Capítulo 4

Com o passar dos dias uma linda amizade vai se formando entre o Heitor, a Alícia e o Álvaro e alguns dias durante a semana Alícia vai até a pracinha para encontrar-se com eles e conversar. A amizade se aprofunda ainda mais entre ela e o Heitor pois, dentro de poucos dias o Álvaro começa a namorar uma moça da universidade e passa a maior parte do seu tempo com a mesma, o que faz com que Alícia e o Heitor conversem a maior parte do tempo a sós. Ela passa a confiar plenamente no mesmo já que além de sua melhor amiga Ísis, ele foi o único a lhe enxergar e demonstrar que se importava com ela em um mundo de preconceitos e discriminação, se comportando como um verdadeiro cavalheiro e lhe doando bastante tempo da sua atenção.

Certo dia o Heitor, o Álvaro e a sua namorada Helena saem da faculdade juntamente com outros colegas de classe e Alícia estava aguardando para conversar com o Heitor mas, ao perceber que ele estava acompanhado de outras pessoas temeu que algo ruim pudesse acontecer e ia dando meia volta para ir embora quando o Heitor lhe vê e começa a chamar por ela que finge não o ouvir e continua caminhando, mas ele aumenta ainda mais o tom de sua voz e dessa vez grita chamando por ela, então ela pára e decide lhe esperar.

Heitor: Porque já estava indo embora? Você não veio para conversarmos? ( pergunta se aproximando).

Alícia: Sim mas...

Júlia( colega de classe): Nossa Heitor, é por causa disso daí que tem resistido aos meus encantos? Nunca pensei que as gorduchas fizessem seu estilo, achei que tivesse bom gosto. Olha o tamanho dela em relação a mim! ( fala com cara de nojo observando a Alícia de cima a baixo e interrompendo sua fala, enquanto os demais colegas começam a rir).

Heitor: Qual é a graça? A Alícia é minha amiga e eu jamais irei permitir que a ofendam, entenderam? ( fala nervoso encarando os colegas, depois vira-se para a Júlia e fala):

- Quanto a você Júlia, a Alícia não é a razão pela qual não quero ficar com você, a verdade é que eu jamais ficaria com uma metida e arrogante e você é a pior delas! A aparência física da Alícia não é um problema mas o seu preconceito e indiotice sim! Vem comigo Alícia vamos sair daqui! ( fala voltando sua atenção para a Alícia que está de cabeça baixa e os dois saem caminhando). Eu iria apresentá-los mas eles são idiotas demais para que lhes dirija a palavra! ( fala depois de lhes virar às costas).

Eduardo: Calma Heitor, também não é pra tanto, não fizemos por mal!

Álvaro: Cara, vocês vacilaram e feio hein?

Júlia: Ah, eu não me importo o Heitor que se afogue em meio aquelas banhas horrendas! ( responde bufando após os dois se retirarem, depois de um curto período de silêncio).

Helena: Júlia??? ( fala a repreendendo enquanto o Álvaro também a observa com uma cara negativa de reprovação).

Paulo: Gente vamos esquecer o que houve, quem quer sorvete?

Alguns respondem: Eu, eu quero!

O Heitor e a Alícia saem caminhando a pé por algumas ruas da cidade e Alícia o agradece:

- Obrigada! na vida ninguém antes foi tão corajoso ao me defender!

Heitor: Não precisa me agradecer! Bom, mas me diz como você está? ( pergunta após perceber a sua profunda tristeza).

Alícia: Estou indo!

Heitor: Alícia já faz um tempo que conversamos e, eu ainda não sei praticamente nada sobre você. Quero dizer, eu sei que passa por muitos problemas porque sempre que conversamos você está profundamente triste. Porque não se abre? sinto que precisa desabafar. Você sabe que pode confiar em mim não sabe?

Alícia: Eu também não sei muito sobre você! ( responde o encarando).

Heitor: É sério Alícia, eu me preocupo com você! Acho que ter um dia ruim é normal mas...

Alícia:Tá, tá bom eu vou te contar algumas coisas sobre mim mas, só porque você é o único que as vezes me faz rir e acabou de me defender minutos atrás! e sim, isso faz com que eu confie ainda mais em você!

Está pronto para ouvir algumas das minhas lamúrias?

Heitor: Sim, estou!

Alícia: Bom, eu não tenho muito o que contar mas para dar início a narratória da minha história drástica irei começar dizendo que sou órfã. Minha mãe faleceu quando eu tinha sete anos e o meu pai? eu nunca o conheci, acho que faleceu quando eu não era nem nascida. Desde que a minha mãe faleceu, passei a morar em um orfanato e não conheço exatamente ninguém que tenha o mesmo sangue que eu. No orfanato eu tenho uma amiga o nome dela é Isis, ela é o que eu tenho que mais se compara a um familiar, porque gosto de a imaginar como uma irmã mais nova sabe? lá dentro nós duas somos inseparáveis e fazemos tudo juntas. Lembro-me que no dia em que cheguei no orfanato, fiquei reclusa em um canto e só sabia chorar quando a Isis bem menor que eu se aproximou de mim e me abraçou. Ela é a única coisa boa que se aproximou de mim desde que a minha mãe faleceu. Sou perseguida e coagida diariamente pelo dono e chefe do orfanato que não se cansa de me humilhar e me dirigir palavras ofensivas. No dia em que você me encontrou chorando no banco da praça ele havia acabado de destilar seu veneno em cima de mim e eu fugi do orfanato mas depois de falar com você tive que retornar pelo simples fato de não ter nenhum outro lugar para ir. Eu poderia tentar qualquer coisa, arranjar um emprego? sim, poderia! mas quem nessa porr@ de vida me levaria a sério? Além de obesa, sou menor de idade. Ainda tenho 17 anos para o meu azar, alguns meses atrás até tentei trabalhar como menor aprendiz mas sem o apoio do dono do orfanato que teoricamente é o único responsável por mim, todas as tentativas foram frustradas. Poderia morar embaixo da ponte e pedir esmolas sei lá, mas com o peso que tenho ninguém iria acreditar que eu estaria passando necessidades e além de tudo, morreria de fome. Também tem a Isis eu não gostaria que ficassemos distantes uma da outra e apesar de tudo tenho uma boa relação com os demais internos do orfanato. Diferentemente dos meus colegas da escola. Sofri e sofro bullying e discriminação da parte deles e de outras pessoas na rua dia após dia, e os motivos para ser menosprezada e odiada quais são? a minha orfandade e obesidade, essas duas razões me puseram como alvo de piadinhas desagradáveis e isso perdura até hoje e, é a isso que a minha vida se resume!

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