Capítulo 5

A Laís estava furiosa e a Sabrina notou que passou dos limites e se encolheu na cadeira observando o Adam.

Lais: Eu não te criei pra isso. O que está acontecendo com você? Cadê todo o amor que te demos? No que você transformou ele?

Adam: Em ambição, dinheiro, roupas de marca, status... é só no que pensa. Eu amo a sua mãe eternamente e não vai ser você a duvidar disso! -a puxando pelo braço.- Vem!

Sabrina: Você está me machucando! Para, pai! -gritou.

Adam: Você já tem ideia do quanto machucou as pessoas que te amam e te cercam? -disse bravo a arrastando pro quarto.

Lais: Calma, Lais! Precisa deixar ele resolver. -mordendo o lábio e acompanhando de longe.

Adam: Avisa pra sua amiguinha que não tem mais saidinhas. Você está proibida. Aliás, a partir de agora vou te buscar e te trazer de volta todo dia como se fosse uma criança. -gritando.- Como. você está se comportando. -a jogando na direção da cama enquanto ela chorava.

Lais: Ela não vai avisar a amiga dela, eu farei.

Sabrina: Não ouse...

Adam: Não ouse você a falar qualquer coisa com a sua mãe. -pegando no cinto.- Eu estou disposto a dar o que você vem merecendo a muito tempo! -disse enfurecido.

Lais: Vem, amor! Vou dizer pros meninos se arrumarem.

Sabrina: E eu?! -gritando entre o choro deitada na cama.

Lais: Você está na única companhia que vai te suportar se continuar assim. Você mesma! -puxando o Adam que já não conseguia conter as lágrimas.- Eu venho trazer comida e água antes de sairmos.

Sabrina: Que? -disse assim que a Laís saiu com o Adam do quarto e trancou a porta.- Você não pode me trancar aqui! -batendo na porta.

Lais: Vamos passar por essa fase, meu amor. -abraçando o Adam e logo os meninos se juntaram a eles no abraço.- Vão se arrumar.

Melissa: Ainda vamos pro shopping?

Lais: Claro, meu amor. -sorrindo.- Vamos nos arrumar.

Cada um foi pro seu quarto, eles se arrumaram em silêncio e a Melissa saiu do quarto assim que terminou de se arrumar.

Melissa: Sabrina!?

Sabrina: O que é?! -disse irritada.

Melissa: Porque não gosta da gente? -se esforçando para se manter forte como imaginou aquele momento.

Sabrina: Você ficou muito lesada depois daquilo que gostam de chamar de acidente. -revirando os olhos.- Você já olhou pra mim? Consegue me comparar a vocês? Eu... eu sou... bem melhor que isso tudo aqui. Eu mereço mais.

Junior: É o que os fracos dizem pra tentar parecerem fortes e superiores. -disse abraçar a Melissa de lado.- Vem, Mel, vamos esperar todos ali. -indo com ela até o sofa.- Sabe que não deve ligar pras besteiras da...

Melissa: O acidente... ela quer dizer... aquele incêndio?

Junior: V-vo-você... lembra?

Melissa: Vagamente, mas tento não pensar nisso.

Junior: Melhor assim. Já disse, ela só fala besteira.

Melissa: Você não mente então me responde, o que o acidente tem a ver com esse meu problema? Eu não fui sempre assim?

Junior: Você não tem problema algum, você é perfeita como é. Só precisa filtrar a quem ouvir e acreditar.

Yasmin: Eu atendo! -disse saindo do quarto assim que ouviu a campainha e abriu a porta.- Oi, tio! Tia! -cumprimentando todos.- Rose, aquela maquiagem já tá disponível será que a gente consegue comprar?

Roselie: Onde você viu? Atualizei o site quase agora e não estava.

Miguel: Eu não empresto minha grana pra isso não. -rindo.

Roselie: Chato! -rindo.

Alana: Vocês recebem a mesada igualmente, o que anda fazendo Rose?

Miguel: Comprando maquiagem. Já viu quanto custa esses trecos que elas enfiam na cara? Eu prefiro sem, como a Mel. Natural e bonita.

Todos se olharam pois os elogios assim sempre eram pra Sabrina, a Melissa corou e ficou sem palavras.

Adam: Chegaram! -indo até eles e os cumprimentando.- Amor, todos já estão prontos.

