Ayla despertou com uma dor de cabeça imensa, assim que abriu os olhos ela percebeu que não estava mais na van e sim no que parecia um quartinho pequeno e simples onde só tinha uma cama e uma mesinha com um sanduiche, um suco e um bilhete.
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Coma tudo, precisa se alimentar!
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Ayla olhou para o bilhete sem entender nada, sua barriga roncava de fome mas ela sabia que não conseguiria comer nada, ela sentia como se algo estivesse dentro de sua garganta a atrapalhando respirar direito, ela se sentou na cama novamente e abraçou os joelhos tentando se acalmar, mas em sua cabeça se passavam as imagens do massacre no ônibus, de seu irmão chorando e sangrando, e o rosto de Orfeu olhando em seus olhos, as imagens rodavam e rodavam sem parar e ela não conseguia se acalmar, as lágrimas começaram a sair e sua mente a levou a imagem do rosto de sua mãe e de Alev, o sorriso inabalável e as brincadeiras, ela tentou pensar nisso mas ao mesmo tempo sua imaginação a levou a um buraco escuro e sem fim, oque teria acontecido com as pessoas que ela amava e nunca mais veria?
Depois de um tempo na mesma posição e já sem lágrimas para chorar, Ayla ouviu o som da maçaneta do quartinho se abrindo e o corpo grande de Orfeu quase tomou todo o espaço, Ayla não se atreveu a olhá-lo nos olhos e não falou nada.
Orfeu: Porquê não comeu?
Ayla:...Não...consigo...
Orfeu: *suspiro* Precisa comer, vai conhecer alguém amanhã e precisa estar forte, entendeu?
Orfeu falava em um tom neutro que fazia Ayla ficar ainda mais confusa, ela ainda não olhou ele nos olhos e assentiu, o homem se aproximou e colocou um prato com pedaços de bolo na mesinha e passou os dedos pelo cabelo dela novamente, Ayla fechou os olhos apertados esperando pelo proximo movimento dele mas ouviu o barulho da porta e quando abriu os olhos ele não estava mais lá.
Ayla soltou todo o ar de seus pulmões e olhou para a mesinha, o bolo estava com um cheiro ótimo e sua barriga não parava de roncar, ela fez um esforço e começou a comer, logo sua garganta se abriu e ela acabou com tudo que estava ali e bebeu até a ultima gota do suco, algumas horas depois chamaram ela junto com as outras mulheres e as levaram até um lugar como um banho público gigante, todas se lavaram e receberam roupas novas, e voltaram para seus lugares, Ayla parecia estar sendo tratada de maneira diferente mas ela não iria perguntar, assim que voltou para seu quartinho ela não tinha mais nada a fazer a não ser dormir, e foi oque ela fez, embora com muita dificuldade, ela ficou olhando para o teto e observando um penduricalho de bamboo que ficava pendurado no teto e depois de um tempo o cansaço a venceu e ela adormeceu.
*Dia seguinte*
Ayla acorda devagar e se espreguiça, ela sente seus pés batendo em algo e assim que levanta a cabeça dá de cara com Orfeu a olhando fixamente.
Ayla: AHHHH! (tapando os olhos)
Ayla toma um susto tão grande que tampa os olhos com as mãos e se encolhe com o coração a mil.
Orfeu: *risos* Sabe...eu nem sempre fui feio assim...
Orfeu fala em um tom brincalhão e Ayla levanta os olhos olhando no rosto dele com certa dificuldade.
Orfeu:...Eu tinha uma filha...Ava era o nome dela...se parecia com você, principalmente os longos cabelos escuros...ela era a menina mais linda desse mundo, seria um pouco mais velha que você se estivesse viva hoje...
Ayla prestava atenção no que o homem falava e percebeu seus olhos tristes e saudosos, derrepente uma parte do medo que ela sentia se foi.
Ayla: Oque...aconteceu com ela?
Orfeu: Ela foi morta...abusaram dela e da a minha esposa, elas resistiram...eu fui atrás de quem tinha feito aquilo e acabei assim (apontando para as cicatrizes) e com uma dívida que me faz ir atrás de mulheres para serem prost*tutas...*risos* que coisa é o destino não é?
Ayla olhou nos olhos do homem que já não parecia mais aquele que ela tinha visto, parecia alguem fraco e cansado, mas Ayla apenas ficou quieta e Orfeu olhou nos olhos dela por um tempo.
Orfeu: Vamos...tem alguém que está te esperando...
Nesse momento todo o medo de Ayla voltou em uma pancada só e ela se agarrou na colcha da cama.
Ayla: Que...quem?
Orfeu: Seu novo dono...eu sinto muito, mas não posso fazer nada para te ajudar menina, venha...
Ayla hesitou e se levantou acompanhando Orfeu pelos corredores, eles subiram as escadas e só depois disso Ayla percebeu que ela estava em um tipo de porão de um hotel, eles foram entrando nos corredores até onde uma parte bem pequena das outras mulheres estava, junto com alguns dos capangas.
Orfeu: Descartou o resto?
Homem 1: Sim senhor, já foram encaminhadas...essas são as melhores da leva de hoje.
Orfeu: Certo...ele já chegou?
Homem 1: Sim senhor, ele está te esperando lá dentro...
Orfeu olhou para a grande porta e olhou em volta encontrando os olhos de Ayla que o encarava, ele desviou o olhar e entrou na sala, depois de alguns minutos ele saiu novamente e chamou a todas para entrarem na sala, era um ambiente amplo e bem decorado, com vários livros e detalhes em mármore branco, Ayla entrou olhando para todos os lados e assim que todas as mulheres pararam de andar ela abaixou o olhar encontrando o rosto de um homem mais velho sentado atrás de uma mesa e ao lado dele um homem mais jovem que olhava diretamente nos olhos dela, os olhos dele faziam Ayla tremer de medo, ela não sabia oque aqueles dois homens estavam pensando e nem oque aconteceria com ela a partir daquele momento.
? (mais velho) : As apresente Orfeu...
Orfeu: Sim senhor Taylor...
Orfeu olhou para as mulheres e se aproximou, elas estavam em fila uma ao lado da outra, todas quietas e olhando para o chão, Orfeu as perguntava seus nomes e idades e repassava em voz alta para os dois homens, assim que chegou em Ayla ele hesitou um pouco e se curvou para ficar da altura dela.
Orfeu: Me fale seu nome e sua idade...
Ayla: Ayla, 12 anos...
Assim que falou sua idade os olhos de Orfeu se transforamaram em poços de arrependimento e culpa, ele respirou fundo e virou para os homens.
Orfeu: Ayla, 12 anos, senhores...
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Atualizado até capítulo 146
Comments
Elza Silva
é difícil acreditar em tráfico de mulheres né mas isso faz parte da nossa vida real quantas mulheres quantas crianças são levadas para o tráfico humano e elas jamais vão saber da sua família de origem são poucos que conseguem se recuperar sem contar aqueles que são mortos né nesse tráfico humano
2024-02-10
1
CássiaLuz🌻
Infelizmente é cúmplice
2023-12-31
4
Juliana Da silva
n adianta ficar arrependido pq vc sabia q ela era criança
ou pensou q ela era uma adulta pelo tamanho? idiota
2023-11-14
0