- Paola, hoje você não tem plantão, vamos marcar de sair? Faz tempo que não saímos juntos, até Humberto tem sentido falta de nossas saídas. - Diz Andreia quando me encontra no corredor do hospital geral de nossa cidade.
- E você não tem plantão hoje também?? - Pergunto feliz- Também estou sentindo falta de sairmos.
Me formei em Pediatria e Andreia em clínica geral, Humberto e Andreia se casaram e já tem um filhinho lindo, meu afilhado Renato, Humberto é o diretor do hospital, nossa amizade se solidificou com o passar do tempo.
- Eu também quero ir!!- Gritou Suzete que agora é recepcionista no hospital e faz parte de nossa roda de amigos.
- Não vai não!- Brinquei- Você acha que iríamos sem você?? A alma da festa? E quem vai levar dessa vez?
Por favor não quero que leve ninguém pra ficar em cima de mim como na última vez.
- Mais Paola, linda, cansei de te ver sozinha! Você precisa de alguém pra se desestressar - Responde Suzete rindo.
- Su, minha querida, antes só que mal acompanhada!
Hoje, às oito horas no Cesas Bar, terá música ao vivo.
-Combinado!! -Respondemos juntas e voltamos aos nossos postos pois o hospital está lotado.
Consegui realizar meu sonho profissional, amo o que faço, cuidar de crianças de minha cidade, a maioria conheço desde o nascimento, às ver crescer é minha alegria. Me sinto realizada nesse aspecto, com vinte e oito anos tenho meu consultório particular e trabalho no hospital geral desde que me formei, todos me conhecem e me respeitam, não posso reclamar, tenho amigos leais, afilhados que amo como filhos. No quesito amor, nunca mais senti algo igual ao que senti quando jovem, mais não me faz falta, aquele sentimento só me trouxe dor e tristeza. Acho que há pessoas que se apaixonam uma única vez na vida, que se não deu certo é que não era pra ser mesmo, e eu devo ser uma delas então me conformo com isso. Não mudei muito meu jeito de ser de quando jovem, continuo com cabelos longos, gosto muito de cuidar deles, soltos vão abaixo de minha cintura, mais no trabalho ficam presos o tempo todo. Meu corpo ganhou formas mais definidas mais não mudou muito também, só minha cabeça e coração amadureceram bastante, as vezes me sinto velha, sinto que nasci numa época errada, que meus valores e opiniões sobre relacionamento, amor e sexo são do século passado. Mais me sinto, digamos, até feliz com o que tenho. Não tem me feito falta a companhia de um homem, de ter uma relação mais íntima com alguém.
Terminando o plantão vou para meu pequeno apartamento, meu esconderijo, meu lugar de paz, onde tento esquecer alguns dias difíceis no trabalho, nem sempre conseguimos ajudar ou dar conforto a todos e em se tratando de crianças se torna doloroso não poder fazer nada.
Montei um mural com cartinhas, bilhetes, fotos que recebo de crianças e de seus pais em agradecimento pelo trabalho que realizo e é esse mural que me dá força para me levantar todo dia e com ânimo enfrentar o que vier a acontecer. Estava admirando algumas fotos de crianças recuperadas quando o celular toca. Era Suzete:
- E ai amiga, preparada pra daqui a pouco? Eu passo ai pra te pegar, sei que não gosta muito de dirigir.
- Você não quer vir mais cedo e se arrumar aqui? -Pergunto- Vem que você me anima e juntas é bem mais divertido.
- Claro que vou, daqui a mais ou menos uma hora estarei aí. Beijos linda. Até daqui a pouco.
- Beijos Su! Até mais. Estou te esperando com um cafezinho bem quente.
Capítulo 4- Noite entre amigos.
Su chegou logo, mal tinha acabado de fazer o café, amo um cafezinho fresquinho e meus pais me mandam café puro da roça, não tem sabor igual.
Tomamos o cafezinho e fomos nos arrumar. Su tem muito bom gosto para roupas e faz umas combinações perfeitas, como eu não ligo muito pra aparência ela sempre me ajuda e até eu fico admirada com o resultado, nem me reconheço no espelho. Uma maquiagem simples mais que realçou meu olhos, prendeu parte de meus cabelos, o vestido cinza não muito curto com decote v valorizando meus seios pequenos, com sandálias prateadas deram um ar sexy comportada
- Nossa Su!! Como você consegue!! Transforma um patinho feio num cisne!!
- Patinho feio !?!? Nunca, só dei um realce em sua beleza com a roupa e maquiagem certa. Agora vou me arrumar que estou a fim de pegar um gato hoje.
- Só você mesmo em Su! É por isso que eu te amo amiga!
- E eu também te amo, mais preciso urgente de uns amassos com um belo gato, estou necessitada!!! rsrsrsrsrs
Suzete é uma morena linda, com um cabelo de dar inveja, encaracolados negros e longos, uma alegria contagiante e um corpo apesar de pequeno, perfeito, gosta de se divertir e diz que não quer compromisso sério com ninguém quer aproveitar o que a vida tem de melhor a oferecer. As vezes acho que ela é que está certa.
Nós nos encontramos com Humberto e Andreia no Cesas Bar, eles já tinham reservado uma mesa pra gente.
