Reencontros

Ao despertar, novamente me deparo com a figura de Jacinto, que vigiava meu descanso.

- Que bom caro amigo, você já despertou!

- Sim Jacinto, me sinto melhor, contudo não consigo deixar de pensar em minha família, a saudade de minha família, meu Deus... passei 10 anos adormecido.. Como queria vê-los! Disse Eduardo.

- Calma meu amigo, primeiro você precisa se cuidar, venha, você fará alguns exames, irei lhe acompanhar. Diz Jacinto.

- Sim.

- Com licença Dr! podemos entrar?

- Oh.. Amigo Jacinto! Eduardo! entrem!

- Então meu rapaz! Como está se sentindo hoje?

- Bem Dr Martinho, estou me sentindo bem, sinto um alívio, uma sensação de paz..

- Bem isso porque você se libertou dos laços que lhe prendiam ao seu espírito obsessor que lhe sugava as forças e lhe transmitia uma energia negativa.

- Como o Senhor sabe?

- Jacinto me contou..

- Bem vou deixa-los a sós, irei preparar outras tarefas. com licença. se despede Jacinto.

- Sim caro amigo.

- Então Eduardo, você embora tenha se libertado de um obssessor, não quer dizer que tenha se libertado do vício.

- Como assim doutor?

- Os espíritos obssessores não fazem senão farejar nossas fraquezas, do mesmo modo que a prática do bem, atrai os bons espíritos em nosso socorro, a prática do mau, atrai aqueles que sentem afinidade com os maus costumes.

- Acho que começo a entender, eu devo tirar do pensamento as coisas ruins, esquecer meus vícios...

- Sim, você compreendeu rápido! entender tudo isso é o primeiro passo, mas lembre-se, o conhecimento ele nos liberta, mas também nos condena, pois quando você erra por ignorância, é diferente de você errar tendo ciência das consequências de suas atitudes.

- Me diga Dr Martinho, quando poderei ver minha família?

- Quando chegar o momento correto, oportuno, irei leva-lo até lá.

- Mas quando? eu preciso rever elas pelo menos uma última vez!

Dr Martinho fica em silêncio, mas após alguns segundos calado, ele diz.

-Quanto tempo Você permaneceu casado com sua esposa?

- Cerca de 10 anos Dr.

- Sua filha tinha que idade quando você retornou à espiritualidade?

- 4 anos .

- Você teve 10 anos para dizer a sua esposa o quanto amava ela, foram 10 anos para demonstrar carinho, respeito e afeto, 4 anos para brincar com sua filha, leva-la na escola, ler um livro para ela... mas você preferiu as noitadas, o jogo, as bebidas...

- Dr eu me arrependo muito mesmo, como eu gostaria de poder voltar atrás...

- Mas infelizmente o tempo não volta, e por um motivo...para Não vivermos presos ao passado.

Continua Dr Martinho:

- Filho aproveite a oportunidade, se tudo correr bem, caso você se esforce, você terá sua chance de rever sua família.

- Sim Dr.

Derrepente alguém bate a porta, era Jacinto..

-Com licença Dr, está tudo pronto..

- Vamos meu filho... tem uma surpresa lhe aguardando...

Nos retiramos da sala do Dr, e fomos em direção ao Jardim do hospital.

- Eduardo,.aguarde aqui, tem uma pessoa que deseja ver você. disse Jacinto.

- Me ver? ora e quem mais poderia ser?

- Ora ! Não lembra do seu velho pai? Disse aquela voz que me trouxe toda uma série de lembrança..

- Pai? Disse com minha voz trêmula, e os olhos embargados em lágrimas...

Sim era meu velho Pai, meus pais haviam falecido quando eu ainda era pequeno, por volta dos 10 anos de idade, meu pai foi um grande homem, me ensinou muitas coisas boas, me deu amor , conselhos, eu que com o decorrer da vida, me desviei destes conselhos.

- Pai! É o Senhor? Eu ....

- Não diga nada meu filho, apenas me abrace...

Eu caiu de joelhos no chão e começo a Chorar copiosamente, senti muita vergonha, por ter sido o oposto da criação que ele me deu.

Eu era filho adotivo, ele e minha mãe, haviam me dado bastante amor, nunca me trataram diferente, como eu queria lhes encher de orgulho!

Meu pai chega até perto de mim, e diz:

- Meu filho, sei que a vida não foi fácil, faltou a Você controle, disciplina, mas estamos aqui.

- Sim meu filho... seu pai e sua mãe , estão aqui para lhe dar todo o amor, e todo o carinho para que você possa recomeçar...

- Mamãe!..

Sim, minha mãe estava ali, os dois se ajoelharam, me abraçaram... meu coração irradiava felicidade com aquele encontro.

- Dr podemos levar nosso filho? perguntou minha mãe.

- Sim senhora Cândida, daqui em diante, irei deixar ele aos seus cuidados, afinal o amor, é o mais poderoso remédio para curar a alma.

- Eduardo , por agora vamos nos separar por um tempo, sempre que possível irei visitar você, minha missão com você está completa. Disse Jacinto.

- Os laços de sangue, se encerram com o desaparecimento do corpo físico, mas os laços de amor, estes ligam o espírito. você e seus pais, tem muito a conversar, a matar a saudade, nos veremos , até mais velho amigo.

Aquela despedida de Jacinto era a de um amigo que por toda uma existência esteve ali ao meu lado, lutou ao meu lado, esteve sempre ali, orientando, apoiando.

- Até mais querido amigo, muito obrigado por tudo. Disse eu.

Ele então ele me cumprimentou e seguiu para o hospital.

- Vamos Filho, você vai conosco para casa, sua mãe fez aquele bolo de cenoura que você adora. Disse meu pai.

- Vamos Filho, chegar em casa você descansa um pouco. Disse mamãe.

Embora minha preocupação, minha saudade de minha filha, e minha esposa fossem grandes, estava profundamente feliz com aquele reencontro, Quando meus pais morreram, foi muito difícil para mim, aquela saudade que sentia deles, de suas conversas..

- Pai, Mãe.. tenho tanta coisa para falar.. para perguntar...

- Calma meu filho, você terá todo o tempo para conversar, iremos ajudar você, Deus foi muito bom, em nos deixar receber você em nossa casa, nosso filho querido.

- Vamos Filho, entre no carro, vamos para casa.

Minha curiosidade era sem tamanho agora, como estávamos em uma dimensão espiritual, e havia hospitais, carros, e outra, meu paí sabia dirigir agora?

- Calma querido, vamos ter tempo de explicar tudo que você precise saber... Disse minha mãe.

Após alguns minutos chegamos até a casa de meus pais, uma pacata casinha, paredes azuis, um pequeno jardim cheio de flores na frente, pássaros voando...

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