A maioria das pessoas, dos moradores do morro cassange, são felizes aqui e alguns se consideram de classe média
Alice- O que há de bom em viver em uma favela? “ha pessoas que prefere ser rico entre os pobres do que pobre entre os ricos”, diz sobre um agente comunitário Félix,
E mesmo que chovesse dinheiro? “Não saia daqui não.iria pra onde? Um milhão trabalha e consegue ”, diz sobre o que outro senhor diria, um homem de meia idade que no final do dia ,se reúne com os amigos embaixo de uma árvore para jogar dominó, Thiago olha para mim e diz :
Por que nem a juventude quer sair desse morro? “Eu falo para os meus amigos que o morro do Cassange está parecendo Las Vegas. É sério. Você vem aqui, pode vir três horas da madrugada e vai ver um monte de gente na rua. Aqui não dorme”, explica o que o motoboy Lopes Lupo, sempre fala
Não dorme, não para e não aceita mais ser rotulada. “Ah, morar na favela aquela pessoa pobre. Não. Ele não me sente assim”, afirma sobre outro , de vinte e dois anos.
Diego e Júnior moram no morro do Cassange em São Paulo. Júlio e Andre, na Vila dos Reis , no Rio de Janeiro Mas poderia ser o Buraco da pedra , no morro Santana, em Porto Alegre, onde mora Jonas
“Tudo o que eles tem, tudo o que conseguiram aqui nesse morro eles agradece ao Cassange ”, explica o comerciante Carlo
Ou o Alto do são judas , em Casa Rosa, no Recife, onde vivem Carla e Marcone. “Nunca tiveram uma bicicleta na minha vida. foram ter a tal bicicleta com mais de vinte anos. E foi ele mesmo que comprou. Com a filha dele. Lembro o quanto ele ficou feliz com isso”, conta o Thiago
Tanto é diferente que os onze milhões de moradores das favelas do Brasil não se veem mais como antigamente.
Vamos considerar uma divisão de classes dessa maneira: classe alta, classe média alta,
classe média, classe média baixa e classe baixa.
A maioria dos moradores daqui e de todas as favelas desse Brasil se consideram como classe média
“No Cassange muitos compraram suas casas, no que somos diferentes, existo para garantir que tudo aqui, continue sendo o que todos são, pessoas iguais a todo mundo .
As mulheres que trabalham para o sustento da família , tento dar apoio no que precisar, garanto a segurança e não cobro nada por isso, é minha obrigação, não podemos ficar esperando por um governo que nos esqueceu.
Me preocupo com cada um dessa comunidade em especial com as mulheres sozinhas que trabalham para que seus filhos não se percam nesse mundo cheio de encruzilhadas, nós cuidamos de nossas crianças.
Muitos acreditam que no morro só tem violência,drogas , homens armados , não,aqui temos milhares de milhares de pessoas comuns que levantam cedo para trabalhar
É o que acontece com Andre e Lisa. O casal têm dois restaurantes aqui para atender a uma clientela generosa.
“Ele quer comer bem, quer beber, quer se vestir bem, quer gastar mesmo, afirma Lisa e
Andre quer turbinar o cardápio com o que há de bom e melhor. Mas é Lisa quem tem a chave do cofre.
O casal vive em um beco do morro . Por fora nem parece, mas o pão durismo de Lisa rendeu a eles uma casa bem equipada. “A casa é dividida em dois andares, dois cômodos, onde dormem ela, seu marido e o bebê. E embaixo é outro cômodo, onde fica os utensílios,como máquina, fogão, geladeira”,
Casas são assim as mais comuns nas favelas do Brasil inteiro. Em Porto Alegre, o problema é o que fica do lado de fora. O cano de água potável não é da companhia de abastecimento. É um arranjo . Foram os moradores que fizeram. O mesmo acontece com a eletricidade. Tudo é arranjo. A companhia de energia não chega na comunidade. Mas a penúria e a escassez ficam do portão para fora. Aqui em todo os morros espalhados pelo país,você consegue ver com clareza o contraste entre a ausência do Estado e a presença forte das pessoas e das famílias.
Tudo tinindo de novo. Em cada cômodo, o mesmo capricho. Mas como manter o que as pessoas compram funcionando direito?
As donas de casa muitas vezes ficam dias sem água, as vezes vêm da companhia de abastecimento, “Agora que está vindo. De dia não tem água e de noite não tem luz”, não posso permitir , temos crianças que precisam de cuidados,idosos ,doentes , Hoje eram duas horas da manhã e não tinha água”, eu passo noites sem dormir, não posso permitir tomar meu banho e saber que as pessoas lá embaixo estão sem água.
