...— Fique a vontade, eu vou atrás da Hannah...
...— Tudo bem...
...Ela se senta começando a comer e eu saio indo até o jardim, procurar a Hannah e vejo ela sentada chorando e a Chloe conversando com ela....
...Suspiro e vou até lá...
...— Filha...
...— Eu não quero conversar...
...Ela diz em meio as lágrimas...
...— Por favor filha, eu fico destruído, te vendo assim, não faz isso...
...—Eu quero uma mamãe e adoraria se fosse a Esther...
...Ela diz brava em meio as lágrimas...
...— Filha é coisa de adulto e um dia você vai entender o papai...
...— Não, eu nunca vou te entender...
...Ela chora mais...
...—Quero ficar com a titia...
...Suspiro e quando eu ia falar, Chloe balança a cabeça em negação e simplesmente desisto e vou até o meu quarto, sento-me na cama e choro como um bebê...
...— Deus porque tanto sofrimento? Porque ela insiste tanto nisso?...
...— A mãe dela destruiu-me, eu não posso, não posso envolver-me de novo com alguém... eu, eu suponho que não consigo, tenho medo...
...Deito-me na cama e olho para o teto...
...— Estou tão cansado dessa situação...
...Passo as mãos nos cabelos quando ouço alguém bater na porta...
...— Entra...
...Ouço a porta sendo aberta...
...— Senhor já almoçou?...
...— Não, não tenho fome...
...— Desculpe senhor, mas a senhorita Esther pediu para que eu te traga o almoço...
...Suspiro...
...— Tudo bem, deixe aqui na mesa de cabeceira...
...Ouço ela entrar e andar para perto da cama e escuto o barulho da bandeja sendo colocada em cima da mesa de cabeceira...
...— Obrigado...
...— Não precisa agradecer senhor, com licença...
...Escuto ela caminhar e a porta se fechar, sinto o cheiro da comida e a minha barriga ronca, sento-me na cama e pego a bandeja começando a comer...
..._ Esther _...
...— Mamãe...
...Choro, sobre o seu corpo gelado, sem me importar com o sangue quente que escorre pelo, o piso de madeira...
...— MAMÃE...
...Grito, sentindo o meu coração se despedaçar, o meu peito dói e não consigo respirar. A abraço com força, a perto tentando de alguma forma fazer a dor parar...
...— Mamãe eu não posso viver sem você, por favor mamãe...
...Sinto falta de ar, as lágrimas não têm fim, a dor aumenta e acordo olho ao redor assustada e vejo que estou em um quarto de hospital, ouço uma voz baixa e olho na direção, observo o Vincent sentado numa cadeira perto da cama, ele cumprimenta-me e fico confusa e o pergunto porque de estarmos em um hospital de novo....
...Fico encantada com o seu gesto, com sua preocupação, mas julgo que estou a dar muito trabalho para ele...
...O doutor entra no quarto e não sei se entendi muito bem o que ele disse, eles saem, lembro do sonho que tive e o meu coração aperta...
...— Mamãe espera-me, eu vou te buscar eu prometo...
...Suspiro, depois de alguns minutos o Vincent entra novamente e fomos embora....
...Depois dele deixar-me no quarto, vou até o banheiro, faço a minha higiene e tomo um banho, escolho um vestido marrom acima do joelho com amarração no pescoço....
...Quando penteio os cabelos, escuto uma gritaria e saio do quarto preocupada e dou de cara com uma menina linda e uma mulher dos cabelos pretos muito bonita de mãos dadas com a pequena, as duas param e encaram-me, fico sem jeito, logo o Vincent aparece atrás delas e parece furioso, mas antes que ele falasse a pequena menina o interrompe e parece ficar animada....
...Ela abraça-me e chora, fico muito emocionada, gente isso é muita covardia, agacho-me e retribuo o abraço, a comprimento em português e ela respondeu-me, ela abraça o pai e fala em inglês, mas pelo pouco que eu entendi ela me chama de mãe....
...Ela pega minha mão e me carrega para o quarto dela e começa a falar em inglês, fico meio sem jeito...
...— Pequena, eu não sou boa em inglês...
...Ela olha-me curiosa...
...— Só português?...
...Ela perguntou se sentando do meu lado no chão...
...— Sim...
...— Tudo bem, vamos brincar de bonecas?...
...Concordo e começamos a brincar, foi bastante divertido, ela é muito doce, educada e um pouco carente....
...O Vincent está com uma cara de tristeza, ainda estou um pouco confusa nessa situação toda, ela pede para eu ficar, olho para o Vincent desesperada e ele concorda, ele aproxima-se e explica-lhe a situação....
...É eu realmente estava certa ela estava a me chamar de mãe....
...A conversa não foi nada boa, ela chorou muito e saiu correndo, observo o quão desesperado o Vincent está com esta situação, eu tentei conversar com ele e o abracei o confortando, o meu coração partiu-se, sei o quão é difícil....
