Ao ouvir as palavras de Bia, o coração de Eduardo ficou angustiado, e o médico tentava entender o que estava por trás daquele pedido. Percebendo o cansaço e o desânimo nos olhos da menina, Eduardo não conseguia entender como uma criança tão pequena não pensava em se curar e sim no bem estar de uma tia com quem ele percebeu que havia uma conexão especial, e isso a preocupava profundamente.
_Bia, onde estão os seus pais? Perguntou Eduardo procurando conhecer um pouco mais sobre a história da menina que estava acompanhada pela tia. Bia suspirou antes de responder, abaixando a cabeça triste.
Minha mãe morreu no acidente em que eu me machuquei… disse coma a voz embargada pela tristeza mexendo com os sentimentos de Eduardo. Já o meu pai... ele disse que não conseguia cuidar de mim depois que fiquei desse jeito... e foi a tia Lauren que ficou comigo. Completou Bia sentindo a dor da perda e da rejeição que sofreu do pai, e Eduardo entendia porque ela gostava tanto da tal tia.
Eduardo sentiu empatia por Bia, sabendo o quanto a perda de sua mãe e o abandono do pai eram difíceis de enfrentar para uma criança tão jovem, e isso o fez lembrar de como sofreu durante a infância, quando enfrentou o trauma da separação dos pais que se divorciaram de forma não amigável e ele sempre era colocado no meio das constantes brigas do casal. Essas lembranças despertaram em Eduardo a profunda compreensão da dor que Bia estava passando.
_ Bia, por que você não quer que eu cuide de você? Quem sabe eu possa te ajudar a voltar a andar. Eduardo tentava conversar com calma com Bia.
_ Eu não quero mais dar trabalho a minha tia… eu não quero mais preocupá-la… sei que ela faz de tudo para ganhar dinheiro e gasta tudo comigo... essa semana eu escutei ela dizer que não tinha mais nenhum centavo no bolso … até o namorado dela a deixou por minha causa. Eduardo entendeu errado o que Bia queria dizer, e começou a pensar que possivelmente a tia estava reclamando por ter que pagar o tratamento da menina e por esse motivo Bia se sentia culpada.
Bia, vou vou falar com a sua tia, e já volto.
Está bem, mas não diga a ela o que te pedi.
Como você disse que a sua tia se chama? Perguntou.
Tia Lauren.
Me espere aqui, combinado? Perguntou estendendo a mão para Bia que apertou em concordância. Eduardo saiu do seu consultório e fechou a porta. Lauren… chamou e assim que escutou seu nome, Lauren se levantou indo até ele.
"Jovem e bonita, está explicado, quer curtir a vida e acha que a menina está atrapalhando."Pensou Eduardo pré julgando Lauren por entender que ela por ser jovem e bonita estava fazendo pressão psicológica com a sobrinha.
_ Eu sou a Lauren tia da bia... Desculpe o nervosismo, bom dia , como está a Bia? Perguntou Lauren ansiosa estendendo a mão para cumprimentar Eduardo que não fez questão de cumprimentá-la.
_Por favor, me acompanhe. Pediu de forma seca abrindo a porta do consultório ao lado do seu verificando que ele estava vazio. Lauren pensou que algo grave estava acontecendo e o acompanhou.
_ E o que está acontecendo? A Bia...
_ Diga, como a senhorita pode tratar mal aquela criança? Como pode pressiona-la desse jeito? Perguntou o médico bravo, e Lauren não entendia o que ele queria dizer.
_ O que? Não entendo o que o senhor quer dizer...
_ Garanto que está entendendo … não percebe que você está fazendo mal a ela.
_ O que? O senhor ficou maluco? Perguntou Lauren nervosa com as acusações feitas por Eduardo.
_ Sabe que tratamento de lesões como a dela podem ser caros e demorados, e pelo que entendi está fazendo com que a sua sobrinha se sinta culpada...
