O Garoto e a Pequena Estrela

O vento frio sopra levemente, carregando consigo o frio do rígido inverno que se aproxima. E assim passa por entre as árvores em volta da grande montanha Celeste, bem próximo a seu topo, encontra-se uma pequena casa solitária, e em sua horta, golpes de enxada contra o solo podem ser ouvidos, porém, isto está sendo feito por uma criança, e seu nome é Mateus.

O garoto vive sozinho, pois seus pais se foram a muito tempo, deixando o garoto órfão Apesar da solidão, Mateus mantém-se firme seguindo sua vida, longe dos problemas cotidianos do reino vizinho. Por muitas das vezes, sua única companhia são animais da montanha, e as várias estrelas da noite,

Assim sendo o garoto passa suas horas, observando os astros a noite e conversando às vezes.

Em uma noite, Mateus contempla as estrelas como de costume. De repente, o garoto tem a atenção roubada por uma estrela em especial, que se destaca por ser a única longe de qualquer outra estrela, como se as outras evitassem ficar perto da mesma. Assim, Mateus começa a conversar com o astro. O garoto se identifica com ela, por também estar sozinho:

-Olá.

Porém, mesmo a estrela não respondendo Mateus continua a falar:

-Porque você está sozinha aí em cima? Não é solitário? Mesmo que você não me responda eu irei falar com você está bem? Eu sou Mateus.

E assim, o garoto passa a conversar todas as noites com a estrela, sempre de forma gentil. Porém, certa noite, enquanto Mateus conversa com o astro, uma estrela cadente rasga o céu sem que o garoto percebesse, e antes de se despedir da pequena Estrela, Mateus diz:

-Eu queria que você estivesse aqui, seria muito bom ter alguém aqui comigo, eu gosto muito de você.

E assim o garoto vai dormir normalmente.

Naquela noite, Mateus sonha:

Os seus pais estavam em sua frente, mas mesmo o garoto gritando, em momento algum eles ouviam, mantendo-se de costas. De repente, uma sombra negra envolve o casal e começa a levá-los para longe do garoto. Quanto mais ele corria, mais longe ficava. Mas, a sombra para em meio a um campo verde, e um grande rio surge, impedindo Mateus de prosseguir. Os pais do garoto se viram para Mateus, dizendo:

-Nos perdoe, meu pequeno, mas você não pode mais nos seguir a partir daqui, e não podemos mais voltar.

De repente, o garoto sente que algo o puxa para trás, e quanto mais ele tentava correr, mais intensa era a força misteriosa.”

E após muita luta, Mateus acorda. O garoto percebe que já é de manhã e o sol já ostenta os primeiros raios de luz do dia.

-Foi apenas um sonho "diz Mateus"

O garoto enxuga as lágrimas do rosto e se levanta.

-Bom dia "diz uma garota deitada ao lado de Mateus"

-Bom dia "responde o garoto"

Porém, ao perceber a garota que aparenta ser quase da mesma idade, Mateus salta da cama, afastando-se assustado:

-Que... que... quem é você?

-Como assim, quem sou eu? Será que você já esqueceu o que disse ontem à noite? Que me queria aqui com você e que gostava de mim "responde a garota"

-Hein? Espere eu falei isso, mas para uma estrela.

-E o que você acha que eu sou? Eu sou aquela estrela. Quando você disse aquelas palavras, não deve ter visto uma estrela cadente passar. Após dizer aquilo, ela escutou e atendeu "responde ela"

Quando a garota terminou de falar, Mateus fica sem reação. Porém, ele se levanta,  não depositando muita fé nas palavras da garota. Mateus deduz que poderia se tratar de uma órfã sem lar, e mesmo que ela fosse perigosa, o garoto bem que gostaria de ter alguém morando junto, do que mais dias solitários e silenciosos.

-Entendo me desculpa por esquecer. Há, há, há, eu sou meio desligado "diz Mateus"

-Está bem, eu me chamo Star.

-Certo. Neste caso, eu irei me dar uma folga após regar as plantas "diz Mateus, enquanto se arruma para sair"

(preciso entender quem é ela e oque esta acontecendo aqui)

-A propósito… "inicia ele"

-Sim? "diz Star, se levantando"

-Estas roupas brancas e finas são as unicas coisas que você possui?

-Bom... sim infelizmente é tudo que eu tenho

-Entendo "responde Mateus se levantando"

-Porque? "pergunta a garota"

-Eu ainda não disse, mas eu geralmente negocio muitas coisas para vários vendedores, e se eu tiver sorte, uma mulher que vende tecidos e faz várias roupas passará pela montanha hoje, eu pegarei algo para você vestir  "responde Mateus"

-Sério? "diz Star"

-Sim, acho que isso pode se considerar um pequeno presente de boas-vindas para você.