...Estou a voltar para sala meio perdida após almoçar e constato o Vincent subir as escadas derrotado, fico preocupada, volto para sala de jantar e vejo uma senhora organizando a mesa, ela aparenta estar entre os 50 ou 55 anos....
...Vou até ela e pergunto se o Vincent almoçou e ela falou que não o viu almoçar, que só viu ele tomar café cedo, pergunto se ela pode levar um pouco de comida para ele e ela fica meio receosa, mas concorda e antes que ela vá eu pergunto onde é a porta de saída, preciso pegar um ar....
...Estou a caminhar pelo, o lindo jardim descalça e aproveitando o sol que está maravilhoso, quando ouço um chorinho de criança olho na direção e vejo ela junto daquela mulher novamente, caminho até elas...
...— Oi...
...Digo um pouco baixo, a mulher olha-me e abre um lindo sorriso...
...— Oi você é muito linda...
...Dou um sorriso, envergonhada...
...— Você também...
...A pequena olha-me, mas fica quietinha e chora baixo, sento-me ao lado dela...
...— Não fica triste assim, o seu pai sofre junto...
...— Se ele sofre porque não me dá uma mãe?...
...— Porque não é fácil mocinha esperta...
...— Tem muita gente malvada e que não gosta de criança e você deveria querer alguém que faça o seu pai feliz e goste muito de criança, para poder cuidar muito bem de você, não acha?...
...Ela limpa as lágrimas...
...— Que ver o seu pai feliz e ser bem cuidada?...
...— Sim...
...Ela diz com um sorriso...
...— Então, é bem difícil achar alguém com essas qualidades, normalmente demora bastante...
...— Mas diz-me, o seu pai não cuida de você direitinho?...
...— Cuida...
...Dou um sorriso...
...— Você deveria ficar bem feliz sabia, você tem um pai incrível...
...Ela parece ficar animada...
...— É verdade, como é seu papai?...
...O sorriso some de meu rosto, as lembranças me invadem e lágrimas cai...
...— Não chora...
...— O meu papai é um pouco malvado...
...Ela abraça-me...
...— Desculpa...
...— Está tudo bem...
...— Agora o que acha de ir até o seu pai e conversar com ele...
...Ela concorda e sai correndo...
...Enxugo as lágrimas vendo-a entrar na casa...
...— Você foi incrível...
...Olho na direção da mulher que me olha com um sorriso...
...— Obrigado...
...— Eu que tenho que agradecer por ajudar-me com a minha sobrinha...
...Fico surpresa e a encaro curiosa...
...— Você é irmã do Vincent?...
...Ela rir...
...— Infelizmente...
...— Nossa, a beleza é de família...
...Ela rir ainda mais e dou um sorriso sem jeito, por pensar alto de mais, ela faz-me algumas perguntas e tento ser curta....
...Eu achei-a gentil, educada e divertida, apesar de parecer um pouco doida....
...Porém, ainda sou insegura de aproximar-me das pessoas e principalmente conversar, eu vi cada categoria de gente nas ruas que tenho pavor e medo só de imaginar....
...Uma vez assisti dois homens quebrar as pernas de um senhor que era bem simpático, só por ele ser negro e morador de rua, eu estava escondida e ouvir e vi eles baterem naquele pobre senhor, que gritava desesperadamente para pararem, chorava alto e eu ouvia a dor, o medo, o pavor e o desespero no seu grito além dos ossos se quebrando....
...Mas eu não pude correr e tentar ajudá-lo, pois também tinha acabo de levar uma surra, não deles, da Pat e o seu grupinho, eu não conseguia falar, pois fiquei rouca de tanto gritar e chorar e estava com tanta dor que nem conseguia mexer-me, eu só podia chorar, enquanto ouvia e via tudo apavorada....
...Suspiro e lágrimas cai e só então escuto a mulher novamente...
...— Esther você está bem? Está a sentir algo?...
...Constato o medo e preocupação no seu rosto e sua voz...
...— Está sim, desculpa...
...Enxugo as lágrimas e levanto-me...
...— Com licença...
...Volto a andar pelo jardim nos meus devaneios...
...— Por que eu estou aqui? Eu deveria está a trabalhar, quero poder sair daqui e ter o meu lugar e ir atrás de minha mãe...
...Eu sei que desde que fui atropelada pelo Vincent ele tem sido gentil, mas ainda acredito ser apenas culpa e preciso ir embora o quanto antes, pois até encantada eu fico com alguns gestos e ações dele....
...Homens não são confiáveis, na verdade, aprendi que o ser humano não é confiável, sei que ainda existem almas boas que ajudam muitas pessoas, mas são muito poucas... Eu sou muito grata, mas não posso ficar aqui...
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 71
Comments
Anonymous
Autora, me desculpe, mas a foto da Esther tá muito bem, por ser uma moradora de rua.
2025-03-30
0
Sirlei Aparecida
é bom ela ficar aí na casa dele
2025-03-16
0
Adriane Alvarenga
Que história linda!!!! Carregada de sofrimentos, mas mesmo na vida real, existem anjos srm asas.
2023-11-18
10