Capítulo 2

Após a prisão, o Conselho tutelar avisa Tânia sobre a prisão de Misael,desesperada, Tânia deixa a filha com uma vizinha, na delegacia, Tânia chora muito ao ver Misael preso.

— Mamãe, eu não sou um criminoso!eu peguei o feijão porque eu não aguentava mais vê, a Marcela naquele estado.

Tânia não consegue falar, só consegue chorar desesperadamente, Carolina, se apresenta como defensora pública, após uma longa conversa com a defensora pública, Tânia fica a saber da situação do seu filho.

— Doutora, quais as hipóteses do meu filho sair daqui?afinal ele roubou.

— Veja bem, ele não roubou,ele furtou porque não houve violência ou grave ameaça. Ele não responde criminalmente por seus atos infracionais,ele pode ser liberado ou encaminhado a uma unidade de internação. Como o ato do seu filho foi menos grave, ele pode tanto levar uma advertência, quanto reparar o dano do supermercado ou ainda prestação de serviços a comunidade.

— E se ele for internado?

— Ele pode ficar até 45 dias, internado provisoriamente, após isso julgado numa vara da infância e juventude,comprovada que ele furtou, sofrerá medidas socioeducativas, como privação de liberdade. A internação pode durar no máximo 3 anos.

— Eu tenho uma filha em casa doente,não tenho o que dá para ela comer, estou desempregada, meu filho preso.

— Eu aconselho-a a entregar a guarda da sua filha a algum parente.

— Não posso fazer isso..., mas se é a única forma dela sobreviver.

Tânia volta para casa, busca a filha na casa da vizinha e a encontra, alimentada, bem cuidada.

— Mãe, estou tão melhor. E o Misael?

— Misael continua preso. Mas vai ter que ir morar com a sua avó e o seu avô, não posso...

— Oh! mãe não me deixe com eles!

— Eu volto para buscar- la, eu amo-te filha, amo você e o seu irmão.

— Também amo-te mãe.

Tânia então procura Elisângela e Rogério(seus pais) e implora para que eles aceitem a menina. Eles aceitam com muita relutância.

Após o período de internação provisória, fica decidido que Misael ficará internado por 3 anos.

Marcela e Tânia chora desesperadamente. Misael também não consegue conter as lágrimas, com o destinado traçado, os três se abraçam e chora muito.

— Mãe, eu amo-te, amo você também Marcelinha.

— Também amo-te Misael. Diz Marcela.

— E eu amo vocês dois, juro que um dia ficaremos juntos novamente, os três.

Misael é internado, por falta de internação no Rio de Janeiro, Misael é levado para o internato de São Luís.

Marcela está com o coração despedaçado, ela está a pensar em implorar aos pais que a aceite ficar perto da filha. Elas chegam na casa de Elisângela e Rogério.

— E então, qual foi o resultado?

— Misael foi internado, foi transferido para São Luís.

— Essa foi a criação que você deu ao seu filho?

— Não fale assim com a minha mãe.

- a sua mãe é uma puta,uma qualquer que pariu dois filhos!antes mesmo de fazer 18 anos e pior, solteira, ela manchou o nosso nome,o meu nome. Diz Rogério.

— Pai, eu imploro aceite-me aqui com vocês… eu prometo logo arrumar um emprego.

— Tânia, as suas malas já estão arrumadas, você não vai ficar nem mais um minuto e influenciar a minha neta a ser uma #¿$?%!¡ como você.

- a minha mãe não é uma puta,mas você é vó querida.

Elisângela estende a mão para bater na cara de Marcela, mas Tânia segura a sua mão.

— Não ouse tocar num dedo da Marcela, vamos embora Marcela, nenhuma de nós ficará aqui.

— Você não ficará, mas ela sim, procuramos a justiça e pedimos a guarda da Marcela.

— Isso não é possível mãe.

— Claro que é sua tola, enquanto você chorava a sua mãe e eu,buscamos um advogado, iniciamos um processo de guarda, a primeira audiência é hoje. Quem você pensa que eles vão preferir para ter a guarda da Marcela? Uma mãe que se prostituiu aos 14 anos, desempregada e com um filho internado ou uma avó e um avô que tiveram sempre uma das melhores das reputações e, um de nós aposentado e o outro, no caso sou eu,trabalho como motorista. Quem você julga que eles vão da, a guarda da Marcela?