Ravi: Posso falar com você um instante? -puxando o Adam pro canto.- Preciso deixar o Mi e a Rose com você, tudo bem?

Adam: Se o Mi descobrir que você chama ele de Mi, ele te mata. -rindo.

Ravi: Você gosta do circo pegando fogo, né?

Adam: Quando não é o meu. -rindo.

Ravi: Sabe o que é bom mesmo?

Adam: O que?

Ravi: Te conhecer tão bem ao ponto de saber quando suas risadas são pelo riso e quando são pra tentar fugir do furacão de coisas ruins que estão predominando sua vida no momento.

Adam: Isso não é bom, Ravi! -suspirou.

Ravi: Eu preciso levar a Lana pra consulta, mas depois disso podemos ficar lá em casa e tomar um whisky e conversar.

Adam: Aceito! Valeu, Ravi!

Ravi: Estamos aqui pra isso mesmo. Quem mandou casar com novinha. -rindo.

Adam: Nem me fale em casamento. -suspirou.

Ravi: Foi mal, vocês brigaram?

Adam: Não, claro que não! Minha vida sem ela não faz o menor sentido, o problema é a Sabrina.

Ravi: Corrigindo, o problema é sempre a Sabrina. Puxou a Larissa. A história está se repetindo, a diferença é que a Larissa só tinha a Laís pra fazer.

Adam: Você jura que está tentando me ajudar? -olhando pra ele confuso.

Ravi: Juro! -rindo.- As vezes não consigo, faz parte. -tocando no ombro dele.- Tô aqui pro que der e vier.

Lais: Vamos? -ignorando os berros da Sabrina e as batidas na porta.

Alana: Vamos! -disse empolgada.

Ravi: Lana, nós temos um compromisso.

Alana: Tudo bem.

Lais: Isso vai te ajudar, me ajudou e está me ajudando bastante, não é, amor?

Adam: É sim, faz um tempo que ela não tem pesadelos. -sorrindo.

Lais: E seu amigo, confirmou que vai nos encontrar lá? -olhando pra Melissa.

Adam: Amigo? Que história é essa?

Melissa: Amigo, pai! Colega! Ele divide quarto com o Júnior e o Miguel, eu comentei com ele e ele disse que tentaria aparecer por lá.

Miguel: Maravilha! -revirando os olhos e saindo do apartamento.

Todos se olharam confusos sem entender e seguiram para o elevador. Eles saíram e a Sabrina ficou ali trancada, mas logo pensou em algo. Ligou o computador, enviou uma mensagem pra Cristal e ficou planejando algo para fazer quando conseguisse sair. O Ravi chegou com a Alana no consultório da médica e logo foram chamados para entrar.

Ravi: Estou com você. -segurando a mão dela, beijando-a e entrando com a Alana na sala.

Médica: Como vai, Alana?! -sorrindo.- Sentem-se. -mostrando o sofá.

Alana: Humrum. -sentando com o Ravi já trêmula.

Ravi: Você quer que eu saia?

Alana: Não! -apertando a mão dele.

Ravi: Tudo bem! -abraçando-a de lado e a acalmando.

Médica: Sei que não é fácil, entendo os motivos das desmarções, sua angústia e o medo de colocar pra fora. Nossos traumas nos deixam exaustas, muito estressadas, relação tumultuada...

Alana: Sim! -respirando fundo.- Mas o Ravi... ele é incrível, não existe tumulto. Ele está sempre fazendo o melhor pra mim, respeitando meus limites... mas eu sei que isso o afeta demais e eu não quero mais vê-lo assim. Ele passou muito tempo habdicando de muitas coisas por minha causa. Eu estou aqui por ele, pelo nosso casamento e... pelos meus filhos. -baixando a cabeça e fungando.

Ravi: Não estou abrindo mão de nada, você sempre foi minha primeira e melhor escolha! Sempre vai ser você. -beijando os cabelos dela.

Médica: É muito importante mesmo termos apoio e amor nesses momentos. -sorrindo ao vê-los juntos.- Vejo que isso não falta pra você, então acho que estamos prontas pra começar o assunto, ok?

Alana: Certo. -se encolhendo e sentindo seu corpo formigar.

Médica: Você estava presente naquele dia?

Ravi: Não, eu viajei com o Adam e... ela estava no rancho com as crianças e a Lala... digo, a Laís.

