Ouvindo aquilo, Yeda teve vontade de sorrir, mas não o fez, porque o homem a sua frente estava com uma expressão séria indicando que não se tratava de uma piada, após um breve silêncio, Yeda logo começou a falar:
- Eu acabei de sair de um relacionamento conturbado, não estou a fim de casar-me de novo- Ela falou tentando se esquivar desse absurdo.
Ela falou sinceramente, mas o homem sorriu levemente e logo respondeu:
- É um casamento de faixada, na verdade você seria uma funcionária, o senhor Medeiros sofreu um acidente e perdeu a visão, mas não quer perder a presidência do grupo Medeiros, então a sua função seria basicamente ler e debater novos projetos e se o presidente gostar aí ele assina.
Depois pensar por alguns minutos, Yeda perguntou:
- Qual a duração do contrato?-Perguntou ela já cogitando em aceitar.
-5 anos
Vendo a confusão estampada no rosto da mulher, Rui falou novamente:
- Nesse tempo vocês serão marido e mulher somente no papel, perante a imprensa e a família Medeiros, mas dentro da mansão cada um terá o seu próprio quarto, a senhora terá que cumprir carga horária de trabalho, não precisa consumar o casamento, mas se quiser pode- Ele falou as últimas palavras e deixou escapar um sorriso zombeteiro, Yeda não viu graça nenhuma e logo falou:
— Quer dizer que se eu aceitar, em 5 anos a dívida está paga?
— Totalmente paga.
— E quais são os termos do contrato?
Ouvindo essa pergunta, Rui se ajeitou no cadeira, pegou uns papéis na maleta e entregou a Yeda, um pouco nervosa, e ela nem sabia porquê, logo começou a ler.
Regras;
*A contratada deve respeitar o espaço do contratante, nunca entre no quarto sem bater na porta.
*A contratada deve mostrar carinho para com o contratante sempre que ambos estiverem na presença de terceiros, principalmente integrantes da família Medeiros.
*A contratada deve ser fiel e de confiança, pois terá a oportunidade de destruir ou fazer crescer determinadas empresas apenas com uma assinatura no lugar certo.
*Nunca tire o óculos do contratante.
*Após a assinatura do contrato não há nenhuma possibilidade de cancelamento.
Após terminar de ler aquela baboseira, Yeda deu um sorriso de deboche e logo falou:
— Agora eu entendi, ele precisa se casar para não perder o cargo, acertei?
O semblante de Rui mudou drasticamente, agora ele está um pouco pálido, Yeda acertou em cheio, Lincon já tem 35 anos e não possuía planos de se casar, mas o seu pai o ameaçou deserda-lo e afastá-lo da empresa caso ele não arrumasse uma mulher e constituísse família, mas Lincon não quer isso, por isso optou por um contrato, ambos saem ganhando, pelo menos era isso que ele precisava, uma troca de favores.
Yeda ouviu cada palavra dita como muita atenção, o prazo é longo Yeda sabe, mas se ela abdicou de uma família para viver um amor que não era recíproco ela pode fazer isso agora, já que ela tinha certeza do amor que a irmã sentia por ela, “eu vou honrar a tua promessa minha querida”, ela pensou enquanto estendeu a mão para selar o acordo.
Yeda- Feito!
Após deixar tudo acertado, Yeda e Rui começaram a conversar sobre o contrato, a cada segundo Yeda tem ainda mais certeza que acabou de cair num precipício, e o pior, de cabeça para baixo, dificultando assim uma saída.
Durante a conversar, Yeda buscou saber de fato qual será a sua função naquela casa, pelo que entendeu, ela terá que ajudar Lincon a se locomover e fingir amor frente a terceiros, após perguntar muitas coisas fora do comum, Yeda pigarreou algumas vezes e logo perguntou:
— Ele é arrogante? Seja sincero.
O homem abriu um largo sorriso e disse:
Rui- Não, pelo contrário ele é bastante educado e tem uma paciência de cozinhar pedra. Mas por que a pergunta?
— Nada, é só porque eu odeio velhos arrogantes de nariz em pé, que bom que ele é um senhorzinho boa praça.
