V

Acordei no dia seguinte com os raios de sol batendo contra meu rosto. Olhei ao redor e não havia ninguém, nem mesmo uma só empregada. Tentei levantar, mas então percebi que tinha um cobertor sobre mim, que não lembrava de ter pegando noite passada. Será que ele...?

— Querida, que bom que finalmente acordou.

Seguir a voz e Olívia estava me olhando docilmente com uma bandeja de comida nas mãos. Claro né Sabrina! Como você imaginou que aquele grosseiro iria se importar tanto assim com você?! Principalmente quando quase jogou aquele vaso na cabeça dele. De qualquer forma ele mereceu e muito.

— Não precisava ter se incomodado.— disse ao colocar a bandeja na mesa de centro.

— Não foi nada Melissa.— ela deu um sorriso, mas logo sua expressão ficou séria.— O meu filho fez algo ruim não foi?!

— Foi apenas uma discussão boba.— disse não querendo a preocupar.

— Eu duvido muito. Aquele moleque, não sei o que faço com ele.

Olívia realmente parecia preocupada, ela estava sendo tão boa e atenciosa comigo, mas tudo que eu fazia era lhe trazer mais preocupações. Ela já estava aflita com o filho e agora comigo. Espero que ninguém tenha falado nada com ela sobre a noite passada.

Fui até o outro sofá em que ela estava e peguei em sua mão gentilmente. Ela precisava de um conforto e se Jack não iria dar, eu iria.

— Não se preocupe, somos um casal e é comum termos uma discussão.

— Eu sei que você é uma boa garota e eu sei o filho que eu tenho. Por isso acredite quando eu digo que antes ele não era assim.— eu percebi que ela estava segurando as lágrimas.— Melissa por favor, tenha paciência e não desista dele. Meu filho é um bom homem.

De repente uma dor tomou conta do meu peito. Desde que havia entrado naquela casa, a culpa finalmente tinha invadido meu coração. Fingir ser outra pessoa e está enganando uma pessoa tão boa quanto Olívia estava fazendo com que eu me sentisse horrível. Uma pessoal má.

Então já que não podia fazer nada para acalmar meu coração e fazer o sentimento de culpa ir embora, iria fazer o máximo para acalmar as aflições dela, era o mínimo que eu poderia fazer. Pelo menos quando eu fosse descoberta não me sentiria tão suja.

— Não se preocupe Olívia, vou fazer o meu melhor para que eu e seu filho nos dei bem.— confirmei confiante.

— Obrigada.— seu rosto voltou a irradiar luz.— Agora coma, porque hoje planejei um dia de sogra e nora.

Eu sorriso também cresceu.

— Tudo bem.

Assim que terminei meu café, coloquei um vestido simples lilás, pensando bem, todas as minhas roupas eram simples. E tenho uma forte impressão que foi por isso que o primeiro lugar que Olívia me levou foi para uma butique muito luxuosa. Um verdadeiro palácio da moda.

Ela me arrastou para um provador e jogou uma dezenas de roupas em cima de mim, querendo que eu provasse cada uma delas. Juro que cause tive um infarto quando vir o preço do primeiro vestido. 30 Mil!!! — O tecido por acaso era feito de ouro ou costurando com linhas de diamantes?! Gente, preferia investir esse dinheiro em cinco meses de comida.

Sair do provocar com um vestido elegante azul, longo e com um decote fundo, era lindo. Nunca tinha vestido algo tão lindo assim na vida, tirando o meu vestido de casamento, é claro.

Quando Olívia me viu, parecia que estava admirando uma obra de arte.

— Melissa, você está maravilhosa! Espera que vou pegar meu celular.

— Para quer?!.— disse nervosa.

— Quero uma foto, já que não posso ver seu rosto nas revista, quero pelo menos ter no meu celular. Agora faça uma prose e não discuta com sua sogra.

Não contestei e a deixei tirar a foto. Além do mais, se não deixasse seria capaz de Olívia contratar um fotógrafo para fazer o serviço.

Experimentei pelo menos uns 80 vestidos e minha sogra me fez levar todos e mais alguns que ela escolheu. Até tentei impedir, mas segundo ela " Uma mulher como minha beleza, precisa ter algo no corpo a altura dessa beleza" Se eu fosse seguir esse raciocínio, teria que andar nua ou em um dia ruim, com um saco de batatas, porque nem me vendendo conseguiria comprar um daqueles vestidos.

Depois da boutique a ruiva também me levou para uma joalharia e estava disposta a comprar a maioria das joias que estavam a mostra, mas felizmente a convenci que não tinha nenhuma necessidade. Bem, pelo menos cause, já que ela ainda comprou um par de brincos de diamante azul — Melhor nem saberem do valor, porque só de pensar me deixa zonza.

Por fim, fomos comer em um restaurante muito elegante. — Claro! não tinha nada que não fosse elegante naquele meio.— fizemos nossos pedidos, que logo chegaram e ficamos conversando.

— O pai do Jack era um homem maravilhoso, eu nunca vi ele discutindo ou falando alto com alguém. Ele era uma pessoa calma e gentil... E eu completamente o oposto.— Ela disse com entusiasmos e alegria na voz.

