Boa noite, tudo bem?
Eliza entra na sala e já vê o pai de cara amarrada para a filha e o rapaz, Carol estava irritada com a atitude do pai, o rapaz cumprimenta-a sorrindo.
- Boa noite! Elisa tudo bem com você?
- Tudo bem, acabaram de chegar né? O jantar está pronto, esteja convidado!
- Ah não, obrigada! É que fiz um lanche antes de sair do meu trampo! Lá é bom que posso alimentar!
o pai das moças ri e diz - "trampo" e isso quer dizer o quê?
Carol já com muita raiva volta-se para o pai - Ele trabalha pai, trampo significa trabalhar!
-É mesmo? E onde por acaso você faz esse trampo?
Acostumado a esse tipo de rivalidade, o rapaz sorriu e explicou calmo - Trabalho em uma lanchonete, lá no centro. Toda vez que paro em um país, e decido ficar mais dias, procuro um trabalho temporário, pra me manter!
-Tá vendo pai, Mario não é vagabundo como vocês pensam! - voltando para a irmã - Também não vou jantar, já lanchei! Vamos pro meu quarto, estamos organizando tudo, semana que vem partimos pra nossa viagem!
— Vão só vocês dois?
-Não Eliza, vamos em dois casais! E de combi! Pensa que legal, vamos atravessar o Brasil e depois Paraguai...
-Deve ser uma aventura mesmo!
— Você não ia gostar, é muito certinha, gosta de conforto!
Eliza dá uma gargalhada - Nisso tem razão, gosto mesmo de conforto, viajar para mim é descansar, gosto de chegar no lugar e saber onde que vou ficar, e de preferência um lugar confortável, tranquilo, mas acho que vocês estão mais do que certos, é o seu sonho, Carol desde criança ficava sonhando em conhecer o mundo, tem mais que investir nesse sonho!
- Ah, já eu não é a minha primeira vez sabe, cedo quis ser Mochileiro e assim viajei bastante, sendo Mochileiro chego nos lugares procuro algum lugar para ficar, geralmente carrego minha barraquinha procuro um lugar seguro, sempre arrumo também algum trampo para eu poder comer manter-me, aproveito o meu tempo livre para explorar, gosto de explorar, de conhecer culturas diferentes, pessoas, suas histórias como vivem , as pessoas são diferentes, e em cada lugar que passei fiz bons amigos!
vivemos no mesmo planeta mas a impressão que tenho é que cada país é um planetinha diferente!
Mário diz calmo, dava pra perceber que ele era uma pessoa muito tranquila e isso a deixava mais relaxada em relação a irmã, ele era uma boa pessoa. Seu pai do lado com aquele olhar de desdém, não se permitia observar o que o rapaz tinha de bom para contar, um espírito livre sem as prisões das convenções da vida, desprendido! Ela reconhecia, conseguia perceber no semblante desse rapaz a paz que ele emanava!
O pai se levanta do sofá e caminha até eles logo dispara uma pergunta pegando as filhas de surpresa. - E por acaso você tem família rapaz? Porque até agora fico pensando se é solto no mundo, não tem ninguém que se preocupa com você solto pelo mundo afora? Não gostaria de saber que a minha filha passou fome ou frio, vai sem minha permissão, vai por conta dela por mim ficaria aqui faria a faculdade que até hoje ela não fez, trabalha comigo lá no meu escritório, se não nem teria emprego! - aponta para Eliza - Agora, essa daí oh a Elisa é o meu orgulho! Estudou e correu atrás, vai casar com um bom rapaz esforçado, trabalhador, está com a vida arrumada!
-Pai, para com isso! O senhor está sendo grosseiro com a minha irmã e o Mário!
— Pode deixar mana, já estou acostumada, ele faz questão de me chamar de preguiçosa, quer saber capaz é de nem voltar mais pra casa!
O pai dá uma risada de deboche - Você é que sabe, está pensando que é fácil né, viver de deu em deu e não ter responsabilidades? Pagar conta? Porque o celular está aí oh na mão! Haaa você deve usar wi-fi de shopping, lojas porque nem deve ter conta para pagar né, porque não paga para morar, já que mora numa barraca na praça e fica por isso mesmo! E toma banho onde no chafariz da praça?
-O senhor está equivocado, o fato de ter feito essa escolha da forma como viver a minha vida , não me anula enquanto pessoa, tenho sim família, os amo e sou amado por eles, tenho irmãos, mantemos contato o tempo todo, nas minhas rotas sempre passo para visitá-los, quanto a Carol não se preocupe, ela não passará por nenhuma necessidade!
- Por acaso vocês estão namorando? Porque vindo da minha filha, sei que seremos os últimos a saber!
- Paiiii! - Carol está no limite - Pára com esse interrogatório! E sabe porque não gosto de falar da minha vida? Exatamente por isso, o senhor e a mamãe não respeitam o espaço da gente! Chega Mário, cansei dessa conversa, vamos pro meu quarto, lá teremos paz!
- Hoje é que está tudo mudado mesmo, quando uma filha ia falar assim com o pai e ia sair sem ser corrigida, mas na casa dos outros pode até ser assim! Aqui não, essa é a minha casa e a senhorita me deve respeito!
E todos assombrados viram ele levantando a mão dando um tapa no rosto da moça, Eliza fica sem reação, Carol põe a mão no rosto, olha bem nos olhos do pai e diz - Essa é a última vez que faz isso, venha Mário, vou pegar algumas coisas, como ele mesmo disse a casa é dele, então fique com ela, vou embora daqui!
Eliza desespera
-Pai que violência é essa? Carol, por favor não saia assim?
-Ninguém me segura aqui mais, haa apartir de amanhã não trabalho mais no "seu escritório" só quero os meus direitos de funcionária pagamento das férias que nunca tirei e tudo mais, e nisso o senhor sabe que sou boa, em calculo, sei exatamente quanto a sua contabilidade me deve!
A moça pega na mão do rapaz e sai puxando-o escada acima.
A mãe assistia a cena da porta da cozinha, não disse uma palavra, Eliza atônita diz:
- Não esperava isso do senhor! O que está fazendo com a Carol? minha irmã é uma boa pessoa, só quer seguir o seu sonho! Será tão difícil vocês entenderem que temos nossos sonhos, que somos pessoas mesmo sendo filhos? Vou subir também, perdi a fome!
A mãe estava encostada na porta observando, não disse nenhuma palavra, Elisa sai indignada, a mãe seca as mãos no pano de prato, volta para cozinha em silêncio, o seu marido fica parado no mesmo lugar olhando para a porta, decide ir atrás da esposa, para jogar nada cara dela que a culpa era dela, que até para educar as filhas ela era incapaz, já conhecendo o marido assim que ele entra na cozinha já vai logo dizendo -A janta está pronta, come sozinho, ninguém aqui está com fome mais!
Sem dar tempo dele responder, ela sai depressa indo para o quarto do filho, sabia que ele não estava em casa, e se fosse para o seu quarto com certeza João iria até lá e ela sabia bem como tudo acabava! Cansada deita na cama do rapaz e da vazão as lágrimas, sentir-se impotente, vazia....
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Atualizado até capítulo 100
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