Enquanto ouvia aquilo, Rui começou a suar frio, o seu rosto estava levemente pálido, pois somente agora ele lembrou que no seu terno há uma escuta e nesse momento Lincon está ouvindo tudo, “eu só espero que essa mulher não me leve para a forca “, ele pensou enquanto esboçava um sorriso falso.
Notando o desconforto estampado no rosto de Rui, Yeda sorriu levemente e logo falou:
— Desculpe se estou a ser indelicada, eu tenho essa mania de falar tudo o que penso, qualquer dia desses eu acabo indo presa kkk.
O sorriso de Yeda cativou Rui, um pouco mais calmo, ele voltou para o assunto principal.
— Tudo bem, agora leia o contrato e se estiver tudo certo à senhora pode assinar agora.
Yeda nada falou, após uma breve leitura ela assinou o documento, no seu peito havia um pouco de tristeza, ela acabou de pegar para si uma dívida muito grande, mas Yeda está feliz pois conhecia muito bem a irmã que tinha, íntegra e honesta, mas se envolveu com pessoas erradas e se viciou em jogos” você não deve mais nada, agora é comigo”, Yeda pensou enquanto assinava aquele papel.
Após trocar contatos, Rui saiu deixando Yeda sozinha naquele lugar praticamente vazio, sentada numa poltrona analisando as consequências do que acabara de fazer, ela se assustou quando ouviu o ranger da porta, era o seu pai com um semblante complicado.
Após se acomodar na cadeia, Frederico respirou fundo e logo começou a falar:
— É verdade o que o Rui acabou de falar-me? Você casou-se com o senhor Medeiros?-Perguntou ele com uma voz carregada de reprovação.
— É o que diz aquele documento.Ela falou calmamente enquanto apontava para a cópia do contrato de casamento que está sob a mesa, Frederico engoliu em seco e falou entre os dentes:
— Como você pôde fazer uma besteira dessa? A Yana já morreu e com ela foi também as suas dívidas- Vociferou o mais velho já com o rosto vermelho de raiva.
Totalmente sem paciência, Yeda respirou fundo várias vezes tentando manter a calma, no entanto, foi inútil e já com os olhos lacrimejando ela começou a falar:
— Eu aceito julgamento de qualquer pessoa que não conhecia a minha irmã, do senhor eu não quero ouvir uma única palavra-Ela falou firmemente.
Vendo que o seu pai estava completamente perdido com aquele comportamento rebelde da filha, Yeda logo começou a relembrar o passado:
— Nós tínhamos apenas 10 anos, naquele dia nós esquecemos o dinheiro do lanche e não tomámos o café da manhã, a nossa colega de classe, a Ana, pagou comida para gente, mas aquele dinheiro era de pagar o ônibus de volta para casa, por morarmos em direções diferentes e também por orgulho, Ana omitiu esse fato e voltou a pé, foi atropelada e morreu, por quase um ano Yana chorava todas as noites, ela acreditava que nós fomos as culpadas, pois não cumprimos a nossa palavra.
Muito emocionado e um pouco confusa, Frederico encarou a filha e disse:
Frederico- Mas o que uma coisa tem a ver com a outra?
— Tudo, o senhor pode ter esquecido, mas eu não esqueci. Naquele dia, Yana ligou para o senhor e pediu dinheiro e só depois de ouvir da sua boca que mandaria alguém deixar o dinheiro na escola foi que nós aceitamos o dinheiro da Ana, eu presenciei a agonia da Yana por não ter pago o dinheiro da Ana, pois isso eu sei que a irmã ia querer que alguém pagassem essa conta, e é isso que eu estou a fazer, com licença.
Após terminar de falar Yeda saiu batendo a porta atrás de si, já Frederico sentia dificuldade até mesmo para respirar, ele achou que era um bom pai, sempre se esforçou para dar tudo de bom e do melhor para os seus filhos, mas nesse longo caminho que trilhou, Frederico acabou se esquecendo do principal, dar amor e atenção.
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Atualizado até capítulo 59
Comments
Elza Teodoro
tem pessoas que acham porque tem dinheiro é dono do mundo
2024-09-08
3
Celia Chagas
Sim só pensar em dinheiro depois vem as consequências 😢😢
2024-07-31
13
Anonymous
O amor acima de tudo😔
2024-04-29
3