— Vocês são uns monstros, odeio Vocês.

Tânia ficou com a cabeça girando, pensando e pensando, se não bastasse perder um filho, agora perderia a filha? E assim foram dois meses de um processo judicial, no qual ao fim, Elisângela e Rogério ficaram com a guarda de Marcela. Durante o tempo de processo, Tânia ficou a morar de favor na casa de uma vizinha.

— Tendo em vista todos os fatos, eu declaro que a guarda será de Elisângela Porto e Rogério Porto.

Marcela foi ameaçada por Elisângela, que se ela falasse preferir a mãe, Elisângela mesmo acabaria com a vida de Tânia.

Marcela e Tânia abraçaram-se desesperadas.

— Mãe, mãe… eu não quero ficar com eles...

— Eu prometo um dia meu amor, buscar-te, voltará a ser nós três.

— Eu prometo também, que voltaremos a ser os três, unidos, nossa família.

Elisângela e Rogério levaram Marcela depois disso, com um sorriso no rosto.

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Após alguns dias, Tânia já não era mais a mesma,sem Misael e Marcela sua vida já não fazia sentido nenhum, ela entrou em depressão. Tânia agora não se importa mais com nada,ela está mergulhada no fundo, de um abismo, no qual foi jogada e não vê mais saída.

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Misael já estava internado naquele local há cerca de dois anos ,aquele lugar ...não era para ele estar lá, Misael sentia falta da mãe constantemente, nunca mais soube de nada sobre ela ou sobre sua irmã ..sentia falta delas ,sentia falta dos colegas da escola, como ele voltaria a reencontrar a mãe ? E a Marcela? Ele precisaria sem dúvidas de um emprego, isso, pensou ele: Vou arrumar um emprego e vou guardar dinheiro até ter o suficiente para voltar para casa...minha mãe e minha irmã são a minha casa, vou encontrar-las,eu já tenho 16 anos, sem dúvidas, conseguirei um emprego. Só falta um ano para eu sair daqui...

Misael e outros jovens são chamados para assistirem uma palestra de motivação de uma aluna ,do 2 ano do ensino médio, filha do diretor do internato.

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- Meu nome é Paula, hoje eu vim falar para todos vocês sobre esperança.

- Esperança? Não temos nada disso, nosso futuro está arruinado. Disse Henrique, um rapaz louro, dos olhos castanhos.

- Qual é o seu nome querido?

- Henrique querida. zombou ele .

- Henrique...vim trazer um pouco de conforto ,vou contar uma história, foi a vez de Misael rebater o comentário de Paula, ele estava furioso, como aquela menina, mimada,ele iria fazer-la entender-lo.

- Fui preso por furtar um pacote de feijão! Não queremos ouvir suas histórias.

Mesmo com toda a resistência de Misael, Paula começou a história:

- Era uma vez uma jovem plebeia que teve dois filhos, um príncipe e uma menina, um dia esse príncipe encontrou uma princesa e essa princesa o salvou de todo o sofrimento, o príncipe reencontrou a mãe e a irmã. E a princesa, depois de cumprir o seu papel, a princesa foi embora, mas lhe devolveu a sua liberdade.

Henrique por fim, perguntou: E os vilões?

- Essa não é uma história sobre violões, mas sobre pessoas reais ,que passaram por situações difíceis e venceram.

- E porque eles não ficaram junto? Perguntou Misael?

- Por que as vezes .... as pequenas estrelas não estão atrás de reconhecimento, mas de um coração diposto a amar.

Misael pensou por um instante, na loucura das palavras dela ,aquilo não fazia sentido...estrelas? Amor? O que uma coisa tinha haver com s outra?Então Misael, fez a única coisa que não deveria fazer: Olhou nos olhos dela e ela o olhou e os olhos de ambos não de desviaram por um instante e Misael, que queria fazer um comentário sarcástico, soube que tinha se apaixonado por aquela garota mimada,com suas histórias malucas.

Paula enquanto olhava para Misael,sentiu seu coração bater mais acelerado...mas logo tratou de afastar o pensamento, não conseguiria mais ficar naquele lugar, com aquele garoto, que olhava de uma forma diferente, como...como se ela o pertencesse.

- Então era isso ...eu preciso ir .

