Desabafo

Passam alguns dias, e Emi está bem nervosa para o tal jantar, que se aproxima. Já estava acostumada com a rotina e correria. Mais isso logo mudaria um pouco, já que o curso de Italiano já estava chegando ao fim.

• Fernando está em seu escritório, quando de repente Alan chega:

- Fala irmão

- e ai irmão.

- A gente precisa sair Fernando, você está se afundando em papéis e mais papéis cada dia mais rsrs

- Ah irmão, ando sem nenhuma vontade de sair. Quando acaba meu dia aqui, só penso em ir direto pra casa

- Entendo rs também não é pra menos né

- An?

- Pensa comigo, você não quer mais sair, mais quer ir correndo pra casa. Será que isso não seria pra ir ver a senhorita Emília? rsrsrs

- A ta KKĶKKK agora você contou uma piada boa irmão

- O que que tem irmão?

- Sabe, esses dias ouvi Nuri perguntar com quem ela mora E ela disse que mora ela, a irmã e uma amiga

- Ah, provavelmente são as que estavam com ela na lanchonete aquele dia

- não sei- Diz Fer pensativo

- o que foi irmão?

- Acha mesmo que ela, morando com as amigas, longe dos pais, não aprontaria nada? Aquela carinha de anjo dela é apenas um disfarce, certeza

- Fer, você não pode falar assim da garota sem ao menos conhecer a história dela. Vocês não trocam uma palavra se quer, como que já tirou essas conclusões?

- Imagino que seja assim e pronto.

- Irmão..

- Você é muito inocente Alan. E você, o Edu e a dona Lúcia ainda vão quebrar a cara com ela

Alan apenas escuta

• Emília

Hoje Nuri relutou um pouco para fazer as atividades da escola, mais consegui convencê-lo. Agora está tirando uma soneca. Desci, lanchei na área dos funcionários, e quando subia e passava na frente do quarto da sra Lúcia, ouvi ela chorar desesperadamente.

- Sra Lúcia - diz Emília batendo na porta

Lucia abre a porta e abraça Emília, como se a Emília fosse a única coisa que ela tinha

Lúcia - Emília, você é boa filha, você tem ajudado Nuri, me ajuda também, por favor - diz Lúcia aos prantos, tremendo

- Calma sra Lúcia, senta aqui, vou pegar um copo de água pra sra..

- não, não quero, água, fica aqui Emília, por favor - puxou Emília e apontou para que Emília sentasse na beirada da cama, de frente com ela

- Vo, você me disse que se eu precisasse você estaria aqui Emília..

- e eu estou

- Emília eu nunca esqueço aquele dia, aquele dia horrível

- que dia?

- O dia em que perdi minha outra filha, a Filipa

Ela tinha apenas 20 anos, e eu nao pude fazer nada.

Emília fica sem palavras, surpresa e sente um aperto no peito ao mesmo tempo

- Eu, eu sinto muito sra Lúcia

- Estava ela, Nosso motorista e eu no carro. Quando o carro, não sabemos porque, ficou sem freio, e nao tinha mais o que fazer. Acordei já no hospital, apenas mexendo os olhos, depois de muitos dias. O motorista e a Filipa não resistiram. Tá vendo Emilia, eu nao pude nem me despedir da minha filha, ai que dor - falava Lúcia e chorava - aquele dia, era pra Nuri estar com a gente. Voltamos todos da chácara, mais de última hora ele dormiu, e então ele ficou pra voltar depois, com o Fer, a Nanda e o Edu. Depois do acidente, fiquei meses e meses sem reagir. Agora estou bem melhor, mais o tempo que nao regia, meus filhos se fecharam numa bolha. Eu não sei mais o que fazer, pra tirar essa dor de dentro de mim. Nuri era muito pequeno, mais também sente falta da tia, e não soube lidar com isso. Na verdade nenhum de nós soubemos

- Sra Lúcia, a sra vai em algum psicólogo?

- não,nunca. Meus filhos dizem que isso é expor demais a nossa família

- expor? Nao senhora Lúcia, isso seria a solução pra todos vocês. E se precisar de ajuda para falar com eles sobre isso, estou aqui. Vou segurar a sua mão pro que precisar.

E sobre essa dor, só o tempo mesmo pra curar. Sobre a culpa, a senhora não podia fazer nada. Mais agora pode, pode se tratar, reagir mais, e ajudar os seus filhos e o Nuri

- então você também percebeu né filha, que Nuri também precisa de ajuda

- sim, desde o primeiro dia sra Lúcia

- Vamos ver como vamos fazer, mais vamos falar com eles então. Tenho certeza que teremos o apoio do meu genro também

- Ótimo, já é alguma coisa

Elas conversam por mais algum tempo, até que Nuri acorde

Nuri - Emiiiii

Emi - estou indo

Lúcia- obrigada filha, isso fica entre nós então?

Emi - Claro sra Lúcia

Elas se abraçam e Emi vai cuidar de Nuri

Quando Nanda, Fer e Edu chegam. Sra Lúcia chama Emília e diz:

- Filha, esquece tudo o que te falei, nao vamos falar nada sobre psicólogo com eles

- Mais sra Lúcia é..

- Por favor filha, vai ser melhor assim

- Melhor? é pro bem de vocês e

- Filha, por favor. Muito obrigada por me escutar. Eu precisava disso aquele momento. Mais passou

- Mais e o Nuri?

- Ele vai crescer e vai esquecer isso Emília

- Não e tão fácil assim

- Isso é tudo filha

Elas descem junto com Nuri

Nanda - Pode ir Emília

•Emília

Emília se retira e vai pra casa, pensativa. Mais não comenta nada com as meninas. Depois do jantar, ela vai pro quarto, e fica pensando em tudo que Lúcia lhe contou

''Talvez isso explique um pouco do porque eles serem tão estranhos.

Preciso ajudar Nuri, de alguma forma. Ele não pode crescer com esse trauma "

Em meio a tantos pensamentos, Emi pega no sono.

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