A História Do Meu Primeiro Amor

A História Do Meu Primeiro Amor

Escrever sobre o amor

...Amy Linx

Desde criança que eu leio sobre histórias de amor, das mais variadas, desde as intensas e tristes com finais trágicos como Romeu e Julieta de Shakespeare onde os amantes acabam mortos em suicídio por serem impedidos de viver seu amor por suas famílias serem rivais, ou como as histórias cheias de amor e intrigas como em Senhora de José de Alencar onde os amantes não dão o braço a torcer e passam torturar um ao outro em seu desejo de vingança ou de restaurar a honra até finalmente deixarem tudo de lado e se entregar a esse sentimento.

Enfim eu lia e relia histórias de amor de todas as épocas e países, e tudo me fascinava, ainda criança eu decidi que escreveria histórias de amor, elas seriam recheadas de paixão, sensualidade, intrigas, dores, magia, enfim tudo que compõe o amor. Ou pelo menos o que eu achava que compunha o amor, afinal até então eu não havia me apaixonado por ninguém. E não tinha ideia do que era o amor de fato, só sabia aquilo que tinha nos livros.

Mas enfim, um dia eu iria me apaixonar e aí escreveria histórias que fariam as moças como eu suspirarem e desejarem viver um amor assim, forte, intenso e avassalador. Eu seria a grande escritora Amy Linx, tão conhecida autora de best-sellers como a Jane Austen ou Emily Brontë. Esse era o meu sonho.

Fiz faculdade de Literatura e terminei completamente frustrada, pois eu não tinha nenhum manuscrito pra mostrar, mas todos na Universidade sabiam o quanto eu era boa com a escrita, e foi graças a isso que sem nem procurar, o emprego bateu literalmente na minha porta.

Estava no quarto e sala que aluguei na pensão da senhora Hammer, quando ela bateu raivosa na porta.

— Amy, tem um homem querendo te ver, lá em baixo. — A senhora Hammer era uma boa mulher um pouco rígida com as regras da pensão. Então ter um homem esperando uma moça solteira na sua porta não era algo que ela tolerava.

— Não é o meu irmão senhora Hammer? Ele vai morar comigo como lhe havia dito. — Eu estava a espera do Antony.

O meu irmão mais velho, Antony, decidiu que iríamos morar juntos quando terminei a faculdade, a pensão da senhora Hammer, alugava espaços com uma pequena sala, dois quartos e uma varandinha. Podíamos lavar as roupas na lavanderia da casa central e todos os hóspedes faziam as suas refeições juntos, a senhora Hammer tinha uma cozinheira e as refeições eram inclusas no aluguel.

— Não é ele, se fosse teria me dito não é mesmo? — A senhora Hammer já estava impaciente.

Resolvi não a contrariar e desci para encontrar o tal homem. E para a minha surpresa realmente não era o Antony.

— Bom dia senhorita Linx. — Um senhor sorridente estava parado na porta da pensão. — Sou Max Luís, trabalho para a editora Lovebook. — A Lovebook era a maior editora de livros de romance da cidade. — Um dos seus professores te indicou para a vaga de escritora de prólogo e prefácios, estaria interessada na vaga?

— O quê? — Que estranho, oferecer emprego assim na porta da sua casa.

— Está ou não interessada em trabalhar na Lovebook? — Ele insistiu.

— M-mas é c-claro que estou interessada.

— Ótimo! — Ele abriu um largo sorriso. — Pois se apresente amanhã logo cedo na editora e leve os seus documentos. — Me estendeu a mão e fiz o mesmo. — Seja bem-vinda!

Assim que ele saiu, vi o Antony estacionar o carro e vir em minha direção.

— Quem era? — Perguntou apontando para o sujeito que já estava distante.

— Um funcionário da Lovebook, ele me ofereceu emprego para escrever prólogo e prefácios.

— Ora maninha. Não vou ter que te sustentar. — Respondeu rindo sarcástico.

