Enquanto Você Respirar
Era 15 de setembro de 2017, e Marcos Mansur estava desolado. Ao se olhar no espelho, percebeu que seu semblante refletia profunda tristeza e sua aura parecia envolta em sombras. O homem de aparência árabe, alto e com porte físico proporcional, sentia-se uma sombra do garoto de 14 anos que um dia fora. Ele ligou para o RH da empresa empregadora, explicou a situação e pediu 14 dias de afastamento. Por mensagem de texto via WhatsApp, avisou aos amigos do grupo de escalada e ciclismo em trilha que estaria fora do Estado de São Paulo para resolver os trâmites do enterro de sua irmã. Fechou sua casa e partiu. Contratou um serviço de táxi aéreo e chegou em Curitiba, seguindo diretamente para a delegacia.
A delegacia era padronizada, com sala de espera, cadeiras, máquina de senha, balcão com funcionários atendendo o público e outros espaços reservados. Marcos foi para a sala do delegado e foi informado sobre o andamento das investigações. Horas se passaram, até chegar a hora de assinar os papéis para a liberação do corpo de sua irmã e autorizar os trâmites do enterro que aconteceria na cidade. Mesmo tendo solicitado ao cunhado que enterrasse sua irmã em sua cidade natal, na cripta da família, junto aos pais, seu pedido foi negado. O cunhado alegou que sua irmã estava passando por um período de depressão e que tomava medicamentos. A convivência havia se tornado difícil, segundo Jonas, pois Camila estava viciada em antidepressivos e se recusava a procurar ajuda. A empresa ficou sob seus cuidados para resolver tudo.
Marcos acabou discutindo com Jonas, acabando por se exaltar. Os policiais os mantiveram separados, inclusive durante o enterro. Camila não tinha muitas amigas, mas alguns funcionários da empresa se revezaram e compareceram ao funeral, bem como diversos clientes e fornecedores da Cafeteria de Camila.
Marcos perdeu a noção da realidade, era difícil acreditar que sua irmã, amiga e parceira da vida toda havia partido sem se despedir. A dor era insuportável, sendo amparado por todos os presentes. Marcos desejava apagar aquele momento de sua memória, mas sabia que seria inevitável, e que diria eu te amo sem resposta, adeus sem um até mais, não vá embora sem uma volta e um longo abraço. Nada que ele pudesse fazer, dizer ou ouvir mudaria aquela realidade.
Marcos advertira à irmã para que não se casasse tão depressa, já que conhecia Jonas havia pouco mais de um ano, mas ambos já moravam juntos e tinham um Contrato de União Estável. Contudo, Camila estava perdidamente apaixonada. Tendo trabalhado duro a vida toda para guardar dinheiro e ajudar Marcos a pagar a faculdade de direito, ela finalmente se permitia amar e se casaria em breve.
Marcos agora passava seus dias fora da cidade, acompanhando as investigações policiais sobre a morte de sua irmã. Não acreditando que ela realmente havia cometido suicídio, ele decidiu contratar um investigador particular. Ele se instalou em um flat no mesmo bairro da delegacia encarregada das investigações, onde ao se deparar várias vezes com uma mulher muito elegante que vivia no flat ao lado do seu, sentia uma inexplicável atracão. Ao olhá-la, sentia paz, como se saísse daquele mundo de tristeza e solidão, imaginando estar em paz e feliz envolto em seu abraço. Ambos trocavam cumprimentos de bom dia, boa tarde e boa noite.
Seu cunhado, Jonas Fialli, parecia muito tranquilo quanto às investigações e depoimentos, aparentando estar abalado, mas era evasivo e evitava o irmão da esposa sempre que possível. Jonas deixou seu emprego de professor de física na faculdade local para se dedicar à condução dos negócios da empresa da esposa.
O Delegado João Fernandes, homem de 50 anos, pele branca, alto, com cerca de 1,80 de altura, cabelos e barba grisalhos, rosto redondo e olhos pequenos, sempre trajando terno e gravata, estava muito atento à situação. Já havia colhido o depoimento de Jonas e seguia trabalhando na investigação, juntamente com sua equipe de policiais civis, Breno Lima e Liane Kaemura. Aguardava o laudo de necrópsia para prosseguir com o inquérito.
Marcos não se conformava com a demora das investigações e acabou contratando o detetive particular Caio Silva, que imediatamente iniciou suas investigações em relação a Jonas e sua rotina.
Enquanto permanecia em seu flat, Marcos percebia que sua vizinha parecia inquieta, andando de um lado para o outro e falando ao telefone a cada 20 minutos, parecendo enviar áudios desesperados.
Marcos foi chamado à delegacia para ter acesso aos depoimentos de Jonas. Este disse estar frequentando sessões de terapia, pois as crises de sua esposa, decorrentes do vício em medicamentos, impactavam negativamente seu bem-estar.
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Atualizado até capítulo 82
Comments
Jucelia Oliveira
coloca fotos deles fica mais interessante estou gostando muito
2023-06-15
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