Louise andava o mais rápido que podia. Estava escuro e a rua estava deserta. Tinha medo que aquele homem nojento pudesse ir atrás dela e da irmã.
Chegando na frente do portão da casa da amiga, ela ajuda sua irmã pequena a pular o muro baixo que dava pra varanda, e ela faz o mesmo. Já na varanda da amiga, na parte do jardim, Louise pega seu telefone para ligar pra Kamilla.
O bairro em que moravam era literalmente dividido. Na rua onde Louise morava, as pessoas eram mais carentes. A rua não era bonita e as casas eram muito pequenas. Normalmente, naquela rua ficavam usuários de drogas também. Já a rua da casa de Kamilla era totalmente diferente. Apesar de ser a rua transversal a dela, era uma rua de casas muito bonitas.
As pessoas costumavam falar que era a rua dos ricos. As casas não eram de luxo. Mas, eram grandes e bonitas. Algumas tinham jardim e até mesmo área para piscina e churrasqueira. A casa de Kamilla era uma dessas.
Depois de muito insistir em ligar, Kamilla atende o telefone
LIGAÇÃO ON
Kamilla_ Alô?
Ela fala com a voz embargada
Louise_ Amiga, sou eu. Eu preciso de ajuda
Kamilla_ Louise?? O que está acontecendo? Por que está me ligando essa hora?
Louise_ Eu estou no seu jardim. Por favor, abre a porta pra mim, amiga.
Louise sem aguentar mais a pressão, começa a chorar desolada
Kamilla_ Eu já estou indo. Fica quietinha ai
LIGAÇÃO OFF
Kamilla desliga o telefone e desce nas pontas dos pés para receber a amiga. Quando a vê de pijama e com a irmã no colo. Ela fica muito preocupada
Kamilla_ Amiga, entra.. Só, por favor, não faz barulho.. Você sabe como meu pai é chato
Ela fala sussurrando
Louise concorda e entra junto com sua irmã, indo direto para o quarto de Kamilla.
Quando chega no quarto, ela da seu telefone e fone de ouvido pra irmã, e a menina deita no colchão que Kamilla havia separado pras duas. Então, Louise senta na cama da amiga e elas começam a conversar
Kamilla_ Amiga, o que aconteceu com vocês?
Louise_ Ah amiga..
Louise começa a chorar
Louise_ A minha mãe, como sempre. Mas, dessa vez ela passou dos limites.
Kamilla_ O que ela faz agora?
Louise_ Ela estava com um dos caras que ela transa. Eu fui beber água, e ele veio atrás de mim. Ele me tocou. Tentou abusar de mim
Kamilla_ Meu Deus, amiga.. Você não pode mais aguentar isso calada. Você precisa contar pra ela. Não é possível que ela não vai acreditar em você
Louise_ Ah ta. Você não a conhece, Milla. Mas, eu não deixei barato. Peguei uma faca e cravei na mão do filho da puta. Mas ele surtou. Acordou minha mãe e ela me colocou pra fora. Mandou eu ir embora, senão ela iria me matar
Louise_ Eu falei o que ele fez, mas adivinha? Ela não acreditou em mim. Ela disse que eu estava tentando competir com ela. Olha isso, amiga... Como vou querer competir esse tipo de coisa
Kamilla_ Ai amiga... Eu não sei nem o que dizer. Mas, você fez bem em sair de lá
Louise_ Sim. Mas, acontece que agora eu estou ferrada. Não tenho um emprego. Não consegui estudar. Já era pra eu está me formando no ensino médio. Quem vai me contratar? E sem trabalho, como vou ter um lugar pra morar? Pra sustentar eu e minha irmã?
Kamilla_ Amiga, não se preocupa. Eu vou falar com meu pai e você pode ficar aqui até encontrar alguma coisa pra você. E amanhã mesmo podemos matricular você em alguma escola aqui perto. Você pode fazer alguma prova, ou entrar em uma turma de supletivo, não sei. Vamos dar um jeito
Louise_ Mas amiga, seu pai nunca iria permitir isso. Você sempre disse que ele é muito reservado, ele é sozinho para cuidar de você. Não precisa de mais duas meninas que não são nada dele para cuidar também. E, convenhamos que minha família não é nada reservada, pelo contrário
Kamilla_ Fica tranquila, amiga. Meu pai não vai acreditar nesses boatos. Agora, vamos dormir.
