A confiança

Desesperada fico tentando recuperar o fôlego, estou toda suada então vou tomar um banho de água fria. Depois do banho eu desço e tomo o meu café, comi oque já tinha, não estava com cabeça pra fazer nada, esse pesadelo foi tão real que o meu medo voltou e eu estou apavorada sozinha nessa casa.

Eu vou pro meu quarto e fico lá deitada na cama pensando nesse sonho até o meu estômago roncar e eu perceber que já está na hora de almoçar, eu faço uma comida e como.

A campainha toca e eu vou atender a porta e era a enfermeira.

- Boa tarde _ ela fala e eu dou espaço pra ela entrar.

- Boa tarde_ Ela entra.

Ela faz algumas perguntas depois verifica os pontos e tira pois já estava seco. Eu pedi ela que me passasse uma vitamina pra me ajudar a comer e ela me passou, quando ela foi embora eu liguei pra farmácia e pedi que entregasse a vitamina, eu voltei pro quarto e fiquei lá até a farmácia chegar. Quando chegou eu peguei a vitamina e paguei o entregador.

Quando estava perto da hora da janta eu tomei a vitamina e depois pedi uma pizza grande, fiquei no quarto esperando e depois de alguns minutos a pizza chega e eu pego e vou pra cozinha comer, quando eu estava comendo o Enrico chega.

- Eu quero _ ele fala se aproximando e sentando do lado.

- Tá uma delicia_ falo e ele come comigo.

- A enfermeira veio?_ pergunta e eu faço que sim com a cabeça.

- Tirou os pontos e eu pedi a ela uma vitamina pra me dar fome porque eu emagreci muito e quero voltar a pesar oque eu pesava antes_ falo.

- Entendi, vou ir tomar banho, guarda dois pedaços pra mim_ ele vala e sai da cozinha e eu fico ali comendo.

Eu deixo quatro pedaços pra ele e vou pro quarto, quando ele sai do banheiro eu entro e vou tomar banho.

Depois do banho eu me sento na cama e fico lendo um livro que achei ali, o Enrico aparece no quarto e deita na cama do meu lado.

- Enrico_ falo e ele se vira pra mim e me olha.

- Aconteceu alguma coisa?_ ele percebe que estou nervosa e se senta na cama.

- Não, é que eu queria conversar _ falo baixo.

- Estou te ouvindo _ ele fala.

- Você deve saber que eu sofri muito nas mãos do Igor né?_ pergunto.

- Sei o suficiente pra querer trazer ele de volta a vida e ir matando aos poucos depois_ fala com raiva na voz.

- Eu tenho muito medo de passar por tudo que passei com ele de novo _ falo e pauso pra respirar e então volto a falar _ Tenho medo de você virar um monstro também _ sinto lágrimas descendo pelo meu rosto _ Não muda comigo, por favor.

Ele passa a mão em meu rosto limpando as minhas lágrimas e pela primeira vez eu não fico com medo dele me machucar. Ele me abraça e eu começo a chorar igual criança, choro toda a minha raiva e medo ali.

- Tá tudo bem, minha menina, pode chorar. Saiba que eu nunca vou levantar a minha mão pra te machucar, eu só quero ver você bem_ ele fala e fica passando a mão na minha cabeça, fazendo carinho.

Quando eu recupero o fôlego e consigo parar de chorar, ele deita e puxa e eu deito no peito dele e ele me abraça e faz carinho na minha cabeça até eu dormir.

Quando eu durmo eu tenho o mesmo pesadelo e acordo assustada, o Enrico está me olhando sem entender, eu estava me tremendo todinha e ele estava sentado na cama me olhando.

- Tá tudo bem, foi só um pesadelo_ ele fala e se deita de novo.

- Foi só um pesadelo_ falo mais pra mim do que pra ele, pouco tempo depois eu já estou dormindo de novo.

Acordo no dia seguinte primeiro que o Enrico de novo e mais uma vez eu fico olhando pra ele dormindo, os traços do rosto dele, ele é muito lindo.

- Já falei pra parar com isso_ ele fala e dessa vez abre um meio sorriso antes de esconder o rosto.

Eu me levanto e vou fazer a minha rotina pra preparar o café da manhã.

Depois de tudo pronto eu estava na mesa tomando o café da manhã quando o Enrico aparece.

- Bom dia_ ele fala e se senta na cadeira e começa a tomar café.

- Bom dia_ respondo.

Eu estava me sentindo muito bem, pela primeira vez em anos eu estava me sentindo livre e não estava sentindo medo de um homem. Eu cresci a minha vida inteira temendo o que meu pai faria comigo se eu fizesse algo que ele não aprovasse , já apanhei algumas vezes por questão de roupa ou até mesmo questão de ouvir músicas inapropriadas, não pude nem aprender a nadar "UMA MULHER DE RESPEITO NAO PRECISA NADAR, NEM USAR BIQUÍNIS" meu pai disse quando eu quis aprender.

Quando achei que a minha vida iria melhorar eu me deparo apanhando todos os dias por apenas existir, apanhando por ser quem eu sou, sendo obrigada a servir um homem que me espancava todos os dias.

Hoje eu agradeço pelo Enrico não tocar um dedo em mim, não me proibir de usar as roupas que eu gosto, posso escutar as músicas que eu quero, isso significa muito pra mim.

Eu ainda não estou 100% confiante, mas com o tempo eu vou aprender a confiar mais no Enrico.

Confiança não é algo fácil de se conquistar e piora mais ainda quando a pessoa passa por coisas traumáticas a vida inteira, eu sou rotulada desde quando nasci, espero conseguir mudar isso, eu quero ser eu mesma a partir de hoje, eu quero me mudar.

Vou ser quem eu quero ser, e não vou deixar mais ninguém levantar a mão pra me bater, nem meu pai, nem meu marido, e nem ninguém mais. Agora eu vou escrever o meu próprio destino, chega de homens dizendo o que eu devo fazer, chega de rótulos em cima de mim.

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