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Evie Thompson

Estou na tal festa, o local está lotado, mais do que o suportável para mim. Me arrependo por ter concordado de vir com o Aidan, quis agrada-lo e me lasquei. Esse ambiente não é para mim.

Mal chegamos e me perdi dele. É um empurra, empurra danado, em pouco tempo cinco caras me abordaram. Arrumei tantas desculpas para sair de perto deles que sem escolha vim me esconder num dos banheiros.

Respiro aliviada por alguns minutos. Pego meu celular na bolsa, são duas horas da madrugada, minha agonia está apenas começando aqui. Esses eventos vão até o raiar do dia.

Quase choro.

Aidan tem 24 anos sei que é uma idade de aproveitar a vida, o que não entendo é como ele aguenta a confusão desses lugares.

Sempre fui caseira, preferiria estar deitada no sofá assistindo um filme e comendo besteiras, do que nessa muvuca sem freio.

Fecho meus olhos, imagino nós dois deitados juntinhos vendo TV, sorrio, seria perfeito.

Balanço a cabeça, mudo o rumo dos meus pensamentos. Não posso começar a delirar agora, ele ama comparecer nesses eventos. Desde que estou morando com ele, não tem um fim de semana que não saiu, às vezes em outros dias também.

Guardo meu telefone , busco coragem para sair e enfrentar essa baderna. Eu aceitei vir, não foi? Bem feito para mim. Isso é para que eu aprenda a dizer não ao Aidan. Fico encantada pelo jeito doce com que me trata, acabo fazendo tudo o que ele quer.

Assim que cheguei, vi que essa festa tinha tudo para dar errado. Tem gente demais, bebida demais, outras substâncias que não gosto nem de pensar. Odeio esse tipo de ambiente, me sinto uma tola por estar aqui. Preciso me impor mais com o Aidan.

Passo uma água fresca no rosto e refaço a maquiagem. Uma mulher nunca sai sem uma bolsa cheia de tudo que possa por ventura precisar. Sorrio.

Deixo o banheiro, descubro que tudo parece ter piorado. Agora, a maioria estão bêbados, a música foi aumentada de maneira anormal. Quase grito quando um rapaz me enlaça pela cintura, sinto automaticamente uma repulsa. Com grande esforço consigo me afastar.

_ Oi princesa. Qual é o seu nome? _ Pergunta, nos encaramos. Gente, quem chama alguém assim nos dias de hoje? Prendo uma gargalhada, forço meu melhor sorriso. Isso é o que tenho de aguentar por dar ouvidos ao meu péssimo amigo.

_ Olá, sou Evie e você?

_ Charllie. Você é nova no pedaço. Linda desse jeito eu me lembraria se tivesse te visto antes _ continua a dizer próximo ao meu ouvido porque de outra forma, com a altura do som, nem mesmo gritando conseguiria ouvi-lo.

_ Sim, me mudei a pouco tempo para Londres _ sou educada, aprendi cedo que homens não aceitam rejeição, a festa é liberal, ele pode me agarrar a força que duvido alguém fazer alguma coisa. Ainda bem, que não voltou a colocar as mãos em mim. Isso já é lucro.

_ Então, vou te ver mais vezes de hoje em diante. Me passa seu número _ pede sorrindo.

Bom, feio o Charllie não é, uma pena que com certeza não vale nada.

_ Com licença, preciso ir ao banheiro _ digo rápido, nada de trocar telefone com alguém que não pretendo ver novamente.

Ele entende minha manobra, me surpreende porque achei que estivesse tão bêbado quanto a maioria nesse lugar.

_ Claro Evie, nos vemos por aí _ sorri de novo, abre espaço para que eu possa passar.

Não se depender de mim, penso.

Aguento mais uma hora e meia nesse tormento tentando achar Aidan em algum lugar. Estamos numa cobertura no centro, um dos edifícios mais chiques da cidade. Cheio de pessoas como está, meus esforços são mínimos, a única coisa que consigo é esbarrar em todo mundo.

Procuro me distrair olhando o ambiente, o mais luxuoso em que estive na vida. Aidan trabalha numa empresa de software que montou junto com um sócio, sei que ganha muito bem, mas o tanto que gasta em noitadas e festas é um absurdo. Não quero nem saber o quanto pagou por essa. Ele esbanja dinheiro sem pensar no futuro. É meu amigo, tenho um carinho especial por ele, mas, muitas coisas mudaram daquele moleque que conheci. É responsável no trabalho, nunca o vi faltar, é organizado em casa, porém, sua vida pessoal é super desregrada. Vive como se fosse morrer amanhã, um imediatismo enorme.

Pelo que ele gasta já deveria ter o apartamento próprio, mas paga aluguel. Faz academia três vezes por semana, mas não consegue cozinhar uma refeição saudável, só delivery e fast food. Tão controverso esse meu amigo.

Contornando uma mesa que tem vários tipos de bebidas, pego uma taça de champanha. Giro o corpo, encontro uma porta ampla, a atravesso, entro numa outra sala onde estão várias pessoas se pegando. Vixe, o clima aqui está quente.

Meus olhos correm pelo local de pouco iluminação, param quando encontram com os do Aidan. Nos encaramos de um jeito estranho. Não sei identificar o que passa entre a gente.

Ele desvia seus olhos, vejo que está abraçando uma morena de parar o trânsito, um aperto invade meu coração. Espanto essa sensação. Sua companheira usa um vestido vermelho ousado, muitas jóias, seus cabelos pretos, longos e hidratados estão soltos, deve estar usando saltos altos, sua altura quase chega a do Aidan, 1m85cm.

Formam um belo casal, admito.

Vejo o momento em que ele se inclina e a beija, sinto um gosto amargo na boca. Meu coração falha uma batida. Não é um simples beijo, é envolvente, demorado e apaixonado. Não consigo parar de olhar. Os dois se abraçam apertado como se nada mais importasse na vida.

E realmente, o que seria mais importante? Meu amigo é bem de vida e solteiro, tem mesmo é que aproveitar. Penso, mas nem assim, consigo me impedir de sentir certa decepção, tanta que meus olhos se enchem de lágrimas.

Não admito estar me apaixonando por ele. Isso vem claro e fatalmente à minha consciência de uma forma tão intensa que demoro para raciocinar. Isso não pode ter acontecido.

Constato que preciso parar agora com essa confusão emocional. Isso é bobagem, gosto dele como um irmão.

Tentando não levantar suspeitas sobre meu comportamento bizarro, viro meu copo, bebo tudo de uma vez e pego uma taça de vinho que um garçom passa servindo. Um pouco de álcool com certeza vai me ajudar a encontrar meu juizo.

Adivinhei, o vinho é maravilhoso, aos poucos consigo pensar com clareza.

Estou muito carente para pensar que gosto do meu amigo. É isso. Preciso conhecer alguém interessante, começar um relacionamento saudável para minha própria paz de espírito.

Estamos passando muito tempo juntos, é normal que me confunda um pouco, explico á mim mesma.

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Comments

JULIANA

JULIANA

Pq homens amando conseguem ficar com outras 😢

2023-05-13

9

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