Emma- O senhor já enfrentou muitas situações difíceis... por isso, às vezes parece tão distante. — Faço uma pausa, observando o modo como ele abaixa ligeiramente os olhos.
Emma- Porque tem medo de se machucar.
Ele permanece em silêncio. O ar parece mais denso agora. Ele inspira profundamente, como se algo dentro dele estivesse sendo remexido.
Emma- Eu não o julgo...
Emma- Porque eu também sou assim.
Thomas olha para baixo, os olhos fixos em um ponto qualquer da mesa. Sua voz sai baixa, embargada.
Thomas- Já vivi muitas coisas... E com o tempo, fui me tornando isso. — Ergue os olhos e completa, com a voz falhando:
Thomas- Alguém que as pessoas desprezam… e temem.
Meu coração aperta ao ouvir isso.
Emma- Eu não sinto medo do senhor.
Ele me encara. É um olhar intenso, silencioso. Como se estivesse esperando algo. Algo que talvez nem ele saiba o que é.
Thomas- Para ser sincero… nunca senti vontade de namorar ninguém.
Franzo a testa, surpresa, mas me interrompo antes de concluir o pensamento.
Emma- O senhor nunca...?
Ele me observa atentamente.
Thomas- Nunca o quê?
Emma- Ah… deixa pra lá.
Thomas- Deve estar me achando um idiota.
Olho nos olhos dele. Por alguma razão, meu coração dispara. Sinto vontade de... beijá-lo. A tensão no ar é quase insuportável.
Emma- Não estou... O senhor é diferente.
Thomas- Espero que seja um tipo de “diferente” bom?
Ele sorri, e aquele sorriso me desarma.
Emma- Com certeza. A garota por quem o senhor se apaixonar… vai ser muito sortuda.
Thomas- Você acha mesmo?
Ficamos nos encarando. O ar parece parar. Ele morde levemente o lábio inferior. Um arrepio me percorre dos pés à nuca. Preciso quebrar o momento antes que faça algo impulsivo.
Emma- Acho que… é hora de dormir. Amanhã temos que acordar cedo.
Thomas- Você está certa.
Emma- O senhor pode ir na frente. Eu vou lavar os pratos.
Thomas- Não, não precisa. Deixe isso comigo.
Emma- Não se preocupe, senhor. Eu cuido disso. Pode ir descansar.
Ao me virar para pegar os pratos, sinto sua mão firme segurar meu braço. Paro, surpresa.
Thomas- Já disse que não precisa, Emma.
Ficamos assim. Perto demais. Calados. O toque dele é quente. Meu braço formiga.
Emma- Como desejar, senhor. — Me afasto lentamente, sentindo seu toque se desfazer no meu braço.
Levo os pratos até a pia. Sinto o peso do olhar dele nas minhas costas. Depois de alguns segundos, escuto passos se afastando.
Thomas- Boa noite.
Viro ligeiramente o rosto e vejo seu semblante... tenso.
Emma- Boa noite. Durma bem, senhor Thomas.
Ele hesita mais um segundo antes de desaparecer pelo corredor. Fico ali, parada. Respiro fundo.
Emma- O que foi tudo isso...? Havia algo no ar... algo que...
Subo para o quarto. Ao deitar, fico olhando para o teto, perdida em pensamentos.
Emma- É difícil acreditar que o senhor Thomas nunca se envolveu com ninguém.
Emma- Isso parece impossível...
Emma- No meu caso, até seria compreensível. Mas ele...? Rico. Bonito. Misterioso.
Emma- Com certeza… tem algum problema escondido. — Fecho os olhos.
Emma- Ou talvez… ele só esteja esperando alguém.
---
Algumas horas depois...
Meu celular vibra insistentemente. É madrugada. Olho o visor com os olhos semicerrados.
Emma- Droga... odeio acordar cedo.
Me arrasto para fora da cama e vou até o banheiro. Ligo a torneira, mas nada. Tento o chuveiro. Nada.
Emma- Sério isso? Estou na casa do homem mais rico da cidade... e não tem água? Isso é piada, né?
Tento respirar fundo para não explodir. Talvez o outro banheiro tenha água.
Pego a toalha, a escova de dentes, e minhas roupas. Abro a porta do quarto com cuidado. O corredor está escuro como breu.
Ligo a lanterna do celular e caminho silenciosamente.
Emma- Não posso fazer barulho…
Abro a porta do outro quarto, devagar. Uma luz acesa me surpreende.
O quarto estava com a luz acesa, mas vazio. Olhei ao redor, intrigada. Talvez alguém tivesse esquecido acesa. De repente, escutei passos atrás de mim, firmes, lentos. Virei-me rapidamente, com o coração disparando.
Emma- Senhor Thomas!!!
Viro-me de supetão. Meu coração quase sai pela boca.
Minha voz saiu quase num grito. Levei a mão ao peito, sentindo o susto estremecer meu corpo.
Ele estava parado à porta. Seu cabelo molhado pingava lentamente. O peito largo e úmido subia e descia com a respiração calma, e — para meu completo desespero — ele vestia apenas uma toalha enrolada na cintura.
Fiquei estática. Meu rosto queimava. Não conseguia desviar os olhos.
Thomas- Emma...? O que está fazendo aqui?
Tentei responder, mas minha boca secou. Olhei para cima, para o teto, para o chão... para qualquer lugar que não fosse aquele abdômen definido brilhando sob a luz.
Emma- E-eu... o banheiro do meu quarto não está funcionando... eu só... achei que talvez aqui tivesse água...
Ele deu um passo à frente, ainda me olhando com uma expressão meio sonolenta, meio intrigada.
Thomas- Você entrou sem bater?
Emma- Eu pensei que o quarto estivesse vazio! A luz estava acesa... mas... eu não sabia que o senhor...