Alice, a cada palavra que ouvia de Thiago,se sentia mais ligada a ele , jamais em sua vida podereis imaginar que existisse um homem tão nobre num lugar desses e na condição dele
Thiago,olha para ela , percebe que os pensamentos dela estão distantes, pensa em não falar mais, levanta e vai se afastando, Alice ,toca em seu braco e pede , por favor,eu quero ouvir tudo , senta aqui.
Thiago, precisa falar, contar para ela a verdadeira face do morro , uma parte que ninguém conta.
Alice, me fala sobre o lazer aqui.
Thiago- o pessoal vai levando. Diversão de moleque, claro, é mandar a bola na gaveta. Campinho de chão batido, com o estádio da copa ao fundo, normal, paisagem de favela. Mas quem imaginaria um barraco com piscina no alto do morro?
“Foi uma briga pra trazer por cima das casas a piscina. Mas tá aí”,A molecada se diverte e não precisa nem sair daqui da comunidade tem os vizinhos que vão para a praia , outros não as pessoas estão saindo cada vez menos das favelas para se divertir.
Muitos pensam que ficando perto de casa, não vão gastar muito dinheiro, se sentem mais seguros aqui do que fora.
Os homens se reúnem com os amigos em um esquenta com dança e videogame. Depois, lá pela meia-noite, vão para a rua, aqui no morro do Cassange, onde tudo acontece, a maior diversão de um morador de favela é ir a uma festa dentro da comunidade: quarenta e cinco por cento deles fazem isso todo mês; o resto do pessoal, fazem churrasco uma vez por semana dentro daqui do morro.
Quase não se vê ninguém na escuridão das ruas e dos becos , mas é justamente no começo da noite de domingo, que o pessoal começa a se preparar para se divertir. Só que isso acontece dentro das casas.
Churrasquinho na laje é uma instituição.
O comerciante de bebidas recebe pessoas todo domingo.
Fernandes é um especialista em diversão no morro. “Diversão é encontrar pessoas, é encontrar o outro, é se identificar, é vivenciar coisas bacanas, é criar amizade, é agregar os amigos à tua vida”.
Claro que interrompe esse encontro, às vezes, a tensão gerada pela violência, como no tiroteio que houve no morro ao lado na madrugada de domingo .
Como dois mundos convivendo lado a lado, no da diversão não se vê sequer uma única briga.
Fernandes organiza um pagode que lota a rua e logo vira funk. “O morro do Cassange é, e sempre vai ser, uma grande mistura. Sem funk e sem pagode, nenhum evento é bom o suficiente. Não existe um evento no cassange, que não tenha essa mistura ”, ele explica.
Na favela, o funk começa desde criança. É febre entre a criançada. Mas, com dezesseis por cento da preferência, não é o estilo musical mais ouvido na favela. O pagode, com trinta por cento está em primeiro lugar.
Mesmo no Sul do Brasil, onde festa boa tem samba e carne no fogo. “Aqui a gente tem a tradição do swing, da dança, que é muito difundido no estado do Rio Grande do Sul. O pessoal às vezes desconhece, que gaúcho não sabe sambar, e gaúcho tem a tradição do churrasco aliado ao samba”, diz Thiago .
Mas qualquer que seja a diversão, ela é sempre comunitária. Os moradores recebem amigos, parentes ou vizinhos todos os meses.
Aqui,“Acabou seu açúcar, acabou teu café, tu chega na varanda e grita para o vizinho: me dá aí, me dá uma xícara disso, me dá uma xícara daquilo. É você, às vezes, interferir no estresse da casa do outro e conseguir apaziguar, isso você não encontra num condomínio. Essa intimidade, esse valor de estar junto, esse carinho com o outro, você só encontra em comunidade”, destaca Thiago.
Alice, Há uma clara percepção de que isso não acontece quando se desce o morro.
Thiago,é isso faz como não me sentir dono desse lugar , quero estar aqui perto dessas pessoas, não me importo com o que eu tenha que fazer.
Thiago “a maioria das pessoas que saíram do Cassange , a maioria, isso eu digo nesses 30 anos que eu estou aqui, voltaram. Se fosse tão ruim, por que voltaram?”, Thiago.
Os moradores dos morros brasileiros afirmam que são felizes.
“Estar feliz consigo mesmo é você chegar num patamar muito grande como pessoa”, garante Thiago .
“A simplicidade te torna feliz”, afirma Thiago.
Alice, você é simples?
Thiago, tento garantir que minha comunidade seja e sinta que podem confiar em mim, sim eu sou.
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Atualizado até capítulo 39
Comments
Solange Coutinho
Ansiosa
2023-10-20
1
fofissima
Tiago é maravilhoso
2022-10-22
0