Médica: Sei, eu conheço ela como Lala também. -rindo baixo.

Alana: É! -sorrindo fraco, respirando fundo e olhando pro Ravi.- Perdão!

Ravi: Pelo que? -disse confuso.

Alana: Não sei se sou capaz...

Médica: Vamos começar com perguntas. Me diga, naquele dia, o que ia acontecer?

Alana: Ah... estávamos organizando uma festa de boas vindas pra ele e o Adam. Estávamos muito felizes e eu... -deixando as lágrimas escorrerem já sem controle.- E-eu... eu não... não lembro exatamente como deixei a boca do fogão ligada. As meninas estavam correndo... -soluçando e sendo abraçada pelo Ravi.- Não consigo!

Ravi: Calma! No seu tempo, hoje não temos hora de terminar essa consulta. Não se preocupe.

Alana: Tenho medo, eu sinto uma culpa enorme... eu não consigo me perdoar e... se eu perder o Ravi...

Ravi: Você nunca vai me perder! -enxugando as lágrimas dela e a fazendo olhar em seus olhos.- Eu sou loucamente apaixonado por você, eu te amo demais... Se liberte dessa culpa, por pra fora... estamos aqui pra te ajudar, não é, dra?

Médica: Claro! -entregando um copo d'água pra Alana.- Você não quer falar na frente dele? Ele é compreensivo, com certeza não veria problema em sair.

Alana: Não! Não! -bebendo a água muito trêmula.- Tá bom! Desde o acidente no rancho... -tentando se acalmar e apertando forte a mão do Ravi.- Você não vai me deixar né?

Ravi: Nunca!

Alana: Depois do que aconteceu lá a Melissa teve alguns problemas porque ela estava mais próxima do início de tudo. -baixando a cabeça e chorando baixo.- E-eu N-não conseguia me mexer. Eu juro que eu... eu queria ter feito algo. Eu vi ela gritar mas... eu... não conseguia sair do canto. -colocando as mãos no rosto e chorando muito sendo abraçada pelo Ravi.

Ravi: Continua, meu amor. -beijando seus cabelos.- Ninguém aqui vai te julgar.

Alana: Eu poderia ter feito... eu poderia! -agarrando a camisa do Ravi e chorando mais entre soluços altos de choro.- Ela gritava e eu não fiz nada. Eu estava...

Médica: Em choque! Acontece, Lana! Não é culpa sua!

Alana: Claro que é! Claro que é! Eu sou madrinha dela, eu sou a melhor amiga da mãe dela... eu estava perto e fui incapaz...

Médica: Escute, algumas pessoas não conseguem reagir sob eventos catastróficos. Minha pergunta é, você queria ter feito algo?

Alana: Claro! Claro! Eu daria tudo pra...

Ravi: Meu bem, eu entendo o que você está sentindo. Me fala, se fosse o contrário, se fosse a Lala... o que você faria? Iria culpa-la?

Alana: Não! Eu sei que ela faria o que fosse pelos meus filhos e... eu achei que eu também faria pelos dela mas...

Médica: Foi um grande passo colocar pra fora, estou orgulhosa da sua força e coragem. -segurando a mão da Alana.- Estamos aqui pra passar por tudo isso juntos. As coisas vão melhorar a partir de agora, você tem alguém que sabe pelo que você passou, entende e está disposto a te ouvir sempre que preciso. Vamos aumentar um pouco a dose do seu medicamento atual e ver se vai te ajudar com o sono.

Ravi: Você está bem? -olhando pra Alana.

Alana: Você... consegue me perdoar? Consegue me olhar do mesmo jeito de antes? Por que eu não consigo. Eu olho pra Mel e... eu sei que eu poderia ter...

Ravi: Olha, nós não sabemos se um pouco ou muito séria suficiente pra ter causado esse problema na Mel mas... é leve, não é tão grave.

Alana: Não é? Ela se sente diferente de todos! Ela chora, ela se questiona, ela... -voltando a chorar.

Ravi: Eu sei, meu amor! -suspirou e a apertou num abraço acolhedor.- Estamos juntos, tá?

Médica: Foram muitas emoções, uma exposição extrema, se você quiser parar por aqui, posso abrir um horário semana que vem...

Ravi: Acho importante aproveitar o embalo e deixar ela mais a vontade pra conversar sobre outras coisas. -segurando as mãos da Alana e as beijando.- Eu vou te esperar lá fora! Estou com você pra sempre, meu amor. -a beijando.

