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Capítulo 3
Nina
Loren ria da minha expressão.
Cínico.
Então, ele se lembrava de mim.
— Senhor presidente… — tentei manter minha voz firme.
Ele inclinou levemente a cabeça, me analisando.
— Poul é o pai do seu filho, não é?
Meu coração disparou.
— Não precisa responder. A resposta está no seu rosto.
Baixei o olhar. Eu estava mesmo tão transparente assim?
Loren continuou:
— O que aconteceu naquele bar ficou no passado. Não me desaponte profissionalmente.
Assenti rapidamente.
— Sim, obrigada, presidente.
Ele deu um meio sorriso antes de acrescentar:
— Ah, Nina… Pode vir com roupas mais confortáveis. O botão da sua calça pode estourar e atingir alguém.
Meu rosto pegou fogo.
Maldito!
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Os dias seguiram tranquilos, com Loren sempre se mostrando profissional e, surpreendentemente, gentil.
A única coisa que estragava meu humor? Poul.
Ele parecia gostar de me atormentar.
— Olá, Nina! Ainda insistindo nessa história de gravidez?
Revirei os olhos.
— Poul, não se preocupe com a minha gestação. Ela não lhe diz respeito.
Antes que eu pudesse me afastar, ele agarrou meu braço e me puxou para um canto mais isolado do escritório.
— Nina, Nina… Você pensa que eu vou assumir essa criança? Está muito enganada!
Respirei fundo, tentando conter o nojo que sentia.
— Me solte!
Ele apertou mais forte.
Eu precisava acabar com aquilo.
Agora.
O encarei e, sem hesitar, menti:
— Não precisa se preocupar, Poul. Lembra daquela época em que discutimos e ficamos um tempo sem nos ver? Pois bem… Eu dormi com outro homem.
Seu rosto empalideceu.
— Eu… O quê?
Assenti, mantendo a pose.
— Não te contei antes porque me senti culpada. Mas, pelas contas no médico, engravidei nesse período.
Poul ficou imóvel.
— Esse filho não é seu, Poul. Então, não devemos nada um ao outro.
Seus dedos afrouxaram ao redor do meu braço. Ele me soltou, parecendo acreditar.
Eu?
Apenas respirei aliviada.
Preferia ser mãe solteira do que permitir que esse desgraçado ameaçasse meu filho.
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Loren
Eu ia interferir, mas Nina se defendeu sozinha.
E o fez muito bem.
Minha vontade era dar um murro naquele imbecil, mas precisava manter o profissionalismo.
Quando Poul saiu, me aproximei dela.
— Nina, revisou os documentos?
Ela estava mais pálida que o normal.
— Ainda não, senhor…
Franzi o cenho.
— Você está bem?
— Sim, senhor. Eu só…
Antes que pudesse terminar a frase, vomitou.
No meu escritório.
E em mim.
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Nina
Se eu achei que minha vergonha tinha limites, descobri que estava errada.
Vomitei no meu chefe.
Que horror.
Loren me levou ao hospital, visivelmente preocupado. Mas eu sabia que não era nada além de um sintoma normal da gravidez.
Agora, sentada na sala de espera, tentava reunir coragem para encará-lo de novo.
Quando finalmente abri a porta do consultório onde ele estava, me deparei com a cena.
A porta do banheiro estava entreaberta…
E Loren estava sem camisa.
Nossa. Que tanquinho.
Respirei fundo.
Controle-se, Nina!
Abaixei a cabeça e esperei ele sair.
Ele surgiu logo depois, já vestido, me olhando com um meio sorriso.
— Senhor Blake, mil desculpas! Realmente sinto muito pelo que aconteceu…
— Nina, você me deve roupas novas.
Engoli em seco.
— Realmente estou muito envergonhada.
Ele cruzou os braços, me analisando.
— Percebo. Você está da cor de um tomate.
Ele riu, e eu queria enfiar a cara num buraco.
— Eu até pediria para você trazer meu almoço, mas depois disso, perdi o apetite.
Suspirei, aliviada por ele estar levando na brincadeira.
— Vamos ao consultório médico comigo. Preciso resolver algo.
—
Quando entramos, um médico idoso nos recebeu com um sorriso surpreso.
— Loren?
Loren parou ao lado dele.
— Dr. Ming!
— Que bom encontrar você aqui. Preciso falar com urgência.
Loren franziu a testa.
— O que houve?
O médico respirou fundo.
— Foi um erro, Loren.
O ambiente ficou tenso.
— Você não é estéril.
O silêncio que se seguiu foi absoluto.
Eu vi a expressão de Loren mudar.
Ele não conseguia processar a informação.
Então, num gesto automático, pegou o celular e discou um número.
— Laila, podemos nos encontrar?
A voz do outro lado da linha respondeu seca:
— Loren, não me ligue mais. Nosso relacionamento terminou.
Ele apertou o telefone com mais força.
— Laila, o exame estava errado. Sei que seu sonho é ser mãe. É por isso que estou ligando. Agora, não há mais nada que impeça nossa relação.
A resposta dela veio como um golpe.
— Loren, estou noiva do presidente Foster.
E desligou.
Eu observei enquanto ele abaixava o telefone, imóvel.
Em apenas alguns segundos, ele perdeu de novo a mulher que um dia amou.
E dessa vez, para sempre.
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Atualizado até capítulo 30
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