Capítulo V

Paolo Benedetti Milani, sentou na mesa do pequeno bistrô, esse é um dos menores restaurante de toda a sua franquia mas é o que ele é mais apaixonado, claro que o que ele ama é seu primogênito, o enorme e luxuoso restaurante cinco estrelas Amore Mio, localizado bem no coração de Spello, mas é ali no bistrô onde ele pode sentar e apenas viajar em seus pensamentos, onde ele pode decidir o cardápio baseado em suas emoções, ali ele pode colocar no menu os pratos que tocaram sua alma em alguma das suas viagens.

Esse é um lugar só dele, onde ele gerencia, onde ele cuida e zela, e claro de sua pequena mandona Antônia, ali é o lugar onde pai e filha podem se conectar e fugir de toda a loucura dos outros estabelecimentos e hoje é um dia desses, onde conseguiu almoçar com sua pequena, brincar por horas na praça que fica próximo ao bistrô e agora ela dorme angelicalmente em um dos sofás próximo a porta sendo vigiada por Agatha, a recepcionista.

Enquanto Antonia dorme, Paolo aproveita para ver o rendimento mensal do restaurante sentado em uma mesa ao fundo do bistrô, com os olhos fitos nos números na tela do notebook, ele descansou o queixo na mão e uma dor aguda o faz lembrar de seu encontro muito estranho pela manhã que lhe resultou em um queixo dolorido.

- Quem diabos é aquela mulher? E porque ela tinha que cair bem em frente ao meu carro? E se passo por cima de uma maluca dessas?

- Falou comigo senhor? - pergunta o garçom que atendia a mesa próxima a Paolo

- Não Frederik\, só estou pensando alto.

Mas o sentimento de curiosidade para saber quem é ela não é o único permeando seu coração, olhar aquele rosto angelical, tocar sua pele macia lhe despertou o desejo de querer tomar aqueles lábios pequenos e carnudos em um longo beijo e se perder naqueles olhos verdes inocentes, ele ainda podia sentir o perfume deixado por ela em sua camisa.

A única vez que sentiu a paixão mais aterradora de sua vida foi por Safira, mãe de Antônia, mas ele era jovem, e seu coração se fechou para qualquer tipo de sentimento depois que ela partiu dando à luz a pequena, “pare Paolo, você é um homem, não um menino para ter esse tipo de sentimento por uma estranha”, dito isso a si em pensamento, mergulhou novamente nos números a sua frente.

O movimento no bistrô aumenta, é um entra e sai de clientes, algumas risadas ou falas mais altas, alguns pequenos desentendimentos, mas nada disso tira a concentração de Paolo, até ele ouvir o nome de Antônia, em um pulo está na porta ao lado de Agatha que com os olhos marejados e uma expressão de pavor diz que não consegue encontrá-la.

Paolo junta todas as suas forças para manter a calma e não gritar como um italiano raiz que é.

- Agatha\, se acalme e me diga o que aconteceu.

- Ela estava dormindo no sofá\, foi questão de segundos que sai daqui\, apenas acompanhei aquele senhor até a mesa - diz apontando para um senhor de idade que estava sentado numa mesa próxima.

- Tem certeza que ela ainda estava dormindo?

- Sim… a pouco tempo ela se mexeu… fui até ela\, o ursinho tinha caído no chão\, coloquei novamente em seus braços… ela abraçou se ajeitou no sofá e voltou a dormir… o senhor sabe que ela tem sono pesado e quando ela acorda ela vem falar comigo - Agatha fala entre soluços visivelmente abalada.