Engoli em seco. Não conseguia me concentrar. A toalha parecia perigosamente frouxa.
Thomas- Está vermelha... Emma, você está bem?
Emma- O senhor está... sem roupa!
Thomas- Estou de toalha. Tecnicamente, isso ainda conta como estar vestido.
Fecho os olhos por um segundo, tentando me recompor. Viro-me, ainda evitando o olhar dele.
Thomas- Pode ir tomar seu banho... tem água no banheiro agora.
Eu continuei imóvel, de costas para ele, tentando manter a compostura. Meus dedos apertavam o tecido da toalha nas mãos, e minha respiração estava entrecortada.
Emma- O senhor... não precisa de mais nada?
Silêncio. O tipo de silêncio que faz o coração martelar mais alto que qualquer som.
Thomas- Ainda preciso de algo...? — A pausa se arrastou, tensa. — Não... estou bem.
Ouvi o som dos passos dele se aproximando. Cada passo parecia ecoar dentro de mim. Por um momento, prendi o ar sem perceber.
Ele passou por mim devagar, deixando um rastro de perfume amadeirado e fresco. A toalha ainda presa, o cabelo molhado gotejando no chão, desenhando pequenas marcas que desapareceriam rápido demais — diferente da imagem que ele deixava em minha mente.
Thomas- Bom... irei sair agora.
Não me atrevi a olhar para trás, mas senti o calor dele se afastando. Assim que a porta se fechou, soltei o ar em um suspiro quase desesperado.
Emma- Que loucura...
Meu coração batia descompassado, como se tivesse corrido uma maratona. Caminhei até o banheiro ainda envolta na tensão daquele momento.
Ao entrar, senti o vapor úmido que ainda pairava no ar. O cheiro do sabonete dele ainda estava presente, delicado, familiar agora. O box do chuveiro estava molhado, e gotas escorriam lentamente pelo vidro. Tirei minhas roupas com cuidado e prendi o cabelo no alto, como se aquele gesto pudesse me proteger de pensamentos perigosos.
Girei o registro e senti a água fria despencar com força sobre minhas costas.
Emma- Ai... muito gelado...
Fechei os olhos, tentando esfriar não apenas o corpo, mas o turbilhão na minha mente. A água escorria, mas não levava embora a sensação da pele em alerta, do olhar dele preso em mim mesmo sem palavras.
Depois de alguns segundos, desliguei o chuveiro, sentindo o corpo ainda trêmulo. Peguei a toalha, enrolei-me com pressa e fui até a pia.
Escovei os dentes diante do espelho, tentando evitar meu próprio reflexo. Mas era impossível não notar minhas bochechas ruborizadas, o olhar mais profundo, como se algo tivesse sido acordado dentro de mim.
Emma- Você precisa se acalmar...
...
• Thomas
Caminho apressado até o meu quarto, fecho a porta com um estalo seco e me encosto nela por alguns segundos, tentando recuperar o fôlego. Minha respiração estava descompassada, o coração disparado.
Thomas- O que foi aquilo?
Sinto meu corpo se contorcer em inquietação. Caminho de um lado para o outro no quarto, como se o movimento pudesse acalmar esse desejo crescente que me atormenta.
Thomas- Estou nervoso... é isso. Só isso. Só pode ser isso...
Passo a mão pelo cabelo ainda úmido, tentando organizar os pensamentos que giram em torno de uma única coisa: Emma.
Thomas- Por isso esse desejo incontrolável...
Olho para baixo, percebo o volume evidente sob a toalha e fecho os olhos por um instante, frustrado.
Thomas- Será que ela notou?
Respiro fundo, a mandíbula travada, e caminho até o espelho. Encaro minha própria imagem como se esperasse encontrar uma explicação racional para tudo aquilo.
Thomas- Espero que não... — digo, sem muita convicção.
Meus dedos tocam levemente o peitoril da janela, e encaro o céu escuro, ainda vestígios da madrugada.
Thomas- Por que ela tinha que aparecer justamente naquele momento?
Fecho a mão em punho contra a parede, tentando conter o ímpeto de gritar, ou rir de mim mesmo, ou... voltar correndo até ela.
Thomas- Parece ter o dom de me deixar desse jeito.
Minha mente insiste em recriar a cena. O olhar dela, a surpresa, o rubor nas bochechas. Por pouco... por tão pouco...
Thomas- Por pouco não a abracei por trás...
Me viro rapidamente, sacudindo a cabeça como se pudesse expulsar aquela imagem.
Thomas- Se tivesse feito isso... ela pediria demissão imediatamente. E com razão.
Respiro fundo outra vez, e passo as mãos no rosto. Sinto o tempo me pressionar. Olho para o relógio.
Thomas- Droga. Precisava de outro banho... mas não tenho mais tempo.
Abro o guarda-roupa, o coração ainda batendo forte. Escolho peças como se cada uma pudesse me devolver o controle.
Thomas- Camisa branca. Gravata azul. Sapatos italianos. Isso. Discrição, compostura, normalidade.
Começo a me vestir com movimentos contidos, tentando ignorar o corpo ainda quente demais para tão cedo.
Enquanto fecho os botões da camisa, olho para o espelho mais uma vez.
Thomas- Ela me viu quase nu... e ainda assim conseguiu me desmontar com um olhar tímido.
Pego o relógio no criado-mudo, coloco no pulso e respiro fundo mais uma vez.
Thomas- Preciso manter o controle... Eu sou o chefe dela. Nada pode — ou deve — acontecer.
...
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Atualizado até capítulo 42
Comments
daniely aparecida
jesus
quando eu acho que agora vai
não vai kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
2025-05-09
0
Anjos Anjos
Q capítulo emm😉
2024-06-14
2