Após a conversa, Mateus se arruma, pega vários itens e se prepara para partir, porém, antes, o garoto espia o lado de fora da porta da casa e diz:

-Eu não quero te assustar Star, mas por favor, jamais saia de casa sozinha. A montanha pode parecer calma, mas andar sozinho por ela é muito perigoso, ainda mais se você não conhece o lugar, então por favor, prometa que não irá sair e que se manterá aquecida.

-Está bem, eu prometo "responde Star"

Assim, após a conversa, o garoto parte para o pé da montanha, levando consigo vários itens. Após um tempo de caminhada, o mesmo chega ao local, e assim o garoto senta próximo a um velho carvalho, esperando pacientemente pela mulher dos tecidos.

Durante a espera, Mateus começa a pensar sobre tudo que ocorrera, pois sua mente estava confusa, e precisava organizar as coisas. Mas seu pensamento é roubado por um grupo de pessoas encapuzadas, que passam próximo ao garoto, as roupas brancas fazem Mateus se sentir desconfortável. O grupo segue lentamente montanha acima rezando.

O som das vozes juntas ecoavam de maneira sinistra e começavam a preencher o garoto de medo. Imediatamente, Mateus se levanta e segue para outro local. Assim que o grupo finalmente deixa o lugar completamente, o garoto retorna para sua posição inicial e após mais um tempo esperando, a caravana finalmente aparece, sendo acompanhada de cinco vendedores e três mercenários fazendo sua escolta, sendo que um deles é uma mulher. Assim que os mesmo percebem a aproximação do garoto um deles avança:

-Quem vem aí? "questiona o mercenário"

-Sou Mateus. Estou procurando por Anile, ela se encontra nesta caravana?

-Ela está lá atrás. Pode ir, apenas não cause problemas "responde o mercenário"

Mateus agradece ao homem, e vai em direção a uma carroça, onde uma jovem mulher se encontra arrumando os vários tecidos que vendia. Tinha diversas cores e formas e haviam muitas roupas de vários tipos e tamanhos. Quando a mesma percebe a aproximação de Mateus, ela desce da carroça e vai ao encontro do mesmo:

-Ora se não é o pequeno Mateus a quanto tempo não o vejo.

-Senhorita Anile como esta? — diz Mateus.

-Estou bem, muito obrigada — responde ela.

-Faremos uma pausa de duas horas — diz um dos mercenários.

E assim, todos os 5 vendedores encostam suas carroças no campo ao lado da estrada e se preparam para comer suas refeições. Mateus, enquanto isso, começa a conversar com Anile:

-E então o que deseja, querido? Quer alguma roupa nova para vestir? — pergunta a garota.

Porém, Mateus sorri inocentemente e diz:

-Não, eu quero levar três vestidos para criança e um conjunto de agasalhos, de preferência de mais ou menos a minha altura.

Anile se assusta:

-Mas meu pequeno vestido é para meninas.

-É para uma garota mesmo, ela está em minha casa e não tem nada decente para vestir.

- Entendo\, neste caso venha. Vou lhe mostrar o que tenho a disposição "responde Anile"

Mateus começa a ver as roupas infantis e tenta achar algo que agradasse a Star até que um vestido com estampa de pequenas estrelas chama sua atenção:

-Eu quero levar este "diz Mateus"

-Este, certo eu posso sugerir os outros dois?

-Sim, por favor "responde ele"

Assim, Anile pega dois vestidos, sendo um de cor rosa e o outro da cor azul. Após entregar as duas vestimentas e os agasalhos a Mateus, Anile vai até a carroça, pega dois sapatos pequenos e entrega junto com os vestidos:

-Leve isto com você é um presente "propõe a vendedora"

-Não, eu pagarei por eles "responde ele, mostrando honestidade, apesar da vendedora tê-los oferecido como presente"

Porém, Anile recusa e o garoto retira de seu carrinho um saco médio. Haviam mais dois sobrando e diz:

-Eu trouxe isto e outras coisas para pagar os vestidos. Tenho mel, cereais, linhas feitas de casulo das lagartas douradas, e tenho aqui o chá da donzela carmesim.

Anile pede que Mateus lhe de outra sacola do chá, pois este era difícil de se conseguir e após pegar, a mesma guarda rapidamente as sacolas, porém o cheiro da terceira atrai os olhares dos outros vendedores:

-Garoto este seria o chá que estou pensando? "diz um dos vendedores"

-Sim é feito com as pétalas da dama carmesim.