Eu nunca faria isso com ela…Disse Lauren interrompendo Eduardo.
O que você quer que eu pense quando uma criança de sete anos diz que não quer se tratar porque a tia reclamou que não tem dinheiro? Bia se sente culpada pois acredita que está dando trabalho para você, e não sei se você percebeu, ela gosta de você.
Eu não fiz isso...
Conheço mulheres como você, mentirosas, interesseiras…
Você está me ofendendo…Lauren não entendia o que estava acontecendo, e porque Eduardo estava falando com ela daquela forma. Bia tentando não ser um peso para a tia, fez Eduardo entender que Lauren estava agindo de caso pensando ao falar que não tinha dinheiro pois não queria mais cuidar do tratamento da menina. Lauren respirou fundo tentando não perder a calma Se o doutor não quer tratar a minha sobrinha, basta dizer, existem outros médicos, vou encontrar alguém melhor que o senhor e curar Bia. Falou saindo do consultório e indo ao encontro de Bia.
_ Tia, a senhora já conversou com o médico?
_ Sim, por isso vamos embora. Falou empurrando a cadeira da menina passando perto de Eduardo sem olhar para ele.
_ Deve estar feliz agora... Falou Eduardo voltando para o seu consultório.
Eduardo era um neurocirurgião altamente especializado em traumas na coluna. Sua paixão pela medicina despertou cedo, e ele se formou na faculdade com notável antecedência. Logo em seguida, buscou uma especialização em neurocirurgia, dedicando-se intensamente ao desenvolvimento de tratamentos inovadores para lesões na coluna. Seu comprometimento em aprimorar técnicas e oferecer soluções eficazes era evidente em cada caso que ele assumia.
Aos 35 anos de idade, Eduardo estava em um momento em que sua vida profissional ocupava grande parte de sua atenção. Seu empenho e dedicação ao cuidar de seus pacientes tornavam-no um profissional respeitado e admirado no campo da neurocirurgia.
Mas a sua vida pessoal era completamente diferente. Eduardo morava sozinho, nunca havia apaixonado de verdade, Esse distanciamento emocional tinha raízes profundas em sua infância, quando enfrentou o trauma da separação dos pais, fazendo ele se afastar de qualquer relacionamento sério. Chegou a namorar algumas vez, mas quando os relacionamentos começam a durar, ele sempre colocava um ponto final.
O receio de vivenciar novamente a dor da separação que havia marcado seu passado, o levava a manter uma distância segura de qualquer possibilidade de casar, e nunca passou pela sua cabeça ter filhos.
Depois de conhecer Bia naquela manhã, Eduardo não conseguiu para de pensar na menina. Ao final do dia, quando estava saindo do hospital, passou pela mesa da recepcionista e viu uma pasta pintada com desenhos infantis.
_ De quem é essa pasta? Perguntou curioso.
_Uma paciente do doutro esqueceu uma pasta com todos os exames. Como ela foi embora com pressa acho que ela não percebeu que perdeu a pasta. Estou aguardando ela voltar para buscar a pasta, pois não consegui contato por telefone que tenho no cadastro.
_ E de qual paciente são esses exames?
_ Da menina, a Bianca Siqueira
_ Pode deixar ela comigo. Falou pegando a pasta de Bia, algo pedia para ele olhar os exames da menina.
_ O que eu digo se alguém vier procurar por essa pasta? Ela parece ser importante.
_ Diga a verdade, que está comigo… e por favor, faça o reembolso do valor da consulta da Bianca. Pediu antes de ir embora pois não considerava a conversa que tive com a menina uma consulta
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Solaní Rosa
médico primeiro teria que ter escutado a tia para depois julgar mais foi precipitado
tia Lauren não merecia isso
2025-01-15
7
Ana Lúcia Lopes
,Infelismente muitos médicos sao grossos e ignorantes
2025-03-03
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Maria De Fatima Pinto
o que ele passou está sempre em retaguarda
2024-12-25
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