Prazer, Carolina

Carol

Madrugo novamente para minha corrida matinal, em breve farei os testes físicos para o curso de formação de piloto para aeronaves de grande porte, não posso correr o risco de ser reprovada. Estou no auge da minha forma física, me sinto ótima e treino todos os dias.

Atualmente tenho vinte e quatro anos, minha descendência alemã me trouxe muitas vantagens, tenho 1.75cm de altura, sou loira e tenho olhos verdes tão claros quanto uma esmeralda. A genética da minha mãe também era muito boa, seios médios e bumbum avantajado. Sei que chamo muito a atenção masculina, infelizmente até demais.

Sou órfã, os meus pais morreram num acidente aéreo, quatorze anos atrás, um piloto irresponsável tirou eles de mim. Depois que eles morreram a minha tia Sara ficou comigo, mal sabia eu que a partir dali além de perder os meus pais, a minha vida se tornaria um inferno, eu não tinha outra opção a não ser ficar com ela ate a minha maioridade, já que legalmente ela era a minha tutora.

Ela achava-me um peso a mais na vida dela, pois além de mim ainda tinha duas filhas que sempre me odiaram e eu não entendia o porque.

Fui abusada e estuprada pelo marido dela duas vezes, ele tirou minha inocência aos quinze anos, para completar tia Sara nos pegou e disse que a culpa era minha, que eu quem tinha seduzido o marido dela.

Por isso fui espancada diversas vezes por ela, pelo marido e era diariamente lembrada que ali não era o meu lugar, era uma intrusa que estava ali apenas pelo meu dinheiro.

Nunca consegui falar disso com ninguém, até hoje não suporto que nenhum homem encoste em mim. Lembro daquele homem bêbado com nojo, tenho pesadelos diariamente, a pouco resolvi procurar ajuda de um psicólogo, ultimamente tenho-me sentido um pouco até melhor.

Eu chorava todos os dias calada. Nunca tive nada meu, sempre ficava com o resto das roupas, brinquedos ou qualquer coisa que elas não precisassem mais.

Ela só não me colocou na rua, pois meus pais em testamento me deixaram muitos bens, uma poupança bem gorda e um salário para minha criação caso acontecesse algo com eles, mas ninguém teria acesso, só eu aos meus dezoito anos, ela tinha ódio porque queria vender tudo que era meu e não podia, então batia-me mais.

Todos os meses ela recebia um bom salário, tipo seguro que os meus pais fizeram, a única coisa que ela pagava era a minha escola, foi exigência dos meus pais em testamento e isso ela tinha medo de retirar devido ao conselho tutelar, o restante do dinheiro ela ficava com tudo, e entregava ao marido, que era alcoólatra.

Se ela não desse o dinheiro a ele, ele batia tanto nela quanto em mim, infelizmente essa foi a minha adolescência, mas um dia os dois ainda irão pagar-me por toda a humilhação que passei e por tudo que fizeram a mim.

No dia que completei dezoito anos, fugi da casa dela, tinha uma pequena reserva guardada, aluguei um pequeno quarto num bairro distante, já terminara os estudos e pude enfim recomeçar.

Sempre estudei muito, inclusive sobre finanças, a primeira coisa que fiz quando pude ter acesso ao meu dinheiro, foi comprar um belo de um apartamento e um carro para mim, depois apliquei todo o restante, isso me rende um ótimo valor.

Liguei um dia para ela só a título de informação mesmo, não queria ser dada como sequestrada, falei que ela nunca mais veria a mim nem a cor do meu dinheiro, ainda levei nome de ingrata, pois ela queria continuar a receber meu salário, praticamente era noventa por cento da renda deles, mas eu não estava preocupada, arrumasse um emprego e fossem trabalhar, vagabundos.

Tinha uma amiga de escola, a Nanda. Ela sempre me ajudava quando estava na pior, a amo de todo coração, foi a irmã que não tive.