O Antony brincava sobre me sustentar, mas isso não seria um impecilho pra ele, afinal ele ganhava muito dinheiro. Assim como eu, o Antony era escritor. Ele saiu da faculdade e já partiu para uma grande editora que amou os seus manuscritos sobre suspenses policiais, o Antony tinha uma mente muito criativa e escrevia coisas que deixava todos intrigados e arrepiados, como assassinos em série que deixavam marcas sinistras nos corpos das vítimas, canibais, ladrões de obras de artes, assassinatos sem solução, enfim histórias macabras e investigações policiais intensas marcavam os livros do grande escritor Antony Linx.

— Deixa de ser idiota Antony. — Respondi dando um soquinho no braço dele.

— Ao menos vai escrever alguma coisa. — Falou ainda rindo com sarcasmo.

Eu amo o meu irmão, mas confesso que tem momentos em que tenho vontade de partir a cara dele em duas.

— Imbecil! Anda vamos subir com a sua bagagem.

— Vamos, estou super ansioso pra dar um beijo na boca da senhora Hammer. — Ele disse rindo.

O Tony era bem galanteador, até demais pro meu gosto. Ele gostava de beber e se divertir com mulheres, o que pra mim era uma perca de tempo. Ele era um homem bonito, com uma bela carreira e estava no auge dos seus 32 anos. Ele deveria estar casado, ter filhos, e não estar desperdiçando sua vida com noitadas. Eu queria tanto que ele se apaixonasse por alguém.

— Escuta aqui Tony. — Coloquei o dedo no peito dele. — Essa pensão é muito boa, e já que não quer comprar uma casa, sabe-se lá porque, então comporte-se como um cavalheiro na frente da senhora Hammer. Me entendeu?

— Sim, capitã! — Disse batendo continência, o que me fez revirar os olhos.

— Deveríamos ter uma casa, só nossa. — Tentei argumentar.

— Casas dão trabalho, tem que contratar empregados, e pagar contas, etc. — Resmungou.

Olhei pra ele de cara feia. Eu não via problema em morar na pensão, mas desde perdemos os nossos pais que não tínhamos uma casa só nossa.

Nós crescemos na casa dos tios Anna e Arthur e dos nossos primos insuportáveis. Eu e Antony perdemos os nossos pais quando ainda éramos muito pequenos.

A tia Anna era uma mulher amargurada, o casamento com o tio Arthur havia sido arranjado pelos nossos avós, eles nunca se amaram e a tia odiava o universo por causa disso. Eu acho que ela nem amava os filhos, ela os via como um fardo, uma responsabilidade a mais, imagina como ela ficou quando soube que teria mais duas crianças pra cuidar, acho que ela nos odiava por isso. Não havia nenhum amor na vida dela.

O tio Arthur também era bastante amargurado, a vida dele foi muito sofrida, mas ele tinha amor pelos filhos, os tratava bem, e tentou nos tratar da mesma maneira, acho que ele nos amou do jeito estranho dele.

Enfim, a nossa infância foi difícil. Então eu e Antony encontramos refugio nos livros, eu nos romances e ele nos casos policiais e livros de suspense e terror.

O Antony foi pra faculdade antes de mim, foram os piores 7 anos da minha vida. Eu ficava escondida pra não ser perturbada pela tia ou pelos meus primos mal amados. O que me acalentava eram os livros e as cartas emocionantes do Antony, sobre as suas aventuras na faculdade. Então tudo mudou quando finalmente chegou a minha vez de partir e começar a minha nova vida na cidade grande. Me mudei para um dormitório no campus da Universidade, tudo era diferente e divertido, mas ainda assim eu sentia muito a falta do meu irmão, e de uma lar só nosso.

— Escuta maninha, já que você quer tanto uma casa, eu prometo que vamos comprar uma, assim que eu terminar o meu livro. Combinado? — Ele estendeu as mãos pra mim, e apertei a mão dele selando o acordo. — Bom, mais o importante é que estamos juntos outra vez. E esse é o nosso novo lar.

Eu sorri e abracei o meu irmão. Estava super feliz, eu tinha um emprego, ia realmente escrever algo, e ainda tinha o meu irmão comigo outra vez, por mais que me importunasse, era ótimo ter ele por perto. A vida começava a entrar nos eixos, agora eu poderia começar a ser feliz.

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