Noah Mais Gentil.

Depois de descobrir que Noah e aquela mulher são apenas amigos de infância, estranhamente me senti melhor. Eu não deveria me sentir assim.

Hoje poderei visitar a minha mãe no hospital na parte da manhã, nem acredito que consegui esse milagre. Não quero ficar longe dela.

Mas minha vida anda tão agitada, conciliar o trabalho, minha mãe no hospital e minha falsa vida de casada com o Noah, está muito difícil para mim.

E recentemente voltei a receber ligações do meu ex. Ele conseguiu outro número para me infernizar e estou tentando manter a calma.

Tomo meu banho e me arrumo, dou uma volta pela casa, mas não encontro o Noah em lugar nenhum.

Como não tenho muito tempo para esperar, porque ainda tenho que trabalhar ainda hoje, deixo apenas uma mensagem para ele no celular e vou para o hospital ver minha mãe.

Ao chegar lá me aproximo da porta e escuto ela conversando animada com a enfermeira, contando coisas de quando eu era criança... Eu acabo ficando ali ouvindo mais um pouco e rindo;

— Mas estou falando a verdade! Eu estava preparando o bolo de aniversário dela, ela tinha 6 anos e queria me ajudar. Eu estava com tudo sobre o balcão da cozinha, a massa que tinha batido, o recheio... Já estava com tudo pronto. A Massa ainda estava crua, é que gosto de fazer os recheios logo para eles irem esfriando, quando o bolo já estiver pronto é só esfria-lo e confeitar. Mas foi só o tempo de ir atender o telefone, era a avó dela por parte de pai me ligando avisando que iria se atrasar porque o carro tinha dado problema na rua. Eu falei que estava tudo bem. Que ainda estava preparando algumas coisas, quando voltei para a cozinha a menina estava branca de massa. Não se via cabelo, não se via nada... Somente massa e ela estava sentada no chão chorando. Coloquei ela na banheira. Depois que terminei de dar o banho dela, porque aquela altura a massa que tinha feito não iria ficar pronta há tempo de todos chegarem para o aniversário dela. Peguei a Moana e a levei para a primeira confeitaria que vi pela frente e comprei um bolo pronto. — A enfermeira gentil diz;

— Meu Deus, a minha filha fez algo parecido, mas com uma sopa russa que eu tinha feito para agradar os avós dela. Os pais do meu marido são russos, menina aquela sopa deu maior trabalho! Você não tem noção do trabalho que deu fazer aquelas sopa. Eu deixei a sopa no balcão da cozinha e disse para ela não mexer, a sopa não estava quente, graças a Deus. Mas estava morna, porque até onde meu marido disse, os pais dele gostavam da sopa fria. Ela estava esfriando em cima do balcão, fui até a porta somente para atender os meus sogros, quando voltei a menina estava da cor da sopa e era uma sopa que tinha beterraba. Eu fiquei maluca, porque não tinha mais jantar para servir e já estava na hora do jantar.

— Essas crianças... Nos deixam loucas. Mas não vivemos sem elas. Eu amo a minha filha, Moana, mais que qualquer coisa no mundo.

— Eu também te amo mãe, mais que qualquer coisa no mundo! — Ela me olha surpresa e eu digo;

— Não deveria contar para as pessoas o que aconteceu comigo quando era pequena. É constrangedor, agora sou uma adulta, como as pessoas vão me olhar depois de descobrir que eu vesti massa de bolo crua como roupa?

— Você estava linda na tendência baunilha, minha filha!

— Vou deixá-las sozinha para conversarem. Volto daqui a pouco com o remédio. — Diz a enfermeira enquanto sai do quarto.

— Vejo que já fez amigas por aqui... Estou feliz que tem pessoas para conversar. Sei que não estou te dando a atenção que deveria ou cuidando como deveria.

— Ei, meu Amor. Olhe onde estou? Minha filha, sei que não está tendo muito tempo para vir aqui, mas sei que é por estar aqui que você está fazendo o seu melhor... Sei que é por mim.

— Estão te alimentando bem? E os remédios são mesmo bom? Já marcaram a cirurgia?

