Capítulo 5

Livros são normalmente um escape da realidade, nos levam a mundos imagináveis e inimagináveis. Nossa querida Becca desenvolveu o amor por eles quando ainda era uma menina pequena. Seu pai costumava ler uma história para ela todas as noites antes de dormir. Como toda menina, ela sonhava com um príncipe encantado que a resgatasse em seu corcel branco. Mas com o tempo ela aprendeu que esse príncipe encantado nunca chegaria, porque ele nunca chegou.

Ela chegou à filial bancária mais próxima para poder retirar suas economias, hoje era um grande dia, hoje finalmente seu sonho se tornaria realidade. Ela não queria que Fanny a acompanhasse, pois teve pena de seu estado de espírito. Preparou um chá de camomila para ela, levou-a para um quarto de hóspedes e a cobriu para que descansasse um pouco.

Apesar da insistência de Fanny, ela se recusou a ser acompanhada, estaria tudo bem, não é mesmo? Pelo menos era o que ela pensava. Ao chegar ao banco, foi recebida por uma assessora já conhecida que cuidaria de toda a transação.

— Rebeca, só precisa assinar aqui, e poderemos entregar seu dinheiro.

Ela colocou sua assinatura onde foi indicado, sua caligrafia era perfeita, tanto que sempre recebia elogios por isso.

—  Muito bem, vá para a sala que está ali —  apontou para uma porta cinza chumbo, —  estou lhe entregando o seu dinheiro, são US$100.000. Espero poder ir em breve comprar alguns livros e aproveitar seu café.

Claro que ela conhecia o sabor do café de Becca, pois era uma cliente em uma pequena cafeteria onde ela trabalhara, sendo o melhor café que já provou em sua vida.

—  Espero que sim! —

responde com entusiasmo.

Ela coloca o dinheiro em sua bolsa e sai do banco cheia de esperanças e expectativas sobre o que a vida lhe trará daqui para frente. Hoje o destino lhe trará uma surpresa que será seu pior pesadelo, mas também será o melhor de sua vida.

Nosso querido, mal-humorado e sexy lobo milenar sai de seu escritório para ir ao restaurante de sempre. Jacques irá após o almoço buscar Fanny, a reivindicará como sua de uma vez por todas. Tudo parecia ser um almoço tranquilo quando um delicioso e embriagante cheiro de hortelã e pinho chegou ao nariz dele. Eon começou a uivar por dentro, andando de um lado para outro sem parar, Antoine parecia não processar aquilo, a Deusa Lua lhe havia dado uma segunda chance, após séculos de solidão. Ele vê um homem correndo em sua direção, e atrás do homem, vinha correndo uma loira mal vestida, que era a portadora de tão embriagante cheiro.

"Não pode ser! Aquela mulher desleixada não pode ser minha segunda chance", pensou enquanto dava um soco no ladrão. Não, Eon queria protegê-la de qualquer pessoa que quisesse machucá-la, foi ele quem agiu contra o ladrão. A loira de quarenta anos dá dois chutes no ladrão, Antoine decide afastá-la pegando-a pela cintura, percebendo sua cintura estreita debaixo de toda aquela roupa feia.

—  Já chega! —

uma voz grave interrompe sua tentativa de fazer justiça com as próprias mãos —  você está louca?

Quando finalmente ficou de frente para o dono daquela voz. Era um homem extremamente atraente, com porte e elegância. Tinha algo que atraía em si. Para ele era uma loucura existir uma segunda chance e, acima de tudo, que fosse uma mulher de quarenta anos, mal vestida e humana. A Deusa Lua devia odiá-lo por lhe enviar essa mulher horrenda.

Ao perceber o olhar de desagrado que aquele homem lhe estava dando, isso a incomodou. Era verdade que ela não era uma supermodelo, mas também não merecia um olhar tão desprezível.

—

Louca? HA! —

ela coloca as mãos nos quadris, —  esse sujeito roubou de mim, ele ia levar meu salário e porque quero me defender estou louca? Quem está louco é você.

—  Se não fosse por mim, esse salário já teria sido gasto.

Enquanto os dois discutiam, o ladrão aproveitou para escapar, Jacques, o beta de Antoine o soca novamente, fazendo-o cair no chão, olhando para o céu.

—  Então, então...—  ela não sabia como responder, o galã tinha um olhar intenso, —  sabe de uma coisa? Obrigada, mas eu já estava quase alcançando ele.

—  Claro, pude perceber isso... Senhora.

O tique no olho que sempre aparecia quando alguém a chamava de "Senhora".

—  Senhora? Senhora? Vá para o inferno!

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