Assim que soubemos de sua segunda gravidez inesperada, muito mudou.Eu estava em um período que quase toda semana tinha de viajar para as filiais, portanto não pude curtir cada passo desta gestação tal como fiz na primeira vez .
Julliane sentia se radiante..estava feliz..desde o primeiro dia até os momentos finais, ela seguiu todas as recomendações médicas com exito.
Fez todas as consultas de ore natal, seguiu todas as orientações médicas, tudo trancorria normal.
Era noite do dia 23 de dezembro de 1998.
Eu havia acabado de chegar no meu quarto de hotel. Estava exausto tinha sido uma reunião bem complicada. Tudo o que eu mais queria era um banho e uma cama onde finalmente eu pudesse me desligar, para que no final de tarde do dia seguinte eu pudesse voltar para o aconchego do meu lar.
Assim que entrei no quarto, joguei minhas coisas sobre o sofá que havia ali já arrancando a gravata e o terno deixando em cima da poltrona. Logo fui até a cama e me joguei chutando meus sapatos pra longe..Após abrir minha camisa foi que peguei meu celular e liguei para minha doce mulher.
liguei para Julliane que mesmo com a diferença de seis horas de fuso horário me atendeu de primeira e disse que estava tudo bem. Ela contou me normalmente como tinha sido seu dia , falou também da reunião da escola que foi por conta de Nicolas , e disse que não havia sentido nenhum sintoma aparente de que indicasse o momento de nossa Elisa nascer .
Me despedi dela dizendo o quanto eu a amava e não via a hora de estar em seus braços novamente, e as últimas palavras que eu ouvi dela foram.."Blake, não sei o que seria de mim sem você...eu te amo ..volta logo "
Pronto..missão cumprida ...agora eu podia descansar.
levantei da cama , tirei o resto de minhas roupas e tomei uma ducha rápida.Tao cansado eu estava que nem me dei ao trabalho de abrir minha bolsa de viagem e pegar uma roupa para dormir, enrolei a toalha em minha cintura e aos tropeços cai na cama apagando quase que instantâneamente.
A escuridão me embalava ao som da forte chuva que caia do lado de fora do hotel, quando de repente a uma certa longa distância eu ouvi um som semelhante a um toque de celular. De olhos fechados estiquei meu braço até alcançar a poltrona e o peguei entre minhas roupas, coloquei ele no ouvido e falei..
- alô? minha voz saiu arrastada e muito sonolenta ainda..
Quando ouvi a voz ao outro lado me chamar pelo meu nome, parece que inexplicávelmente meu corpo adquiriu uma força imensa, e meu coração de tal rápido que batia parecia querer sair pela minha boca..
- Blake meu filho...está acordado? Blake??
Sentei na cama em sobressalto e esfreguei meus olhos pesados . Somente aí olhei em meu relógio e vi que eram quase 4 da manhã.
- mãe??
- oi meu filho...desculpe se o acordei mas preciso que venha logo..
- mãe aconteceu alguma coisa?
- Blake venha o mais rápido possível..sua filha é linda..meu amor tem seus traços e os olhos de Julliane..
Lembro me que nem sequer despedi me de minha mãe ou até mesmo desliguei o celular....
- meu deus minha filha nasceu porra...disse a mim mesmo em meio as lágrimas.
Num misto de alegria e também um certo receio, eu já saí vestindo tudo o que vi pela minha frente, calça, camisa, sapatos e por fim prestes a deixar o quarto de hotel, o lado Blake CEO responsável ativou em meu cérebro e fez eu ligar para Stuart, meu sócio para comunicar o meu retorno imediato para Chicago e também pedir que ele assumisse a reunião e fechasse os contratos me passando tudo depois.
Desci as escadas do hotel correndo , acertei minha conta , e peguei um táxi que me levou direto ao aeroporto.
Cerca de quase seis horas depois , lá estava eu desembarcando finalmente no aeroporto de Chicago.
Assim que deixei o saguão Jonh , meu motorista já me esperava. Ele me lançou um olhar nunca lançado a mim antes , mas como eu estava num misto de sensações, de cara não me atentei ao seu estranho olhar.
Em Chicago já eram dez horas da.manha...
- bom dia senhor Blake..
- bom dia Jonh..me leve ao Chicago hospital center por favor .
- sim senhor
Durante o trajeto que era para durar apenas 10 minutos, para meu stress se estendeu por quase meia hora por conta do trânsito na cidade.
Finalmente consegui relaxar um pouco quando vi que o carro se aproximava do estacionamento do hospital.
Ao descer do carro e olhar a frente foi que o início de meu pesadelo estava só começando...
A primeira pessoa que me viu e já veio em minha direção foi meu pai.
Ele nada disse e apenas me abraçou..
- oi meu filho..
abraçado a ele , respondi..
- oi pai..