— Meus exames chegaram e o médico descobriu que estou com anemia passada, então uma cirurgia agora não seria algo bom para mim. Então, eles estão tratando essa anemia com uma alimentação reforçada cheia de ferro de vitaminas e minerais e outras medicações que vão ajudar também. Minha filha, estou realmente sendo bem tratada aqui! Não fico sozinha um minuto se quer. Quando essa enfermeira que saiu não está aqui a outra está. E às vezes ficam as duas e converso bastante. Elas adoram ouvir minhas histórias e me contam as delas também. A outra ruivinha iria se separar do marido achando que ele tinha outra, aconselhei ela a seguir ele e você não vai acreditar no que ele estava fazendo... Ele não sabia dançar e estava tendo aulas de dança para poder dançar com ela no casamento da irmã dela.

— Mãe, fico muito feliz que está indo tudo bem, ao mesmo tempo me angustia essa anemia. Se a senhora precisar de qualquer coisa e só pedir que falo com o Noah.

— Moana, seja sincera comigo! Qual é a relação que você tem com esse senhor?

— Mãe... É... Nossa, mãe... Nós somos apenas.... — Sou interrompida por Noah, que entra com um presente em mãos e diz;

— Senhora Reese, como está? Espero que bem! Eu trouxe esse presente para a senhora, na verdade é do chefe da Moana. Esse presente vem com um desejo de melhoras.

— Nossa... Obrigada! Você é muito gentil e obrigada pela visita. — Olho para minha filha que parece sem jeito e o homem gentil diz;

— Fico feliz! Moana, precisamos ir! Você esqueceu daquela reunião importante?

Vejo que ele só quer me ajudar e vou na onda...

— Você tem razão, havia esquecido. Acho melhor irmos logo! Tchau mãe, volto assim que puder.

Dou um beijo em minha mãe e Noah e eu saímos de lá quase que correndo. Passamos o dia trabalhando e para minha agonia Alef, arrumou outra propaganda publicitária que quer atingir um público assertivo.

É uma propaganda de uma biblioteca enorme que vai ter uma Starbucks dentro... Logo penso;

— "Terá que ser algo que envolva cafés e leituras. Sem aquele lance maçante e repetitivo."

Eu odeio o que o Alef faz comigo. Ele sempre rouba o que faço na cara de pau e leva os créditos de tudo. Noah e eu chegamos em casa há duas horas, ele está no escritório e eu no quarto.

Coloquei meu fone de ouvido e uma música alta. Me ajuda a pensar quando estou com dúvidas... E nesse momento estou com muitas.

Nunca tive um bloqueio, não como o de agora. Mas acho que se eu mudar a cor desse painel aqui, vai destacar essas letras aqui.

— Droga! Essa merda não casou bem com a frente do lugar. Essa propaganda precisa ser perfeita, o que estou fazendo de errado?

Pergunto para mim mesma pensando estar sozinha no quarto, mas Noah tira meu fone e diz;

— Quer um conselho? Não use esses tons gritantes que está usando, mude para alguns mais neutros. E naquele letreiro grande use algo neon, no pequeno também. Mas não use cores gritantes! Tire esse cachorro do canto da imagem, ele não combina com o que está propondo.

Ao mesmo tempo que fala ele me entrega uma xícara de café e seus olhos ainda estão na tela. Eu pego a xícara de café e olho para a tela de novo, mas agora com outra visão de tudo e ele está certo.

Somente agora que percebi que estou trabalhando nisso há horas e já são 3 horas da manhã. Prestando atenção nos detalhes que Noah está me mostrando na tela fiquei muito inspirada de repente e comecei a modificar tudo.

Fiquei muito feliz e animada com o resultado, esse plano ficou ainda melhor do que havia imaginado, não acredito que ficou tão bom.

— Noah, você me ajudou muito! Nossa, olhe para isso agora? Você tem noção do quão bom isso está agora?

— "Vejo Moana animada dando pulinhos e apontando para a tela." — Esse esforço é seu Moana, só dei algumas dicas e você melhorou em 100% o que eu disse. Você é... — Sou interrompido por ela que me abraça empolgada e ao virar para me dar um beijo no rosto me dá um nos lábios.

Acabo beijando o Noah, isso não estava em meus planos, mas aconteceu. Ele segura meu rosto puxando para o dele cada vez mais.

— "O que está acontecendo comigo?"

Preciso parar esse desastre. Não posso me envolver emocionalmente com alguém que está procurando por outra pessoa.

Me afasto depois do meu corpo querer o dele cada vez mais. E saio correndo dali pensando;

— "O que deu em você, Moana? Quer o seu coração partido mais uma vez? Como pode ser tão burra?"

Ao chegar na sala me sento no sofá e tento controlar minhas emoções.

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