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Capítulo 11

O incômodo daquela visão não me abandona, mas faço o possível para ignorá-lo. Me forço a focar no presente — nas risadas das meninas, na presença constante de Ethan ao meu lado.

A loja para onde estávamos indo não demora a aparecer, e assim que entramos, sou envolvida pelo ar-condicionado gelado e pelo cheiro de tecidos novos.

— Certo, vamos às compras! — Jade diz animada, puxando um vestido do cabide. — Esse é a sua cara.

Olho para a peça em suas mãos. É bonito, mas um pouco mais ousado do que estou acostumada a usar.

— Acho que é demais pra mim…

— Discordo. — A voz de Ethan surge próxima ao meu ouvido. Me viro e me deparo com ele me analisando de cima a baixo. — Acho que ficaria incrível em você.

Sinto meu rosto esquentar.

— Eu vou experimentar, então.

— Boa menina. — Ele sorri satisfeito, e meu coração tropeça nos batimentos.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa, Jade me empurra para o provador com algumas peças nas mãos.

— Vai logo antes que eu escolha algo pior!

Reviro os olhos, mas entro. Experimento o vestido e, quando me olho no espelho, fico surpresa. Realmente ficou bom. Talvez bom demais. O tecido se ajusta perfeitamente ao meu corpo, realçando minhas curvas sem parecer exagerado.

Tomo coragem e saio do provador.

O silêncio que se instala me faz parar no meio do caminho.

Ethan está me olhando. Mas não como normalmente olha.

Seus olhos escurecem de um jeito que me faz prender a respiração. Ele inclina a cabeça levemente para o lado, me analisando com um olhar intenso e lento, como se estivesse gravando cada detalhe na memória.

— Uau. — Sarah murmura, quebrando o silêncio.

— Acho que ele gostou. — Jade sussurra, rindo baixinho.

Ethan não diz nada. Apenas caminha até mim, e quando se aproxima o suficiente para que só eu possa ouvir, fala em um tom baixo e rouco:

— Compra esse.

Engulo em seco, incapaz de responder. O jeito que ele está me olhando… Deus, isso não pode ser bom para o meu coração.

Mas então, como se nada tivesse acontecido, ele se afasta e volta a conversar com Eliot.

Jade e Sarah trocam olhares cúmplices, e eu tento ignorar a forma como meu corpo ainda está reagindo à presença de Ethan.

Respirando fundo, volto para o provador, tentando recuperar o fôlego e, principalmente, a sanidade.

Porque, se continuar assim, não sei por quanto tempo mais conseguirei fingir que não estou completamente envolvida por ele.

Depois de comprar as roupas, seguimos para um café próximo. O lugar é aconchegante, com mesas de madeira rústicas e uma iluminação suave que cria uma atmosfera intimista. Pedimos algumas bebidas e nos sentamos em uma mesa grande, com Ethan ao meu lado.

— Então, Anastácia, você sempre foi tão resistente a elogios? — Jade provoca, tomando um gole do seu cappuccino.

— Eu só não estou acostumada… — Murmuro, mexendo no anel em meu dedo, um hábito que sempre tenho quando estou nervosa.

— Bom, precisa se acostumar. — Sarah sorri. — Porque Ethan claramente adora te provocar.

Olho para ele, esperando uma negação, mas tudo que recebo é um sorriso convencido.

— Eu apenas digo a verdade. — Ele se inclina ligeiramente para mim, os olhos fixos nos meus. — Você é linda. Precisa aprender a aceitar isso.

Meu coração dá um salto, e as risadas ao redor parecem sumir por um momento. Tento desviar o olhar, mas ele segura meu queixo com suavidade, me impedindo.

— Acredite, Anastácia.

— Ethan… — Murmuro, sentindo a intensidade do momento crescer entre nós.

Mas antes que algo mais aconteça, Eliot pigarreia alto, fazendo com que eu me afaste rapidamente.

— Certo, certo. Vamos deixar a Anastácia respirar. — Ele brinca, e todos riem.

A conversa continua leve e divertida, e aos poucos consigo relaxar. Porém, a cada vez que Ethan me lança um olhar, sinto um arrepio percorrer minha pele.

Mais tarde, quando estamos saindo do café, sinto um calafrio repentino. Paro no meio do caminho e olho para o outro lado da rua.

Uma mulher está parada ali.

Ela me encara com uma expressão difícil de decifrar. Algo nela me parece familiar, mas antes que eu possa entender o que está acontecendo, um ônibus passa e, quando olho de novo, ela já não está mais lá.

Meu peito aperta.

— Anastácia? — Ethan percebe minha hesitação e toca meu braço levemente. — O que foi?

— Eu… nada. — Forço um sorriso. — Só achei que vi alguém.

Ele me observa por um instante, claramente percebendo que há algo mais, mas não insiste.

Continuamos andando, mas meu coração ainda bate acelerado.

Porque, mesmo sem ter certeza, sinto no fundo da minha alma que aquela mulher…

precisa de mim.

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