Paula saiu andando e depois correndo, não podia ficar naquele lugar, não podia entregar o seu coração, mas Paula suspeitava que seu coração já tinha sido entregue numa bandeja para aquele garoto.

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Após 1 ano, Misael é liberado do internato. Em uma terra estranha, sem amigos e parentes,o jovem pede emprego de porta em porta , por cada estabelecimento que passa ,mas infelizmente sem sucesso . A noite, o jovem avista um bar, já cansado e com fome ,o rapaz desmaia, a filha do dono do bar o socorre, chama o pai que o coloca o para dentro . Quando Misael em fim recobra a consciência, a moça lhe dá um prato de comida,baião de dois. Misael agradece e quando olha nos olhos dela pergunta:

- De onde eu te conheço? Já nos vimos antes?

- Não sei ,qual o seu nome? Talvez eu lembre de você.

- Eu me chamo Misael Rodrigues eu estou a procura de emprego, hoje é o meu aniversário e também o dia que eu sai do internato.

- Esteve no internato? Não parece ...papai esse jovem quer convesar com o senhor. Após dizer isso Paula sai .

Antônio Almeida se aproxima e então Misael o reconhece, como o diretor do internato.

- O senhor é o diretor do internato?

- Costumava ser,meu nome é Antônio Almeida, qual o seu nome?

- Misael Rodrigues. Estou procurando emprego, o senhor teria uma vaga disponível?

- Sim,mas espere até Paula voltar, sabe ,ela é minha sócia.

- Se me permitir senhor Antônio, por que deixou de ser o diretor do internato e agora está nesse bar?

- Minha esposa adoeceu há uns três anos atrás de câncer, o último ano dela foi muito difícil para todos nós, ela se foi no fim do ano passado, então eu decide largar o emprego, abrir esse bar e recomecei aqui.

- Eu sinto muito, o senhor a amava muito, dá de perceber. Qual era o nome dela? Ela era ruiva dos olhos azuis claros como Paula?

- Sim,A diferença é que Paula é um pouco mais alta.

Após alguns minuntos, Paula retorna com um bolo e refrigerante.

- Papai, hoje é o aniversário do Misael,vamos festejar.

- Paula, você concorda em dá o emprego de garçom para o Misael?

- Concordo papai, agora vamos comemorar: Parabéns para você nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida...

Eles cantam o parabéns...

- E então para quem vai o primeiro pedaço de bolo ?

- Para a mais linda jovem...Paula.

- Oh obrigada ! Paula se aproxima e lhe dá um beijo no rosto.

- Cuidado Misael ,ela tem um namorado muito , muito ciumento.

- imagino, ela é linda .

- Oh ,obrigada pelo elogio ,você pode morar aqui, no quarto de hóspedes .

Antônio conta histórias de quando era criança e todos rirem, eles decidem que Misael vai começar no dia seguinte.

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Na cozinha, enquanto lavava a louça, Misael se aproxima da Jovem.

- Paula, não se lembra de mim?

- Não sei... você está perguntando se eu lembrei que você é o mesmo jovem do internato de olhos castanhos e cabelos cacheados pretos que zombou da história que eu contei...sim, eu lembrei.

- Por que não me disse nada? Porque isso, foi há muito ,foi só um encontro banal, desses que acontece na vida.

- Não foi um encontro banal, eu passei meses pensando em você, quando os nossos olhos se encontraram eu soube...que você era o motivo bom de tudo que me aconteceu, eu precisava encontrar-la. Diga que você não sentiu o mesmo que eu sentir...é tão diferente.

- Eu não sentir Misael e eu tenho namorado, não quero falar com você soube nada disso ,aqui você trabalha para mim e para o meu bem, não confunda as coisas.

- Paula, eu não confundirei, desculpe. Boa noite.

Misael saiu arrasado dali,nunca imaginou se reencontraria Paula, mas se acontecesse, não seria naquelas circunstâncias.

Paula continuou lavando as louças, até seu pai chegar e decide ele mesmo enxugar os pratos.

-O que você achou dele, querida?

Paula olhou para seu pai de cabelos grisalhos e olhos pretos e sorriu para ele , lembrando de todas as vezes que o pai ,esteve com ela...quando teve medo do escuro...quando a mãe se foi .

- Ele é um ótimo rapaz, só precisa de ajuda papai .

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