Alana: Amor! -corando entre soluços baixos do choro e acaricando o rosto dele.- Obrigada!

Ravi: Eu que agradeço! -sorrindo e indo até a médica.- Muito obrigado, dra. Eu estou lá fora pra qualquer coisa.

Médica: Ok, obrigada!

Ele saiu da sala, fechou a porta e se sentou no sofá aguardando inquieto. Sua mente tenta pensar em maneiras de mostrar que ela não podia se sentir assim e tentava imaginar a reação da Laís e do Adam quando soubessem. No cinema, os meninos se divertiam comprando pipoca, escolhendo o filme e o Adam e a Laís estavam um pouco distantes para deixá-los a vontade.

Miguel: Convidou o Stefan?

Melissa: Não, eu só comentei e ele falou. Você... não gosta dele?

Miguel: Acho que gosto, conheço ele há uma semana, acho que não tenho nada fixo e certo sobre ele. E você? -engolindo em seco.- Gosta dele?

Melissa: Parece ser legal mas também não tenho nada concreto. Você é meu parâmetro e acho muito difícil de alguém... -ficando nervosa ao ver o rumo de sua frase.- chegar perto... disso... pra mim. -baixando a cabeça envergonhada.

Miguel: Valeu! -sorrindo e tocando o rosto dela a fazendo erguer a cabeça.- Você também é um patamar que considero... impossível de alguém... alcançar. -ficando um bom tempo olhando nos olhos dela e ambos ficaram nervosos.

Roselie: A gente escolheu aquele filme de zumbi. -se aproximando e fazendo os dois se afastarem discretamente.

Miguel: Irado! -disse animado.- Vamos, então.

Melissa: Ah, isso não dá pra mim não! -rindo baixo.- E-eu... vou... ficar com a mamãe e o papai. Não quero estragar...

Roselie: Ah, tudo bem, podemos escolher outro.

Yasmin: É, talvez aquele de romance com Zac Efron. -mexendo as sombrancelhas fazendo a Melissa ri.

Melissa: Não! Eu não quero atrapalhar, toda vez é assim e eu... não quero mais isso. Por favor!

Miguel: É, tudo bem. Por que não fazemos assim, vocês assistem o filme que escolheram e eu e a Mel vemos o que ela decidir?

Yasmin: Tipo um encontro?

Melissa: E-en-encontro? -disse muito nervosa.

Roselie: Ya! -empurrando-a levemente com o braço.

Yasmin: Me empolguei. -rindo.- Foi mal, mana.

Miguel: Pode ser assim? -olhando pra Melissa.- Depois que voltei nunca mais fizemos algo juntos.

Melissa: Ah, é... quer dizer, por mim... sim... -sorrindo boba.

Roselie: Vem, Mi, vamos comprar os ingressos então.

Miguel: Tá! -indo com ela.- Não me chama de Mi. -revirando os olhos.

Roselie: Se machucar a Mel eu mesma acabo com sua vida. -disse apertando o pescoço dele com o braço.

Miguel: Aí! -rindo.- Só porque faz luta não quer dizer que vai me ganhar. Eu não vou magoar. Eu nunca me perdoaria em fazê-la chorar.

Roselie: Já faz. -sussurrou baixo pra si.

Miguel: O que? -disse sem entender o que ela disse.

Roselie: Nada! Vamos comprar.

Ele comprou os ingressos, voltou pra perto das meninas e cada foi pra sua sala. O Miguel sentou ao lado da Melissa, ela colocou os refrigerantes nas cadeiras deles e ele passou o braço em volta do corpo dela fazendo-a sentir borboletas no estômago.

Melissa: Mi! -sorrindo envergonhada.

Miguel: Posso? -deixando ela completamente sem voz e apenas conseguiu assentir positivamente.

Com o passar do filme, ela deitou a cabeça no ombro dele e quando aparecia um homem sem camisa ele tampava os olhos dela e ela fazia o mesmo quando aparecia alguma mulher semi nua. Eles riam um pro outro e algumas vezes eles iam aproximando seus rostos mas o receio da rejeição do Miguel era muito grande pra Melissa arriscar ouvir um 'desculpe' ou ouvir que foi um erro que são apenas amigos então ela desviava o rosto e voltava a olhar pro filme.

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