Kamilla deita na cama, e Louise vai para o colchão ao lado da irmã. Por mais que ela estivesse cansada, não conseguia dormir. Ficava pensando em como seria sua vida a partir de agora. Não queria ser um peso pra ninguém, não queria ficar morando de favor na casa da amiga, apesar de saber que a ajuda que estava sendo oferecida era nobre. Mas, tinha medo. Sua fama pelo bairro não era nada boa. Por que o pai de Kamilla pensaria diferente?!
Com a mente turbulenta, e a muito custo, ela adormece abraçada a sua irmã.
Assim que os raios do sol atravessa a fina cortina da janela do quarto de Kamilla, Louise acorda. Ela vê que sua amiga está trocando de roupa e pega seu celular para olhar as horas, mas ele havia descarregado
Louise_ Milla, são que horas?
Kamilla_ São 6:30h. Pode voltar a dormir. Eu só acordei essa hora para conversar com meu pai antes que ele vá trabalhar.
Louise_ Meu celular está descarregado. Poderia me emprestar seu carregador?
Kamilla_ Está ali na gaveta. Pode pegar. Agora, vamos torcer pra dar tudo certo.
Louise pega o carregador, enquanto Kamilla vai até o quarto de seu pai para conversar com ele.
Após colocar o celular para carregar, Louise se da conta de que está com sede e vontade de ir ao banheiro. Ela já tinha ido outras vezes na casa da amiga quando o pai dela não estava. Então, como Kamilla estava conversando com o pai no quarto, resolveu ir até a cozinha para beber água e depois ir ao banheiro.
Ela estava passando em frente ao quarto do pai de Kamilla, quando acaba escutando uma parte da conversa deles...
Kamilla_ Mas, pai, ela não tem pra onde ir?
_ E isso não é problema nosso. Sabe o quanto isso vai fazer mal pra sua reputação, Kamilla? E pra minha? Deixando morar em minha casa um projeto de piranha mirim
Louise coloca a mão na boca em espanto e desagrado
Kamilla_ Não fale assim. Louise não tem culpa das atitudes da mãe dela. Ela não é igual a Charlotte, isso é coisa que o povo inventa sem ao menos conhecê-la.
_ Ah, é mesmo? Pois eu não duvido nada que aqueles homens que vão lá não aproveitam só com a mãe dela.
Kamilla_ Pai, o senhor está me decepcionando com essas falas machistas. Louise sofreu muito naquela casa, fugiu porque um dos homens que estavam lá tentou abusar dela. Ela passa por isso desde os 14 anos. Eu pensei que o senhor fosse diferente desses vizinhos fofoqueiros e mentirosos
O pai de Kamilla pondera com um semblante esquisito. Ela não sabia o que ele estava pensando, mas se alivia ao ouvir o que ele diz em seguida
_ Tem razão, filha. Me deixei levar pelas fofocas. Diga a sua amiga que ela pode ficar. Mas, que precisa seguir as mesmas regras que você segue. E que precisa sim entrar na escola e procurar um emprego. Pedirei que Emma a ajudem a cuidar de tudo por aqui. Ok?
Kamilla_ Muito obrigada, pai. Isso que está fazendo é muito importante pra mim.
_ Hum.. Fico feliz em ajudar sua amiga. Ela não merece esses porcos nojentos encostando nela. Enfim, hoje chegarei tarde. Tenho uma confraternização pra ir após o trabalho. Espero não me arrepender disso.
Kamilla abraça seu pai em agradecimento. Quando Louise percebe que a conversa se encerrou, ela corre de volta para o quarto e se tranca no banheiro que havia no quarto da amiga. Ela começa a chorar num misto de chateação e agradecimento. Afinal, não era incomum as pessoas acharem isso dela, mas ela sofria muito com o pré julgamento. Por fim, ela decidiu que não podia culpar o pai da amiga, e sim, deveria ficar agradecida, porque agora tinha um lugar para ficar enquanto resolvia sua vida...
Continua..
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Atualizado até capítulo 82
Comments
Diana Áraujo
começando 26/03/25
2025-03-27
0
Daisy Conceicao
começando em 20/03/25
2025-03-20
1
Angel Caldas
Sei não, acho que ele vai querer se aproveitar dela também, por isso aceitou!
2024-09-10
1