei caminho para que esse destino seja cumprido... e não pouparei vidas para abrir seu caminho, destruirei quem eu tiver que destruir para protegê-la...

Naquele dia, Analia jurou por sua existência salvar Bella e protegê-la para que se tornasse quem estava destinada a ser: a salvadora deste mundo...

Foi assim que Analia começou a mover tudo nos bastidores, preparando-se para salvar Bella de seu destino. Foi assim que ela ficou, em vez de partir para o império vizinho para as relações diplomáticas, e em seu lugar enviou o príncipe herdeiro para tirá-lo do caminho e para que ele não conhecesse aquela bastarda. Quando ele retornasse, Bella já estaria segura sob sua proteção, mas mesmo assim ela não permitiria que seu filho se aproximasse daquela bastarda e se tornasse um idiota. Ela jurou que, à primeira vista, o destronaria e faria do segundo príncipe o herdeiro. De forma alguma ela permitiria que alguém incapaz de governar tivesse a coroa.

E foi assim que Analia começou a mover suas peças, e o segundo passo foi ir à estreia de Bella e declarar seu apoio a ela e a rejeição à bastarda. Assim Bella teria o apoio da nobreza e a bastarda seria repudiada, e ela efetivamente conseguiu. No processo, ela também descobriu que estava restringida e não podia contar nada sobre seu retorno ou o que havia vivido. Cada vez que tentava, as palavras não saíam e uma forte dor tomava conta de seu corpo como um aviso, então ela não teve escolha a não ser seguir em frente sozinha. Ela também plantou espiões na mansão do marquês que a informavam sobre todos os acontecimentos e como Bella estava... mas o que ela nunca pensou foi que Bella roubaria seu coração desde o primeiro instante em que a viu. Ela era tão linda, tão elegante e glamorosa, envolta em uma aura incomparável de dignidade que fazia com que todos que a vissem se sentissem fascinados por ela. Era como estar na presença de um verdadeiro anjo.

E depois de conhecê-la melhor na festa do chá, ela percebeu que não estava errada. Bella era um ser lindo por dentro e por fora, seu coração era nobre, mas também duro para destruir seus inimigos, e ela não estava disposta a ser pisoteada por ninguém. Ela tinha a capacidade de assumir o controle de qualquer situação e manipulá-la a seu favor, como em sua estreia ou na festa do chá. Ela era mais do que digna de ser a escolhida, e mais uma vez Analia jurou a si mesma protegê-la de todo o mal.

Naquele momento, Analia foi tirada de seus pensamentos por Maria, que havia chegado com uma carta.

É de Sua Majestade o arquiduque Williamson. Disse Maria.

Analia pegou a carta e a abriu para ler seu conteúdo, esboçando um sorriso.

A carta dizia que ele já estava a caminho do palácio e que ficaria alguns dias descansando com seu esquadrão antes de retomar o caminho para seu território.

Bem a tempo, sobrinho... Bella estará em boas mãos...

Prepare tudo, Maria, e informe Sua Majestade o imperador que o Esquadrão Alfa da Guarda de Caçadores está a caminho. Devemos dar as boas-vindas que os heróis que protegem nosso império das bestas mágicas merecem!

Como ordenar, Vossa Majestade. Disse Maria, fazendo uma reverência antes de se retirar.

Analia também se levantou para sair do jardim, pois tinha trabalho a fazer.

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