Capítulo 5 - Reflexo
Já na metade do caminho para casa um garoto aparece gritando logo atrás, era o seu melhor amigo que vinha correndo já pronto para lhe dar um empurrão quando Sam desvia rapidamente.
— Sammy, porque você nunca me espera! Ingrata!
— Você é muito enrolado, Lucas.
— E você é muito avoada, aí melhora essa cara — ele disse bufando.
— Não posso, estou deprimida.
— Agora me conta uma novidade?!
— Uma garota nova, todas a amam, mais eu não gosto dela.
— Isso se chama inveja...
Antes de completar a frase Sam volta a bolsa escolar preta na cabeça do amigo.
— Ai! Cacete, doeu! — Lucas coloca a mão na cabeça se fazendo de ferido.
— Nem pense em dizer isso. Ela é esquisita. Não para de falar. E é tão alegre. E intrometida, ela age como se todos estivessem aos seus pés.
— E não estão? Você disse que todas amam ela.
— Cala a boca! Você é mesmo meu amigo!? — Sam explode.
— Ai, eu tô brincando, credo! Mas você não gosta dela só porque ela é popular e se dá bem com todo mundo?! Quem ela é?
— Eu, não sei muito sobre ela. — Samantha parecia se acalmar e pensar um pouco.
— Hm, e por isso a odeia. Faz sentido. Eu acho que você gosta dela.
— O quê? Nem sonhe! — Samantha faz largos sinais de negativo com os braços, como se tentasse convencer a si própria que não poderia estar gostando daquela garota.
— Ué se não é inveja é ciúmes queriada! Alguma coisa essa irresistível garota tem.
— Ela... Tem carisma. Admito.
— Ai, está vendo? Você está se revelando. — ele balançava os cabelos azuis.
— O que quer dizer?
— Que você se sente atraída por ela também, igual a todos, só que já sabe que a competição é forte então vem o ciúmes...
— Não é isso! Eu já falei que não gosto dela! — Sam bufou alto.
— Amore.... Então porque estamos falando dela há quase 10 minutos? — o garoto arqueia a sobrancelha para o alto olhando Samantha satisfeito.
Sam ficou pensativa e se esquivou das perguntas do amigo, já na sua casa ela tomou banho, ignorou as tentativas desesperadas de atenção de sua irmã menor e se deitou na cama com uma expressão rígida.
— Ciúmes? Não pode ser. Talvez seja porque ela me lembra como eu costumava ser. Tão estúpida e superficial. Com certeza já deve ter ficado com muita gente da escola, ela não liga, não está nem aí para ninguém já que parece ser do tipo que não se apega as pessoas. Sempre com uma frase engraçada e cativante na ponta da língua, não se importa em quem vai machucar nessa brincadeira infantil.
Samantha fechou os olhos e sua mente vagou para o passado, em uma época que ela era uma pessoa um pouco diferente.
[Flashback on]
O dia estava ensolarado. Samantha e Emilly estão jogando no Playstation 2 enquanto conversavam, elas estavam em um tapete fofo enorme que ficava na sala, com vários pacotes de salgadinhos, bolachas e uma garrafa de coca cola.
— Encontrei com a Ingrid ontem, o que você acha dela? — Emilly fala.
— Hm, Ingrid? Ah! Aquela garota alta, gostei dela!
— Sam! — Emilly riu — Sim, ela mesma. Sabia que ela se assumiu bi?
— Lembro que ela disse algo a respeito sim, olha ai do seu lado pega ele! — Sam dá um grito, ela estava focada no jogo.
— Eu estava pensando... Porque não abrimos nossa relação e convidamos ela?
— O quê? — Sam para de jogar e olha para Emilly. — Está falando de ter um relacionamento aberto?
— Sim, Sam! Pensa comigo, a gente tem 13, certo? É óbvio que não vamos nos casar, ter uma casa e um cachorro, ninguém fica com a primeira namorada. Mas se tivermos um relacionamento aberto vamos ganhar experiência, e quando entrarmos no colegial onde será tudo pra valer vamos ser as melhores em tudo!
— Pra valer? Eu levo o nosso namoro a sério, você não?
— Sam, qual é? É claro que eu levo a sério, você é minha melhor amiga e estamos namorando sério, mas eu falo para ganharmos experiências, ficando com outras pessoas vamos ampliar nossos gostos e habilidades.
Samantha parecia pensar, fazia algum sentido.
— Tudo bem, mas não quero um relacionamento aberto, porque não chamamos apenas a Ingrid e fechamos?
— Um trisal? — Emilly sorri — Tudo bem, vou conversar com ela.
Samantha já conseguia prever que esse momento chegaria, ela não se importava muito, afinal Emilly era o tipo de pessoa que você gostaria de seguir, ela tinha uma liderança natural que atraia a atenção e cativava em minutos. Se o dia estivesse tedioso, com certeza Emilly inventaria uma brincadeira super engraçada, em um grupo ela facilmente liderava as conversas, a energia dela atraia a todos e quando se dava conta já tinha um bando de seguidores atrás dela só esperando as ordens de Emilly, era certamente uma garota muito esperta que sabia o que queria.
[Flashback off]
— Talvez se aquilo não tivesse acontecido.... Naquele dia chuvoso... Penso que hoje eu seria exatamente como garotas igual Isabella, seriamos as melhores em tudo como Emilly costumava dizer... Que bobagem, éramos realmente... Muito imaturas.
Pessoas assim... Me assustam até hoje.
Dizem que quando não gostamos de alguém sem ter nenhuma aparente explicação, é porque essa pessoa é muito parecida conosco, é como olhar para o seu próprio reflexo. E não gostamos simplesmente porque não gostamos de nós mesmos... isso deve ser a mais pura verdade.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 14
Comments
Diva
É bem assim.
Principalmente para líderes natos.
É como se você tivesse a si mesmo como rival.
Mas, sempre que um baixa a guarda, dá para sobreviver. kkkkkkkk
2022-10-29
2
Mika Nakashi
Eu conheci uma ''Emilly'' ela tinha 14 anos e vivia nesses relacionamentos abertos, a escola inteira conhecia ela kkkkkkk mas essa vai ser bem mais ''comportada'' e eu mudei a idade pra lembrar do filme "Aos Treze"
2022-10-29
2
amando!! tá polêmico,adoro kkkkkk
2022-10-29
1