3.

...Théo Almeida...

  Rejeito pela terceira vez a chamada da minha mãe no meu celular e resolvo colocá-lo no modo avião para não ser mais perturbado. Ainda era muito cedo para ela ficar me enchendo com os mesmos assuntos de sempre.

Dou um gole em meu café e sinto alguém tocar em meu ombro.

— Já está se enchendo de cafeína? — Rômulo, meu amigo pergunta parando ao meu lado.

— Só repondo as energias.

— Repondo as energias, é? — questiona levantando uma das sobrancelhas.

— Não é nada disso que você tá pensando, não. Só que essa jornada de atender consultas, emergências e cirurgias têm me cansado mais do que o normal. — desabafei. Eu amava meu trabalho, toda dedicação que eu havia tido com certeza tinha válido a pena, mas as vezes eu sentia que não ia aguentar de tanto cansaço.

— Você precisa descansar, relaxar e parar de viver tanto para sua profissão, existe um mundo fora da medicina, Théo. — suspirei sabendo que meu amigo estava certo. — E vamos combinar que já está ficando velho, precisa se arranjar logo com uma mulher antes que nenhuma mais olhe pra você. — brincou.

— Disse o comprometido. — rebato ironicamente, terminando meu café. — E só tenho 30 anos, caso tenha esquecido, não estou velho.

— Que seja. Por onde anda aquela mulher que você saia algumas vezes? — ele muda de assunto.

— Nathalie? — questiono, lembrando de uma das únicas mulheres que Rômulo chegou a conhecer.

— Sim, você podia voltar a sair com ela.

— Nathalie era só um casinho sem compromisso e não a vejo a mais de dois anos. Também acho que não tenho mais paciência para me envolver assim com alguém.

— Assim como?

— Tão superficialmente, talvez esteja na hora de encontrar alguém mesmo, mas pra algo sério.

— Ótimo, então devemos procurar essa mulher. Vamos sair na sexta a noite. — disse em um tom animado.

— Sem chance, tenho plantão e vou pegar o final de semana pra descansar. — digo e ouço meu bip tocar indicando que eu deveria ir para o consultório e iniciar o atendimento. — E não tenho pressa, na hora certa essa mulher vai aparecer.

Rômulo me olha desacreditado. Visto meu jaleco e sigo para o consultório. O dia hoje seria longo.

     A cada paciente que saia da minha sala, sentia meus olhos pesarem mais. Precisava de uma nova xícara de café.

  Olho para o nome de mais um paciente na ficha e abro a porta para chamá -la, já que assistente não estava hoje.

— Ana Luísa Machado. — digo e levanto meu olhar para ver de quem se tratava.

  Uma mulher baixa, de cabelos castanhos e um rosto angelical se levanta e caminha em minha direção. A olho encantado com sua beleza e automaticamente todo meu cansaço desaparece.

Ana Luísa para perto de mim e eu finalmente saio da frente da entrada e a convido para entrar. Fecho a porta para termos mais privacidade e peço para que se sente e sinta-se a vontade, pois é evidente seu nervosismo.

   Com as mãos sobre o colo e mordendo repetidamente seu lábio inferior, ela encosta as costas na cadeira em frente a minha mesa. Me encaminho até meu lugar e me sento, encaro Ana Luísa e sem nem perceber desço meu olhar para suas mãos notando a ausência de qualquer aliança. Será que ela era de fato solteira?

Foco, Théo.

— Então, Ana Luísa, pode ficar tranquila. Você me diz o que está sentindo, eu faço algumas perguntas, se precisar faremos exames e cuidaremos de você. — ela assentiu. — Certo, pode me dizer o que está acontecendo.

— Eu...estou tendo alguns enjoos.

— E esse enjoos vem acompanhado de algo mais?

— Vômitos, tontura... — ela é vaga na resposta.

— E quando isso com...

— Eu acho que posso estar grávida. — fala me interrompendo.

Fico surpreso e instintivamente desço meu olhar para sua barriga, mesmo sabendo que sendo recente dificilmente haveria volume ali.

— An...certo, você está com mais de 3 sintomas? — questiono retomando meu olhar para o seu rosto. — Porque quem sabe possa ser outra coisa.

...— Eu queria que fosse, mas estou com esses enjoos, minha menstruação não desceu ainda... estou preocupada....

— Ok, então vou solicitar um exame de sangue para você. — digo e ela assente.

Faço uma guia solicitando um exame beta hcg e a entrego.

— Pode coletar o sangue aqui mesmo. O resultado sai em algumas horas, no máximo um dia. Quando pegar o resultado, retorne aqui, se for caso de gravidez te encaminho para uma obstetra/ginecologista, se não for, vamos descobrir o que há de errado. — explico e ela só concorda.

— Obrigado, doutor.

   Ana Luísa se levanta e eu faço mesmo, indo em direção a porta para abrir pra ela que gradece com o olhar e sai.

  Tiro meu jaleco, pego meus pertences e fecho o consultório.

— Bonita ela. — ouço a voz de Rômulo e me viro para olhá-lo. — A mulher que saiu daqui. Qual era o caso?

— Suspeita de gravidez.

— Ah, então já é comprometida.

— Não usava aliança. — acabo falando sem pensar e Rômulo ergue uma das sobrancelhas.

— Não acredito que reparou nisso, Théo.

— Para de falar como se você não fizesse isso também com as mães de seus pacientes.

— Eu faço, mas eu sou cafajeste, você não. Enfim, vim te chamar para almoçar, pode agora?

— Sim, mas não posso demorar muito tenho uma cirurgia ainda.

   Rômulo concorda e nós saimos. Passamos pelo corredor onde havia a enfermaria e vi Ana Luísa. A encaro por alguns segundos, mas logo me repreendo. Não podia ficar secando ela, eu estava no meu horário de trabalho e ela era minha paciente, além de que devia ser comprometida.

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Comments

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