Em pouco tempo, todos se reúnem e um grande falatório se inicia ao redor do garoto, pois os vários vendedores queriam levar daquele chá, e oferta após oferta é ouvida, o falatório segue incessante sufocando um pouco o garoto até que um dos mercenários grita:

-Já chega! Mas o que há de tão especial neste chá?

-Você não sabe? A donzela carmesim é uma flor muito difícil de se cultivar e por incrível que pareça este garoto consegue fazê-lo e sou eu que vai comprar ele.

-Fiquem traquilos não tenho interesse em cha "responde o mercenario um tanto incomodado"

-O clima na montanha é bem frio, é ideal para cultivá-la, por isso eu consigo fazer "diz Mateus"

-Entendo, a propósito, onde estão seus pais? "pergunta um dos mercenários"

-Bem sobre isso...

Porém antes que o garoto pudesse dizer algo, Anile o interrompe:

-Escute Mateus, você não deveria estar indo entregar as roupas a esta garota? Se é tão frio na montanha como diz, ela deve estar congelando, e é falta de educação fazer uma garota esperar, portanto, vá logo!

Quando Mateus ouve tais palavras, o mesmo começa a se preocupar, pois além do frio castigador da montanha o garoto não conseguia tirar de sua mente a visão de Star saindo da casa sozinha, apesar de saber que sem roupas adequadas, ela não iria muito longe.

E assim, após arrumar as coisas, Mateus se despede de Anile e os mercenários e parte para voltar ao lar. Os vendedores também seguem seu caminho:

-Senhorita Anile, posso perguntar se não for incomodo? Aquele garoto sempre aparece aqui sozinho sem os pais?  "pergunta um dos mercenários"

-Na verdade, eles morreram quando ele tinha oito anos. Dali em diante, ele teve que aprender a seguir em frente sozinho. É uma história triste. Eu conheci o pai dele e posso dizer que tudo que o garoto sabe foi ensinado por ele.

-Entendo. Gostaria de ouvir esta história durante a volta da caravana, tudo bem? até porque vai deixar a viagem um tanto mais agradavel

-Eu lhe contarei "responde Anile"

-Ei não estamos nos esquecendo de nada? "diz um dos vendedores"

De repente a caravana pára e todos, menos Anile e os mercenários, gritam:

-Esquecemos de comprar aquele chá!.

E assim, o grupo segue caminho com quatro de seus vendedores aborrecidos quase desejando subir a montanha atras do garoto.

Enquanto isso, Mateus chega à casa e a sua primeira ação ao entrar, é chamar por Star:

-Estou aqui "responde a garota"

O garoto suspira aliviado por suas preocupações não terem se tornado reais, e assim que o mesmo entrega as vestimentas a Star, a mesma não demora muito para vesti-las. Enquanto isso, Mateus segue para a cozinha e começa a preparar a refeição.

-Como eu estou? "pergunta Star"

-Está muito bonita. Realmente, este vestido com estampas de estrelas combina muito com você "diz Mateus com um leve sorriso"

Star sorri e se senta próximo a mesa e começa a observar o garoto que está cozinhando:

-Então... como é lá de onde você veio? "pergunta Mateus"

Porém a garota se recusa a responder Mateus compreende e continua a cozinhar, o silêncio mantém se por um longo tempo pois o garoto nunca conversara com uma menina da sua idade e se sentia desconfortável até mesmo para dirigir a palavra a Star:

-Ouça "dizem os dois ao mesmo tempo"

-Pode falar primeiro, Mateus.

-Não, pode ir você Star, as meninas devem ser as primeiras a falar.

-Certo, eu queria saber se você viu aquelas pessoas estranhas que estavam passando aqui perto?

-Sim eu vi elas me assustam começaram a passar pela montanha já faz 4 meses eu não gosto deles e não tenho interesse algum em conhecê-los, o almoço está pronto vamos comer.

Assim ambos desfrutam do almoço e durante o dia todo conversam para se conhecerem melhor pois se não o fizessem ficaria difícil de se conviver, e o dia passa tão rápido quanto a noite cai e ambos ainda estão a conversar próximos a lareira enquanto apreciam o chá que não fora vendido:

-O que você acha do chá Star?

-É muito bom o aroma é suave o sabor é leve me sinto bem nem parece que está frio, muito obrigado

Star dá um pequeno beijo na bochecha de Mateus fazendo-o ficar vermelho.

Assim ambos se preparam para dormir pois já era tarde para uma criança estar de pé e como a casa possuía apenas uma cama Star e Mateus vão dormir:

-Boa noite Star

-Para você também

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