- Dindinha!! - Renato corre e me dá um abraço apertado e um beijo estralado.
- Como vai meu mais lindo afilhado?- Respondi o balançando no ar. - Que saudade de vc, meu príncipe!!
Cumprimentamos Andreia e Humberto e nos sentamos na mesa.
- Dindinha pedi tatata frita, você gosta? - fala todo contente Renato.
- Amo, meu lindo !!! A torre de batata daqui é maravilhosa!! Já pediram algo pra tomar??
- Claro!! - responde Humberto - Seu preferido suco de maracujá, vinho pra Su e Andreia e shop pra mim.
- Isso é que são amigos verdadeiros, conhecem até nosso gostos!- diz Su.
- Só que hoje quem vai nos levar para casa e cuidar do pequerrucho aqui é você Paola, quero me acabar dançando, cantando e tomando vinho com meu marido aqui. -Fala Andreia.-
- Com certeza, será um prazer ser a mãe desse pequerrucho por uma noite.- Falo abraçando Renato e dando um beijo nele. - Você quer dormir na casa da dinda hoje?
- Sim!! Sim!!! Você faz chocolate pra mim?? Conta historinha que nem aquele dia??
- Mais é claro meu anjo!! Combinado então!!!
Andreia sorriu e deu uma piscadela para Humberto que ficou roxo, mais devolveu a piscadela com um sorriso.
- Agora então falta eu arrumar com quem passar a noite !!- fala Su rindo.
A música ao vivo começa e é um espetáculo a parte o som do saxofonista tocando músicas mais antigas , dos anos oitenta e eu amo!! Canto junto, pego meu afilhado no colo e danço com ele, meus amigos também cantam, dançam nos divertimos muito. O ambiente é familiar, quase todo mundo se conhece. Eu estava mesmo precisando disso.
De repente começa a tocar uma música que eu tinha como que o refrão me representava na juventude, canto junto com Renato no colo:
''Sabe essas noites que você sai caminhando sozinho
De madrugada com a mão no bolso
Na rua
E você fica pensando naquela menina
Você fica torcendo e querendo que ela tivesse
Na sua
Aí finalmente você encontra o broto
Que felicidade (que felicidade)
Que felicidade (que felicidade)
Você convida ela pra sentar (muito obrigada)
Garçom uma cerveja (só tem chope)
Desce dois desce mais
Amor pede uma porção de batata frita
Okay você venceu batata frita
Ai blá blá blá blá blá blá blá blá blá
Ti ti ti ti ti ti ti ti ti
Você diz pra ela
'Tá tudo muito bom (bom)
'Tá tudo muito bem (bem)
Mas realmente
Mas realmente
Eu preferia que você estivesse
Nua
Você não soube me amar
Você não soube me amar
Você não soube me amar
Você não soube me amar
Todo mundo dizia
Que a gente se parecia
Cheio de tal coisa e coisa e tal
E realmente a gente era
A gente era um casal
Um casal sensacional
Você não soube me amar
Você não soube me amar
Você não soube me amar (.....)
Você não soube me amar
Você não soube me amar (é foi isso que ela me disse)
Você não soube me amar''
Amanda, uma de minhas pacientes preferidas, veio dançar e brincar com Renato e comigo, Amanda é uma menina linda e educada que fez amizade com Renato facilmente, os dois saíram correndo e rindo.
Quando me sento, cansada de dançar, sinto que estou sendo observada, olho ao redor e não vejo ninguém, Su já está se agarrando com um cara que não conheço, está feliz e vai conseguir o que quer. Andreia e Humberto se beijam e já tomaram vinho e shop o suficiente. Estamos todos felizes, sim, eu também estou muito feliz com meu pequeno príncipe no colo, já cansado de tanto dançar,correr e com sono, deitando em meus ombros.
Andreia faz sinal me agradecendo e mandando um beijo enquanto abraça forte Humberto, saio de fininho com meu pequerrucho nos braços, sei que Su terá carona pra casa e Humberto com Andreia irão de táxi.
Na saída esbarrei em um homem que não reconheci, ele me olhou de uma maneira diferente, estranha pra mim, me perguntou:
- Quer ajuda com seu filho??
- Não, obrigada! Já estou indo embora. - Usei muitas vezes meu afilhado para me livrar de cantadas que saiu no automático. Ele me ajudou a abrir a porta do carro e colocar Renato no banco de trás.
- Não precisa mesmo de ajuda?? Pergunta novamente. Foi aí que olhei pra ele, era um homem muito bonito, alto, forte, um rosto meio duro mais bonito, muito bonito até, mais seu olhar parecia que me condenava, talvez por pensar que eu era mãe solteira? Fechou a porta do carro com força.
-Não. Não preciso mesmo. Obrigada. - Respondi no mesmo tom, entrei no carro e fui pra casa levar meu principezinho pra dormir.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 37
Comments
Cléia Maria da Silva d Azevedo
Será quê ela esqueceu o Silvio?
2024-08-30
0
Ameles
deve ser o Wagner
2024-01-16
1
Léa Maria
🌻como é fácil julgar as pessoas pelo que achamos que são.......
2023-07-10
4