Em seguida olhei a minha frente e vi..meu irmão Jeremy e sua esposa Stella, que há anos eu não o via, A tia Mary, o tio Charlie, e até mesmo a Mia que a última vez que tive notícias ouvi dizer que estava em Paris. Ela por sinal foi a outra pessoa que correu em minha direção me abraçando em meio a lágrimas .
- ah Blake que saudades.,.
Soltei me do abraço dela e olhei a todos ali parados a minha frente, mas para mim o início de um mal pressentimento foi quando vi Nicolas abraçado a minha mãe chorando...
Confesso que aquela imagem esmagou meu coração , e como pai deveria ter exercido o meu real papel que era ir até lá e abraça- lo, mas algo em mim simplesmente me impediu de agir e permaneci no mesmo lugar aonde estava.
Foi aí que minha mãe pediu que Mia ficasse com Nicolas e veio até ao de eu estava parado sem entender nada..
Era para ela ter me dado a pior notícia de minha vida só que nao foi ela quem falou...
- oi meu filho..
- mãe o que está acontecendo? olhei desçonfiado para ela que tinha lágrimas no olhar.
Uma sensação estranha começou a se instalar dentro de mim..
- eu quero ver Julliane, e minha Elisa..
Dei uns passos em direção a entrada do hospital quando Jeremy segurou em meu braço.
- Blake, espere...
Ali naquelas palavras proferidas por ele , senti que algo tinha acontecido..
- Jeremy me solta quero ver minha mulher..
Soltei me dele e fui até a entrada do hospital novamente quando prestes a abrir a porta eu levei meu golpe fatal, a punhalada mais dolorosa que um ser humano podia sentir , e o pior eh que foi dito por quem eu jamais poderia imaginar..
- não dá mais ...
Ao ouvir a voz de Nicolas eu parei e me virei em sua direção . Ele soltou se de Mia e correu em minha direção..
Olhando friamente em meus olhos , ele apenas disse .
- a mamãe morreu papai ..eu sinto muito.
Com a mão no trinco da porta deixei a mesma cair sobre meu corpo.
Faltou me o ar, as palavras, e em uma fração de segundos vi tudo girar em minha frente , e logo um buraco enorme se abriu por debaixo de meus pés . Eu sucumbi a escuridão que me tragou de uma forma muito cruel..
Ao ouvir tais palavras, meu corpo me traiu.. abriu um abismo e simplesmente me virei e cai.
Ao abrir meus olhos lentamente me deparei com um homem de meia idade trajando um jaleco branco e uma mulher segurando algo em suas mãos que parecia ser uma bolsa de soro. Tentei me mexer mas meu corpo não me ajudava.. não tinha forças, eu me vi deitado em uma cama..olhava para o teto..e aos poucos a cruel e pior realidade de minha vida voltava a tona, o que emfatizava que de fato tudo aquilo era mesmo real.
Como assim ela se foi? Era tão simples assim? não..não podia ser..me debati algumas vezes, talvez por isso agora minhas mãos e meus pés estavam amarrados na cama .
Gritei com toda a força de meu peito e o ar dos meus pulmões...
- naaaaaaaoo....
minha mãe entrou no quarto e tentou me acalmar..nada fazia meu corpo parar de tremer , de chorar de gritar.. eu só queria ver ela uma última vez, queria sentir ela pela última vez , dizer que a amava, mas de repente tudo foi arrancado de mim , tal como levaram junto a minha alegria e vontade em viver.
Mia aproximou se de onde eu estava e disse...
- Blake sua filha eh linda..
- eu sinto muito Blake..você é forte..vai superar...disse Jeremy com certo pesar em sua voz.
Passado o desespero imediato por conta dos sedativos que me infundiram, eu me dei conta de que fazia quase três horas que eu estava ali e nem sequer tinha visto o rosto da verdadeira culpada de tudo isso, aquela que a tirou de meu convívio,aquela que a levou, tomando seu lugar.
Eu ainda não tinha visto o rosto de Elisa ..a nossa filha...
A porta do quarto se abriu e dela surgiu Nicolas que em seu mais puro silêncio e vazio no olhar aproximou se de mim e numa cena que até os médicos e alguns enfermeiros que ali estavam , juntos de todos meus familiares se comoveram, ele simplesmente veio até mim, abraçou me e disse..
- vai ficar tudo bem papai...vamos superar isso juntos...
Ali pela primeira vez em anos eu não resisti... O abracei para perto de meu peito o mais forte que pude e feito pai e filho de verdade, choramos juntos um consolando o outro pela nossa irreparável perda.
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Atualizado até capítulo 93
Comments
Edna César
mas porquê que muitas das autoras não gostam de identificar quem está falando. as vezes fica complicado identificar quem está falando. 😒🙄
2025-01-13
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Terezinha De Jesus Carvalho Ponce
Capítulo emocionante e regado de muita tristeza e desolação. Só que a pequena Elisa não tem nenhuma culpa. Ela também é uma pequena vítima.
2024-11-27
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Patrícia Barbosa Ferrari Buchud Alves
Misericórdia!!!! Que capítulo lindo e emocionante 💖
2024-09-09
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