Acordei assustada, olhando para os lados para me certificar de que estava realmente sozinha.Eu não tinha o costume de ter sonhos tão realistas e aquilo me deixou chocada.
Havia chegado o dia da festa na cidade, finalmente e eu estava ansiosa para sair da nossa fazenda.Como eu estudava em casa e ajudava meus pais, eu praticamente não tinha acesso a cidade e isso me deixava triste, às vezes eu me perguntava quando eu poderia ter minha liberdade.
_Ainda está deitada?Se levante e se arrume.Seu pai já está com pressa para sair, sabe como ele é fanático pelo prefeito._Disse minha mãe, fechando a porta novamente.
Meu pai realmente tinha um respeito enorme pelo prefeito da cidade, acho que no fundo, ele tinha a vaga esperança de que um dia conseguiria um cargo importante ou algum tipo de presente grandioso dele.Mas o prefeito era um homem de negócios e como todo homem de negócios, ele só pensava no dinheiro e no que era conveniente para ele.Eu sabia disso.
Coloquei o meu melhor vestido que estava guardando especialmente para aquela ocasião e prendi meus cabelos, deixando que meu rosto ficasse destacado na maquiagem leve.
Quando saí do quarto, meus pais me olharam como se eu fosse uma aberração, mas tentei ignorar e me dirigi até o seu velho carro que iria nos levar até o centro da cidade.
_Maria Antônia, se comporte e fique perto de mim, hoje irei apresentá-la ao prefeito._Meu pai disse, sem me dar a chance de algum tipo de resposta.
_Certo, papai._Assenti e observei pela janela, notando que tínhamos acabado de chegar até o início de onde começava a festa.
A multidão já havia se formado, então era impossível continuar dirigindo, então meu pai logo estacionou e continuamos o trajeto andando pelo meio do povo.
A festa anual da cidade era muito animada, as pessoas festejavam e bebiam entre si como se nunca houvessem feito nada disso antes.Eu achava engraçado o modo que meus pais agiam, pois pareciam dois turistas no meio de todos.Meu pai permanecia sério todo o tempo, procurando o prefeito com os olhos como se esse fosse seu único foco.
E minha mãe andava de cabeça baixa como se não fosse permitida interagir com ninguém.
Eu era uma pessoa diferente deles e talvez por esse motivo eles me ignorassem tanto.
O Prefeito estava cercado de seguranças e com sua família, provavelmente.Havia uma mulher ao seu lado que parecia ser sua esposa e ela nos olhava enquanto nós chegávamos mais perto.
_Senhor Prefeito, será que posso ter um minuto?_Meu pai perguntou com uma simpatia que era quase impossível vê-lo usar com alguém.
O homem o olhou, tentando reconhecê-lo e quando me viu, por algum motivo que eu não soube qual, ele logo sorriu de volta e chamou meu pai para que se aproximasse.
_Como vai, Manoel?Como anda a fazenda?_ele perguntou.
_Estamos indo muito bem, Sr. prefeito, a colheita está cada vez melhor._Meu pai deu uma pausa, me arrastando para o seu lado_Essa aqui é a minha filha, Maria Antônia.
_Nossa, aquela menina já está desse tamanho todo?_ele riu e sua mulher compartilhou um sorriso, me observando._Quantos anos tem, Maria Antônia?
_Dezenove._respondi, séria, ainda sem entender o motivo de toda aquela cerimônia.
_Será que posso conversar com você em particular, Manoel?_perguntou o prefeito, depois de dar uma olhada para sua esposa que assentiu com a cabeça.Meu pai logo concordou, eufórico, enquanto os dois iam para outro lugar conversar.
Olhei para minha mãe que continuava séria e me ignorava completamente e comecei a desconfiar de toda aquela situação.
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