Eu já não preciso de mais um segundo para ter certeza que te amo

         Marcos dirigia e prestava atenção em Melissa, ela estava muito diferente, mais magra, tinha olheiras e usava camiseta e moletom e chinelo de dedos. Os cabelos estavam presos em um coque e levemente ondulados. Ele gostou de vê-la mal. Também era um ponto positivo, seus pais não a queriam por perto e gostarem dele.

         A noite era de lua cheia, o céu estava lindo. Marcos parou o carro em uma avenida repleta de Ipês brancos. Ele abriu o teto do carro e os dois observam a lua, o céu estrelado e conversavam. Marcos disse:

      - Melissa você é tão linda, não se parece com sua mãe, não que ela seja feia. Seus biotipos são totalmente diferentes.

      - Ah, herdei a descendência negra e indígena do meu pai. Avó índia e avô negro. Sou esta mistura, negros, índios e brancos.

     - Imagine nossos filhos com toda sua descendência? Seriam descendentes de árabes ainda. Seriam lindos.

       Melissa ficou encantada ao ouvir ele falar assim. Ela chegou muito perto e o olhou nos olhos. Então ele a beijou calorosamente, foi um beijo longo e cheio de desejo. Pareciam viciados livrando- se da abstinência. Sentiam compulsão e não conseguiam parar. Alguns minutos depois ainda se beijavam, aí o arrependimento bateu forte no coração de Marcos. Ele se afastou lentamente dela e disse:

      - Mel!!! Não provoca! Não sou de ferro, não sou um monge!

      -Só farei o que você queira fazer. -  Disse ela, em um tom de voz calmo e fofo.

      - Você quer ter filhos? Me desculpe a sinceridade, mas eu só quero se você quiser muito. – Disse Marcos fingindo.

      - Está ficando um pouco tarde para eu tentar. Leva tempo, se nos casarmos temos que curtir o casamento primeiro. Eu preciso estabilizar minha vida profissional... Caso seja tarde para engravidar... Podemos adotar 2 crianças, o amor será o mesmo. - Disse ela.  

        Marcos não ficou surpreso, porém aliviado, uma mulher inteligente, estrategista e psicopata jamais seria mãe.  Ele disse que já estava tarde e que a levaria de volta pra casa.  Ele parou o carro na frente do pequeno portão, ligado a um muro extremamente baixo, com um pequeno e lindo jardim, com diferentes espécies de plantas. Se despediu de Melissa com um beijo leve e rápido nos lábios. Ela entrou no quintal, em seguida abriu a porta de casa. Ele então acelerou o carro e partiu. Parou o carro na esquina e voltou a pé, pulou o pequeno muro e se posicionou ao lado da porta. Neste momento ouviu Maria Fernanda dizendo exaltada:

         - Melissa, você está nessa situação porque é burra, não escuta ninguém. Esse homem é um bom partido, pode te dar uma vida boa. Mas você fica se fazendo de donzela e não decide nada. Ele vai cansar e encontrar outra.

        - Mãe... Eu... É que...

        - Não terminei de falar! Você só se envolveu com homens irresponsáveis e imaturos até hoje. Nunca nenhum se prontificou em nos conhecer. Olha você só desperdiçou sua juventude e até a carreira... Você não construiu nada! E agora se acha boa suficiente para o Dr. Marcos.

        - Mamãe, ele é ótimo e eu gosto dele, só estamos indo devagar. Ele tem muito a me oferecer, mas eu também tenho que oferecer algo a ele.

       - Você é uma boba que andará sempre em círculos! Quem ouve suas palavras não sabe o que guarda seu coração.

        - Mãe, você também não me perdoou pelo meu terrível erro? O Sérgio eu já imaginava. Mas você é minha mãe! É tão difícil me amar? Eu sou tão desprezível assim?

         Neste momento houve silêncio e Marcos ouviu passos de distanciando. Ele rodeou a casa e parou embaixo de uma janela, tudo estava em silêncio. Deu mais alguns passos e parou embaixo de outra janela. Ele ouviu Sérgio dizer:

         -A Melissa é a mesma rebelde, não se arrepende de nada... Ele era um rapaz tão bom, com um futuro promissor e por culpa dela está morto.

        - Sim, ela já estava formada e tinha 23 anos, já deveria saber o que estava fazendo. - Disse Maria com a voz engasgada e rouca. 

        -Ela precisa se virar, não quer o advogado rico. Deixe-a se virar sozinha.

         Mais uma vez tudo ficou em silêncio. Marcos caminhou lentamente até o carro e enfim encontrou mais conexões entre Melissa e a falsa Marina. Ela já havia matado antes. Seu sangue ferveu nas veias. Como poderia alguém não pagar pelos seus crimes e continuar matando? Ele decidiu que precisava acelerar seu plano. 

        No dia seguinte, já no período da tarde Marcos foi até o Hortifruti e viu Melissa vestindo roupas simples, usando boné e um avental. Seus pais estavam no escritório. Ele a ajudou a organizar os legumes, frutas e verduras nas bancas e organizar as geladeiras. Era um comércio simples e modesto que ficava no mesmo bairro que viviam. Já se aproximava do horário de fechamento do comércio. Quando os pais de Melissa viram Marcos, ficaram muito felizes e foram gentis o convidando para jantar novamente. Marcos aceitou prontamente, porém sugeriu que jantasse no restaurante do hotel. Ele combinou que os buscaria às 19:30.

        No horário marcado, o homem muito distinto e bem vestido os pegou no portão de casa, os pais de Melissa vestiam alfaiataria simples. Sérgio usava uma camisa azul de manga comprida calça e sapatos pretos. Maria usava uma saia midi cinza, sapatos de salto médio preto e camisa social branca. Eles estavam elegantes. Mas os olhares de Marcos e de muitas pessoas foram para Melissa. A mulher vestia um macacão longo preto com um leve brilho cintilante. Era justo na parte superior, sem mangas e com um pequeno decote no busto e estilo pantalona na parte inferior. Ela usava um scarpin preto de salto fino e médio. Seus cabelos estavam soltos e lisos, arrumados lateralmente, sua maquiagem era em tons de marrom cintilante. Seus lábios se destacavam em um batom vermelho mate. Ela usava acessórios de pedraria delicada e uma pequena bolsa preta de mão.

         Desde a chegada ao hotel Marcos ficou incomodado com tantos olhares direcionados à Melissa. Ele não sabia se era ciúmes ou apenas revolta. Ela era uma predadora maligna e ainda tinha que chamar tanto a atenção... Tudo contribuía para que ela conseguisse executar suas caçadas com sucesso.

        Eles jantaram e após o jantar os pais de Melissa tomavam um café. Marcos convidou Melissa para tomar um drink no bar do hotel. Ele tomava whisky e ela uma Margarita. Marcos então disse:

           - Você precisa de quanto tempo mais para se interessar por mim? Eu já não preciso de mais um segundo para ter certeza que te amo.

         - Marcos ... Eu me interesso por você. Mas como será nosso relacionamento à distância???

         - Eu farei dar certo. Mas você ainda não quer namorar comigo, não é mesmo?

       Ela ficou em silêncio de cabeça baixa. Ele entendeu... Marcos os levou para casa e se despediu, dizendo que voltaria para casa na manhã seguinte. Deixou seu contato com os pais de Melissa. Eles entraram na residência e Marcos se despedia de Melissa com um beijo curto. Ela queria algo mais demorado, porém Marcos queria puni-la pela rejeição e deixá-la com a sensação de quero mais.

         Melissa ouviu muitos questionamentos e palavras duras de seus pais, por ter deixado Marcos partir sem resposta.

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