CORRIDA

DORIT

Deixamos nosso cartão de aposta com o bilheteiro e eu pergunto curiosa enquanto nos aproximamos de meu carro.

- Eu vi Uri conversando com você. O que ele disse?

- Nada que eu já não saiba!

- Como assim?

Paro próxima a porta, ele nega com um aceno e diz antes de entrar no carro encerrando esse assunto.

- Ele só quis tentar me afastar Dorit. Não foi nada demais!

Solto um suspiro pesado e deixo esse assunto morrer. Após deixa-lo em sua casa e combinar o horário de amanhã eu volto pra minha casa, entro em meu quarto e sigo para minha banheira precisando muito relaxar e tentar esquecer o que aconteceu entre mim e Colin nos estábulos. Amarro meus cabelos em um coque alto e tiro minha roupa sentindo o frio arrepiar minha pele, entro na banheira e fecho os olhos soltando o ar pela boca enquanto a morna água me embala em uma fantasia erótica com a língua molhada de Colin em minha pele, me tocando em lugares nunca explorados. Mordo meu lábio me sentindo uma verdadeira libertina. Se Bruce descobrir o que aconteceu surtaria! Sorrio e pego meu celular, entro na minha agenda e passo pelo número de meu amigo, clico no de Colin e digito uma mensagem. “Eu admito que queria o que aconteceu nos estábulos, mas isso não pode acontecer novamente... não está no acordo. Podemos ser amigos.”

Envio tentando não ficar nervosa com sua resposta que demora apenas alguns segundos. Abrindo eu leio ”Eu quero ser seu amigo que ocasionalmente te dá orgasmos. Pode ser?”. Sorrio com sua audácia. Desligo meu celular e penso no assunto. Uma amizade colorida? Respiro fundo não conseguindo acreditar que realmente estou pensando nessa possibilidade. Ele desperta questionamentos no meu intimo que antes eu não tinha posto em questão. Como o peso que carrego para agradar meus pais em nome do que acreditam, em nome da nossa religião que às vezes pode ser tão cruel com as mulheres. Fecho os olhos não querendo pensar nisso, não querendo questionar o jeito em que fui criada. Porque isso só traria problemas maiores do que os que estou tendo de lidar nesse momento.

- Consegui fazer com que duas pessoas apostassem em Dandara.

- Quem?

Colin pergunta sorrindo pra mim e eu aponto discretamente para as duas mulheres próximas do corrimão na arquibancada.

- Elas são banqueiras, Bruce me confidenciou que ambas tem um caso...

- Então elas apostaram na nossa égua por motivos não muito puros...

Confirmo sorrindo, desconfio que sim. Elas são as únicas mulheres do recinto que sempre ouvem meus palpites. O restante é tudo puxa saco de seus maridos ou simplesmente não confiam no discernimento de pessoas do seu próprio sexo. Espalmando sua mão em minhas costas, próximo demais de minha bunda ele diz baixinho ao meu lado me fazendo corar.

- Eu não as culpo, apostaria uma fortuna inteira em tudo que você palpitasse só por ser gostosa!

- Colin!

Repreendo-o, mas lá no fundo sinto pequenas borboletas revirarem meu estômago de um jeito que me faz querer ouvir mais do seu jeito ousado de me elogiar. Acariciando minhas costas ele pergunta com toda sua atenção sobre meu rosto que queima com a sensação de seus carinhos.

- E quanto elas apostaram?

- Dez mil. Se ganharmos o dinheiro é seu...

Digo quase em um sussurro encarando seus olhos, ele sorri e pergunta ainda aprendendo sobre as apostas.

- Em que categoria estamos apostando?

- Apostamos no vencedor, o que ganhar em primeiro lugar.

- Tudo bem. É melhor irmos para nosso lugar então...

- Sim.

Concordo sem conseguir me mover, ainda presa em seu olhar. Sua mão segura a minha e sorrindo ele me liberta do transe que entrei. Guiando-me nós sentamos na primeira fila bem ao lado de meu pai.

- Oi filha, já vai começar. Colin!

Ele aperta a mão de Colin e eu pergunto estranhando Uri não estar em seu lugar.

- Uri se atrasou?

- Ele me ligou, disse que não conseguiria vir hoje. Apareceu uma urgência em sua empresa...

- Entendo.

Relaxo instantaneamente e sorrio apreciando o dia fresco que faz hoje. O barulho do tiro anuncia a largada e Colin pergunta ao meu lado enquanto procura por nossa égua.

- Em que posição saímos?

- Quinta baia...

Aponto para a égua malhada em tons de marrom e branco, ela é simplesmente linda e veloz. Ganhando velocidade ela rapidamente alcança o segundo lugar e eu quase não consigo me conter em meu acento quando na última curva ela ultrapassa o atual vencedor invicto que com certeza, meu pai e Uri apostaram.

- Isso, isso, issoo...

Pulo ao mesmo em tempo que Colin. Dandara ganha em primeiro lugar e quando dou por mim estou nos braços de Colin que me abraça apertado. Um misto de sentimentos me inunda culminando em meu coração. Ele se separa um pouquinho e diz sorrindo pra mim daquele jeito que me deixa sem ar.

- Ganhamos! Graças a você minha linda.

- Vocês apostaram na égua?

Meu pai pergunta e eu me desvencilho lentamente dos braços fortes de meu parceiro. Concordo com um aceno e Colin diz ao meu lado.

- Sim! E dessa vez não foi sorte Sr. Youssef. Sua filha tem um bom olho para vencedores!

Voltando seu olhar pra mim com um brilho diferente ele sorri um pouquinho e diz piscando pra mim.

- Ela teve a quem puxar!

Sorrio pra ele e logo arrasto Colin para a bilheteria pegar nosso prêmio. Agradeço as duas banqueiras que entraram na aposta conosco e quando estou saindo com Colin do hipódromo pergunto entregando o cheque de dez mil em suas mãos.

- O que vai fazer com o dinheiro?

- Vou dar pra minha mãe de presente esse cheque.

- Boa escolha!

Digo querendo saber mais sobre sua mãe, sobre ele, droga eu estou me envolvendo. Pego as chaves do carro e ando na sua frente confusa com o que quero e o que sei que é certo. Ouço o barulho de um celular tocando e quando paro próxima a porta do motorista eu o vejo atender a ligação.

- Colin falando...

Seu rosto rapidamente muda, ficando pálido e visivelmente nervoso ele pergunta alterado.

- Mas ela está bem?

Entendendo que se trata de algo importante eu me aproximo dele e ouço ele dizer.

- Eu estou indo, chego em algumas horas...

- O que houve?

Pergunto quando desliga o celular. Com olhos marejados ele diz.

- Minha mãe teve um ataque cardíaco. Eu preciso ir vê-la!

- Ah meu Deus! Eu te levo...

- Ela mora em Montauk é quase uma viagem Dorit.

- Eu sei, duas horas de carro. Eu dirijo!

Respondo sem dar chance de ele me questionar, corro pra dentro do carro e olho pra ele pela janela. Encarando-me como se não estivesse acreditando que realmente vou com ele Colin concorda limpando seus olhos e entra no carro. Passo em casa e faço uma pequena mala para o caso de precisarmos ficar mais de um dia, ele faz o mesmo e logo nós estamos na estrada em direção a casa de sua infância.

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Comments

Nany💕

Nany💕

que lindo a atitude dela, levar ele até a mãe

2022-08-22

0

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