Capítulo 5 Maria Júlia

Eu só quero abrir um buraco e me jogar dentro dele, eu não acredito que depois de seis anos, nos encontraríamos novamente, ainda mais aqui, com ele sendo o meu chefe direto.

Eu estava nos últimos três meses da faculdade quando nos conhecemos, ele sempre foi alto, com os seus 1,95m, seus olhos cor de mel chamam a atenção na sua pele preta, porém não tem mais aquele brilho de quando estávamos juntos. Sua postura imponente, seu olhar frio, me mostra como ele amadureceu e se transformou.

Nós ficamos juntos por três meses, não posso negar como eu fui feliz, ele me tratava com uma rainha, nós viajamos juntos, curtimos, mas ele nunca avançava o sinal, apesar dos nossos beijos incendiarem, ele sempre me respeitou.

Quando eu não aguentava mais, eu me joguei para cima dele e aí eu percebi quão nervoso ele estava, eu perguntei se ele era virgem e a sua resposta foi positiva.

Somente naquele momento eu perguntei a sua idade, ele me disse que tinha acabado de completar 18 anos. Eu não podia continuar com ele, eu não podia ser a sua primeira mulher, eu não seria capaz de levar adiante, então eu não poderia fazer isso para deixá-lo mais para frente.

Afinal eu tinha 23 anos, cinco anos mais velha que ele, o menino cheirava a leite ninho, ele tinha muito o que viver, ele precisava viver tudo dentro da sua idade.

Foi tão difícil colocar um ponto final, mas era preciso, eu não ia querer privá-lo de nada, mas também não estava pronta para me relacionar com um menino, sim ele era um menino. Lembro até hoje das lágrimas banhando o seu rosto, ele tentou me fazer voltar atrás, mas eu estava decidida. Dias depois eu soube que ele tinha ido embora estudar fora.

Eu sofri, chorei, mas era tarde, no fundo eu sabia que era o melhor a ser feito. Depois dele eu nunca mais quis saber de relacionamento sério, eu saio fico, tenho relação sexual, mas nunca passa disso, digo que sou uma solteira convicta.

Assim que o Octávio termina a sua fala, enquanto uns fazem fila para falar com ele, eu pareço um foguete saindo da sala de reuniões, preciso respirar, eu não fiquei imune a sua presença. Seu olhar intenso sobre mim, me tirou do eixo.

Foco no trabalho, pois tenho muita coisa para colocar em ordem.

— Alô.

Digo ao atender o telefone.

— Majú, vamos almoçar?

— Nossa Val, nem tinha visto o horário. Me dê cinco minutos que já chego na recepção.

— Até já.

Pego as minhas coisas, corro em direção ao elevador.

— Segura por favor.

Digo ofegante.

Paraliso na porta ao ver o Octávio. Ele dá um leve sorriso maroto.

— Vamos senhorita.

Entro, ficando apenas nós dois, inalo o seu perfume, este cheiro tem o poder de mexer com todas as células do meu corpo.

— Sabia que é falta se educação não cumprimentar o seu chefe?

Ele não está fazendo isso comigo.

Sou salva quando vejo a moça do RH entrar no elevador. Ela sorriu tanto que fui capaz de contar todos os seus dentes.

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