Depois do curso, também fiz um ótimo amigo que também é piloto, o nome dele é Maurício, sempre voávamos juntos sendo piloto ou copiloto, um galinha. Ele é um gato, porém é apaixonado pela noiva Isabela. Ela morre de ciúmes de mim por isso não temos como sair, contento-me com as horas de trabalho ao lado dele.

Faço terapia três vezes na semana, a morte dos meus pais mudou radicalmente a minha vida, sofri muito. Mas me mantive forte pela lembrança deles, não deixarei nada do que aconteceu com eles impune.

Devido a tragédia, me familiarizei muito com a aviação, acabei me apaixonando. Comecei uns cursos de piloto experimental, passei para piloto privado e depois comercial.

Minha escola era a melhor da capital, falo três idiomas, todo meu esforço até hoje foi para me preparar para minha vingança, que está mais próxima do que posso imaginar.

Sei que não trará eles de volta, mas sinto que devo isso a eles. Pelo laudo do acidente, o culpado foi o tal do piloto por negligência, aquele cara tirou tudo de mim e destruiu a minha vida.

Acompanhei em silêncio a criação dos filhos dele, ele pode ter morrido, mesmo assim a família era unida e feliz. O filho mais novo também é piloto, o foco da minha vingança será ele, fisicamente ele é igualzinho ao seu pai, tenho ânsia de vómito quando o vejo.

Eu não tenho mais nada a perder, aquela família feliz me pagará por cada sofrimento, cada lágrima derrama e por tudo que eu sofri até hoje.

O nome dele é Pedro, estudávamos em séries diferentes, acompanhei toda a formação dele e da irmã. No fundo, tenho inveja, eles pelo menos tiveram a presença da mãe.

Nao sou feliz, tornei-me uma pessoa amargurada e triste, o que me move é apenas a minha vingança.

Iolanda

Hoje amanheci com uma saudade enorme do Lorenzo, ter perdido o amor da minha vida naquele acidente terrível foi a pior coisa que me aconteceu.

Criar nossos filhos sozinha, por mais dinheiro que ele tenha deixado, foi muito difícil para mim, a presença dele nunca foi substituída ou esquecida.

Não me interessei por mais ninguém, vivo em função dos meus filhos e tenho o maior orgulho dos dois.

Me preocupo um pouco com o Pedro, acho ele um pouco disperso, nunca para com a mesma mulher, ainda não conheci uma namorada séria dele, já pensei até que ele fosse gay. Mas depois da quantidade de mulheres que ligam aqui oara casa, mudei de opinião.

Agora ele irá viajar e passar um ano estudando fora. A Cecília é médica, tem o trabalho e a vida dela, ela é noiva a dois anos do Daniel, ele também é médico e é muito bom para minha filha.

Eles virão passar um tempo na minha casa, até se casarem. Amo o Daniel como filho, mas também não posso exigir que eles fiquem comigo todo esse tempo.

Eles precisam urgentemente me dar um neto, vou cuidar como se fosse filho, dizem que neto são duas vezes filho, serei a melhor avó e irei paparicar muito todos eles.

O Pedro que me fazia companhia, vou sentir muita falta do meu menino. Queria muito ele com alguma mulher de boa índole, que cuidasse dele, após a morte do pai vi que ele se retraiu muito. Só pensava em estudar e seguir a mesma carreira dele.

Eu morro de medo de um acidente, nao vou negar, já perdi meu marido, perder um filho não iria aguentar.

Carol

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Comments

Vó Ném

Vó Ném

Olá autora estou gostando muito da sua história....
.Aposto como vem romance aí...

2024-01-22

0

Fbiana De Santos

Fbiana De Santos

linda história parabéns autora sucesso

2023-11-28

1

Claudia

Claudia

acredito que tenha sido provocado o acidente.... não foi culpa do piloto.....

2023-08-20

0

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