...Théo Almeida...
Rejeito pela terceira vez a chamada da minha mãe no meu celular e resolvo colocá-lo no modo avião para não ser mais perturbado. Ainda era muito cedo para ela ficar me enchendo com os mesmos assuntos de sempre.
Dou um gole em meu café e sinto alguém tocar em meu ombro.
— Já está se enchendo de cafeína? — Rômulo, meu amigo pergunta parando ao meu lado.
— Só repondo as energias.
— Repondo as energias, é? — questiona levantando uma das sobrancelhas.
— Não é nada disso que você tá pensando, não. Só que essa jornada de atender consultas, emergências e cirurgias têm me cansado mais do que o normal. — desabafei. Eu amava meu trabalho, toda dedicação que eu havia tido com certeza tinha válido a pena, mas as vezes eu sentia que não ia aguentar de tanto cansaço.
— Você precisa descansar, relaxar e parar de viver tanto para sua profissão, existe um mundo fora da medicina, Théo. — suspirei sabendo que meu amigo estava certo. — E vamos combinar que já está ficando velho, precisa se arranjar logo com uma mulher antes que nenhuma mais olhe pra você. — brincou.
— Disse o comprometido. — rebato ironicamente, terminando meu café. — E só tenho 30 anos, caso tenha esquecido, não estou velho.
— Que seja. Por onde anda aquela mulher que você saia algumas vezes? — ele muda de assunto.
— Nathalie? — questiono, lembrando de uma das únicas mulheres que Rômulo chegou a conhecer.
— Sim, você podia voltar a sair com ela.
— Nathalie era só um casinho sem compromisso e não a vejo a mais de dois anos. Também acho que não tenho mais paciência para me envolver assim com alguém.
— Assim como?
— Tão superficialmente, talvez esteja na hora de encontrar alguém mesmo, mas pra algo sério.
— Ótimo, então devemos procurar essa mulher. Vamos sair na sexta a noite. — disse em um tom animado.
— Sem chance, tenho plantão e vou pegar o final de semana pra descansar. — digo e ouço meu bip tocar indicando que eu deveria ir para o consultório e iniciar o atendimento. — E não tenho pressa, na hora certa essa mulher vai aparecer.
Rômulo me olha desacreditado. Visto meu jaleco e sigo para o consultório. O dia hoje seria longo.
A cada paciente que saia da minha sala, sentia meus olhos pesarem mais. Precisava de uma nova xícara de café.
Olho para o nome de mais um paciente na ficha e abro a porta para chamá -la, já que assistente não estava hoje.
— Ana Luísa Machado. — digo e levanto meu olhar para ver de quem se tratava.
Uma mulher baixa, de cabelos castanhos e um rosto angelical se levanta e caminha em minha direção. A olho encantado com sua beleza e automaticamente todo meu cansaço desaparece.
Ana Luísa para perto de mim e eu finalmente saio da frente da entrada e a convido para entrar. Fecho a porta para termos mais privacidade e peço para que se sente e sinta-se a vontade, pois é evidente seu nervosismo.
Com as mãos sobre o colo e mordendo repetidamente seu lábio inferior, ela encosta as costas na cadeira em frente a minha mesa. Me encaminho até meu lugar e me sento, encaro Ana Luísa e sem nem perceber desço meu olhar para suas mãos notando a ausência de qualquer aliança. Será que ela era de fato solteira?
Foco, Théo.
— Então, Ana Luísa, pode ficar tranquila. Você me diz o que está sentindo, eu faço algumas perguntas, se precisar faremos exames e cuidaremos de você. — ela assentiu. — Certo, pode me dizer o que está acontecendo.
— Eu...estou tendo alguns enjoos.
— E esse enjoos vem acompanhado de algo mais?
— Vômitos, tontura... — ela é vaga na resposta.
— E quando isso com...
— Eu acho que posso estar grávida. — fala me interrompendo.
Fico surpreso e instintivamente desço meu olhar para sua barriga, mesmo sabendo que sendo recente dificilmente haveria volume ali.
— An...certo, você está com mais de 3 sintomas? — questiono retomando meu olhar para o seu rosto. — Porque quem sabe possa ser outra coisa.
...— Eu queria que fosse, mas estou com esses enjoos, minha menstruação não desceu ainda... estou preocupada....
— Ok, então vou solicitar um exame de sangue para você. — digo e ela assente.
Faço uma guia solicitando um exame beta hcg e a entrego.
— Pode coletar o sangue aqui mesmo. O resultado sai em algumas horas, no máximo um dia. Quando pegar o resultado, retorne aqui, se for caso de gravidez te encaminho para uma obstetra/ginecologista, se não for, vamos descobrir o que há de errado. — explico e ela só concorda.
— Obrigado, doutor.
Ana Luísa se levanta e eu faço mesmo, indo em direção a porta para abrir pra ela que gradece com o olhar e sai.
Tiro meu jaleco, pego meus pertences e fecho o consultório.
— Bonita ela. — ouço a voz de Rômulo e me viro para olhá-lo. — A mulher que saiu daqui. Qual era o caso?
— Suspeita de gravidez.
— Ah, então já é comprometida.
— Não usava aliança. — acabo falando sem pensar e Rômulo ergue uma das sobrancelhas.
— Não acredito que reparou nisso, Théo.
— Para de falar como se você não fizesse isso também com as mães de seus pacientes.
— Eu faço, mas eu sou cafajeste, você não. Enfim, vim te chamar para almoçar, pode agora?
— Sim, mas não posso demorar muito tenho uma cirurgia ainda.
Rômulo concorda e nós saimos. Passamos pelo corredor onde havia a enfermaria e vi Ana Luísa. A encaro por alguns segundos, mas logo me repreendo. Não podia ficar secando ela, eu estava no meu horário de trabalho e ela era minha paciente, além de que devia ser comprometida.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Erica nascimento
Que tudo nosso médico
2024-11-16
1
Neta Souza
será que ele vai assumir ela com o filho tomara
2024-03-30
5
Celma Trindade
mais perfeito impossível
2024-01-05
5