Cap 4 Lorena

Só posso ter nascido com uma carga de má sorte que me acompanha boa parte da minha vida, minha infância e adolescência foram um tormento com o pai que tinha..., a única coisa boa é minha mãe e meu irmão...

Sou filha de uma empregada doméstica e de um maldito viciado em jogos e bebidas, como disse, tenho um irmão mais velho, é a única pessoa com quem ainda tenho contato..., nos falamos poucas vezes, mas, ao menos uma vez no mês ele vem me ver.

Nosso pai, acabou com a minha vida antes de morrer..., ele nunca foi amoroso comigo, sempre foi ausente e o pouco que convivemos me tratava como um animal..., desconfiava que ele tivesse raiva de mim, mas depois do que me fez, tive a certeza, me odiava..., ele acabou com nossas poucas coisas, nosso carro e até a casa, não tendo mais com o que pagar suas dívidas de jogos e bebidas..., adivinha quem teve que pagar?...

Pra resumir a história, um belo dia..., acabara de fazer 18 anos, pelo que entendi, ele só estava esperando por isso..., uns homens mal-encarados entraram no pequeno quarto que morávamos alugado e arrastaram-me de lá..., isso mesmo, fui dada a um mafioso do ramo de cassinos e prostituição em troca da grande dívida de meu pai...

Fui treinada para atuar no Cassino e atender os clientes vips do maldito Lucky Castiglia..., claro que antes de tudo isso, como ele costuma falar, teve que provar sua mercadoria..., fui violentada por ele, já no primeiro dia em que pisei nesse inferno de lugar..., vivo sob ameaça de perder minha vida e a vida de meu irmão e minha mãe..., com o passar dos anos, aprendi a me comportar da forma que o deixava calmo. Me tornei uma de suas preferidas..., ao menos não sou mais obrigada a agradar qualquer um, apenas convidados "especiais".

E hoje, não será diferente fui reservada para um maldito deputado, um velho de uns 70 anos..., infelizmente, a grande maioria de seus tais clientes especiais se enquadram nesse perfil: políticos, empresários, mafiosos..., senhores acima dos 40, 50 anos..., os "exemplos de homens de família", mas por trás, não passam de tarados pervertidos...

Estou nesse lugar há praticamente cinco longos anos que mais parecem um século, já pensei nas mais diferentes possibilidades de fugir, mas não pude..., é muito arriscado.

Sou Lorena, 23 anos..., o sobrenome não importa, me tornem uma ninguém..., as vezes esqueço até meu primeiro nome..., apenas Lory..., é como me chamam nesse lugar, faço de tudo um pouco: danço, faço companhia nas mesas de jogos..., e em outros ambientes...

Lucky criou a ilusão de que dou sorte aos jogadores..., tudo fachada, ele faz com que os clientes ganhem algumas rodadas, depois que estão bêbados, me afasto e são depenados...

Nesse momento, estou no salão, sentada ao lado do tal deputado caquético..., ele está jogando, faço meu serviço o agradando e dando palpites sempre que consultada..., se tiver sorte hoje, não vai passar disso..., vou fazer o vovô beber até dormir como o bom velhinho que está sendo.

Tenho boas estratégias para me livrar de algumas noites de serviço íntimo..., os faço beber até cairem e quando chegam no quarto, dormem como gambás velhos..., quando acordam, finjo terem sidos uns animais na cama, crio histórias que alguns acabam acreditando..., nem sempre da certo, mas é o que consigo fazer para me livrar..., e acho que com esse aqui pode dar sim...

Ele fica passando a mão em minhas pernas, sinto como se fosse uma lixa..., inventei um personagem em minha cabeça..., me ajuda de certa forma a aguentar tudo isso.

Passo os olhos pelo ambiente, tudo igual..., sempre as mesmas coisas..., sigo o olhar para a direção em que Lucky está..., tem um homem jovem, alto, bem vestido..., ele está de costas..., não dou atenção.

Uns minutos depois, olho novamente na direção deles..., de repente ele se vira para dar uma olhada no salão de jogos..., é um homem muito bonito, tenho que admitir, mas não sinto nenhum interesse, apenas sei reconhecer um homem atraente…

Enquanto eles conversam, nossos olhos se cruzam e consigo ver a expressão em seu rosto mudar como se visse um fantasma, parece um pouco perturbado..., ele disfarça..., mas sei que está impressionado..., desvio o olhar e me concentro no deputado.

Ele fala com Luck por quase meia hora e não demora, o maldito cafetão vem na minha direção com uma cara de mal-humor enquanto o homem, agora, me encara com um olhar frio..., droga, o que foi agora?