Sangue do mesmo sangue

Dara Shaw

Vinte é oito anos depois e uma dor assola em meu peito é a mesma daquele tarde, em que meu filho foi arrancado do meus braços como se eu fosse um animal. Eu nunca pude ver ele crescer, seus primeiros passos, suas primeiras palavras, seu primeiro dia de aula, eu nunca pude me aproximar já que os responsáveis pela minha dor haviam me ameaçado, é levado meu menino para longe dali. Já não carregava comigo uma simples dor, era um ódio que eu havia adquirido com um tempo, uma vontade de me vingar por todo mal que ele me causou, seu nome Scott Barr, é seu pai, que sem piedade arrancaram o meu menino dos meus braços.

Estou na minha casa, onde morava com minha tia, que havia partido há alguns anos, é como única parente herdei a casa, de onde nunca sai, aguardando que um dia ele fosse entrar por aquela porta, me pedindo perdão é devolvendo meu filho aos meu colo, mas isso nunca aconteceu. Depois disso, me vi amargurada, guardei ódio, rancor, meu coração nunca foi capaz de aceitar mais ninguém, tive que pouco a pouco aprender a conviver essa dor, esse medo, de que alguém viesse é tirasse o que restou de mim, meu pedaço de amor que sobrou daquela dia que deixou apenas solidão em meu peito, mas que me fez prometer que algum dia eu o encontraria...

Sentada em frente a tv, vejo o noticiário que interrompe meus pensamentos com um rosto que eu nunca fui capaz de esquecer Scott, me ajoelho em lágrimas em frente a tv. - Meu filho, como você está lindo... - Diz passando a mão na tela da tv, é admirando a pessoa que seu filho que lhe foi roubado de seus braços, havia se tornando. - Meu pequeno que segurei em meus braços apenas uma única vez, meu pedacinho de mim, como eu queria tanto poder te abraçar, segura-lo, em meus braços é dizer toda verdade.

Mia: Oi madrinha, o que foi ? Por que está chorando?

Dara: Oi Mia, não foi nada. - Fala secando as lágrimas é desligando a tv.

Mia: Mas está ajoelhada é chorando, aconteceu alguma coisa com o Lev..

Dara: Não, não. Tá tudo bem!

A Mia é uma menina que foi abandonada na comunidade, então a peguei para criar, antes que caísse em mãos erradas. Hoje com 20 anos, ela se tornou uma boa moça, sonhadora, sempre disposto a me ajudar com minha lutas, mas nunca desistindo dos seus poucos objetivos, já que por ali a vida não era nada fácil, é nem lhe dava muitas escolhas.

Mia: Viu o noticiário? - Diz caminhando até a cozinha, onde se serve de bolachas em um pote. Dara: Não o que tem? - Pergunta assustada.

Mia: Parecem que colocaram um novo capitão no departamento, ele parece ser tão arrogante, nojento! Aquele tipo que sai atirando é depois pergunta quem é?

Dara: É eu não o vi! - Balança a cabeça se fazendo de desentendida, é tentando disfarçar, sua preocupação.

Mia: Estão dizendo por aí, que ele vai acabar com a criminalidade aqui! Eu sinceramente eu não acredito! Mas tenho medo pelo...

Dara: Não diga bobagens. - Interrompe ela. - Mia, essa lugar está abandonado, é desde que ... - Me calo em pensar na hipótese do que eu mais temia acontecer, o passado é o presente se encontrarem.

Mia: Madrinha o que foi? Desde de o que ?

Dara: Nada, Mia! Nada! Tenho que sair, tenho que resolver uma coisa! - Sai correndo pegando sua bolsa.

Mia: Mas... Eu, deixa pra lá.

Dara

O que eu mais temia estava acontecendo, o que tentei esconder por anos, podia vim ha tona a qualquer momento, ou poderia gerar uma grande guerra, ou até mesmo acabar em morte. Eu tinha que de alguma maneira tentar impedir que uma tragédia caísse sobre mim, me levando para a morte, já que não suportaria tal hipótese de pensamentos que se passavam em minha mente, uma guerra de sangue do mesmo sangue.