Olívia realmente era apaixonada pelo marido, na verdade ainda é apaixonada, dava para sentir isso em cada palavra que saia de sua boca. Isso era o que eu queria para mim, sentir um amor tão grande por um homem que só o olhar pudesse mostrar e que ele me amasse na mesma intensidade. Mas esse tipo de coisa sempre caminhou em uma direção completamente oposta à minha e agora estava andando em círculos.

— Você deve sentir muito falta dele?.— lhe dei um olhar confortador.

Pelo que havia pesquisado antes do casamento, Miguel O' Brian havia morrido em um acidente de avião à 5 anos atrás. Pelo o que foi apurado pela polícia, o piloto perdeu o controle e altitude, e caiu no oceano. Ninguém sobreviveu.

— Não muita.— Me surpreendi com a resposta.— Sabe quando eu acordo todo dia e vejo o Jack, é como se eu estivesse vendo o meu marido. As vezes eu queria que no lugar da aparecia, o Jack tivesse herdado o gênio do pai.

— Ele sempre foi assim, o meu marido?.

— Não, ele era alegre, gentil e cheio de energia. Um bom aluno na escola, bom nos esportes e cheio de amigos.— Olívia parecia sonhar enquanto falava.— Ele era a pura vida.

— Então, o que aconteceu?

A expressão de Olívia mudou no mesmo instante que minhas palavras chegaram até ela — Parabéns Sabrina! Estragou seu dia de sogra e nora, muito bem! —, parecia que tinha trocado em um assunto delicado. Eu iria tentar remediar a situação, mas em poucos segundos, ela voltou com sua expressão inicial, mas o sorriso que agora tinha colocando no rosto parecia forçado.

— Já está tarde, tenho que ir para a empresa e você pode voltar com Denys para casa.

— Tudo bem.— o que você fez?!

Assim que nos despedimos, voltei para dentro do carro e Denys o colocou para andar.

Minha cabeça não parava de pensar em Olívia. Às coisas estavam sendo difíceis para ela, mesmo tendo dinheiro e todos ao seu dispor, o chamado sofrimento ainda sim chegou em sua vida, porque ele não se importava com isso e nem pedia permissão para penetrar em sua vida, simplesmente entrava.

Eu tinha que tentar fazer alguma coisa para ajudar com suas preocupações e que só se resumia a uma: Jack.

— Denys, da meia volta, tenho que comprar uma coisa!

— Desculpe Sra. O’ Bryan, mas a madame disse para irmos para casa.— disse seco e frio.

Estava começando a acha que ele não gostava de mim. Isso já estava me enchendo. Eu sou a esposa do Jack e tenho direito de dizer para onde quero ir, de dizer quando volta e quando não. E mesmo se não fosse, ninguém pode mandar em mim assim.

— Olha aqui, você é meu motorista, tem que me ouvir e se não fizer isso vou te demitir!

— Eu acredito que a senhora não seja o tipo de pessoa que teria coragem de demitir uma pessoa.— provocou.

Droga!!! Sou tão transparente assim?

— Você é muito arrogante!.— joguei o meu corpo contra o banco, como uma criança derrotada.— Mas está certo...

— Tudo bem senhora, onde deseja ir?!

Finalmente! Pensei que tinha perdido o pouco de respeito que me restava.

Precisei de apenas uns 15 minutos e então voltamos para nosso percurso original. Já tinha tudo em mente, sei que vou passar por um momento te muito estresse, mas vai valer a pena. Pelo menos é o que eu espero.

Assim que o carro parou pulei do mesmo rápido e corri para dentro da mansão como um foguete — A elegância que tinha adquirido essa manhã, deixei no carro junto com as várias sacolas de compras. Nina estava bem na porta quando passei por ela e como sempre veio atrás de mim até a cozinha.

— Sra. O' Brian, precisa de ajuda?!.— perguntou enquanto me olhava tirar alguns ingredientes da dispensa.

— Pode sim, vem aqui.

~•~•~•~

Meu coração estava sofrendo um pouco de turbulência enquanto encarava a porta do escritório do Jack com um bolo de chocolate na mão. Eu com certeza seria ofendida, mas o que vem de baixo não me atinge ou eu acho que é isso.

Arrumei minha postura e abrir a porta, olhando diretamente para o local onde se encontrava a mesa. Assim que ele notou minha presença, posicionou seus olhos azuis sobre os meus. Aquilo mexeu comigo de alguma forma. Respirei fundo e fui até ele, sem dizer uma palavra.

— Espero que goste.— coloquei o bolo na sua frente.

— Não precisa se desculpar, eu já esqueci tudo.— Voltou seu olhar para o computador.

Como assim me desculpa?!! Você que deveria se desculpar comigo arrogante, imbecil, irritante, convencido, fútil — Calma Sabrina, calma! Lembra-se do seu objetivo maior — que é meu marido. Respirei fundo e virei meus calcanhares para ir embora.

— Não vai me responder ou discutir comigo?!

— Não tem porque, se você acha que está certo, por que uma das minhas palavras mudaria isso?.— disse sem olhar para sua cara, apenas fui embora.

Muito bem Sabrina!!! Você merece o resto daquele bolo de chocolate, na verdade um banquete.

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