Capítulo 4 Um dia de desastres...

O primeiro semestre acabou, Camila saiu bem em todas as provas e não ficou de recuperação, aliás ela nunca ficou de recuperação.

As férias começaram e a Gabi viajou com a sua mãe Matilde para o interior, visitar seus avós, isso quer dizer que as férias da Camila seriam de estudar, assistir TV. ou passear com a Lope que é nada divertido.

Camila adora Lope, porém ela é igual qualquer jovem precisa de alguém da sua idade, alguém que lhe entende. Lope agora é uma senhora de 60 anos, não tem mais nem idade nem corpo para acompanhar as aventuras da Camila.

Já se passaram duas semanas de férias, Camila passou a maioria do seu tempo se preparando para o segundo semestre, assistindo alguns filmes, ela acabou de completar seus 17 anos.

Foi um dia normal, acordou cedo com os parabéns da Lope, depois foram ao cemitério levando rosas vermelhas para sua mãe, ela chorou e pediu perdão pela a infelicidade do seu pai, que ficou parado ao lado do túmulo da sua amada chorando em silêncio.

Ela voltou para casa com Lope, e o Ricardo ficou lá, provavelmente ele só voltará à noite cambaleando.

Sexta-feira de manhã, Camila ainda de pijama, uma calça xadrez nas cores preto e vermelho, blusa na cor preto e pantufas gato preto, seu cabelo preso em um coque despojado, ela está deitada no sofá com um cobertor, o clima nublado e o frio lá fora com os tons de cinza de casa ao seu redor lhe davam preguiça e tédio.

Ela estava assistindo seu filme favorito (Me before You \= Como eu era antes de você), Lope estava na cozinha preparando o almoço, peixe grelhado com legumes salteados na manteiga, quando dr. Leandro, o melhor amigo do seu pai, ligou

— Bom dia filha, tudo bem?

— Bom dia tio, estou bem e o senhor?

— Estou bem também, você esta sozinha filha? A Lope está aí com você?

— Sim tio, ela está aqui, aconteceu alguma coisa?

Lope aproximou-se quando viu a cara assustada da Camila.

— Aconteceu, mas não quero te assustar, é o seu pai. — Camila começa a tremer.

— O que é que ele tem tio? — ela perguntou preocupada

— Ele está internado aqui no hospital, sofreu um infarto.

— Meu Deus, papai — ela começou a chorar histericamente. — Lope pegou o celular da mão da Camila para entender o que estava acontecendo.

— Bom dia filho, é a Lope, tudo bem? O que aconteceu com Ricardo?

— Bom dia Dona Lope, eu vou bem e a senhora? É que o Ricardo sofreu um infarto e precisa de cirurgia urgente.

— Obrigada por avisar filho, vou tentar acalmar a

menina e vejo você daqui a pouco.

Camila estava soluçando apavorada de medo, ela não estava pronta para perder o seu pai, Lope desligou e foi abraça-la

— Calma! Calma minha menininha, ele vai sair dessa. Você acha que vai se livrar fácil dele, logo estará de volta.

— Lope! — Camila disse fraca e soluçando:

— Estou com medo de ficar sozinha.

— Não vai minha filha, o seu pai está aqui, ele não foi embora, eu estou aqui, a tia Matilde e a Gabi estão aqui também, vamos enxugar essas lágrimas, quer deixar seu pai sozinho lá?

Elas se trocaram, Camila vestiu-se jeans azul com um top branco e uma blusa folgada de lã na cor cinza para enfrentar o frio intenso do inverno e tênis branco, o cabelo continuou preso em coque.

No hospital:

Camila e Lope chegaram e foram direto ao escritório do dr. Leandro, que estava esperando por elas, ao vê-la entrando Leandro recebeu Camila com um abraço carinhoso e aconchegante, ela estava com olhos vermelhos e a sua cara toda inchada de tanto chorar.

— Filha!

— Bom dia tio! Cadê o papai?

— Ele está dormindo sob os efeitos dos medicamentos. Bom dia Dona Lope, por favor sentam-se.

— Quando vai fazer cirurgia pra ele, tio?

— Então, aqui está o problema — Camila fica preocupada e o dr. Leandro continua

— O Ricardo cancelou seu plano de saúde à muitos anos atrás, precisamos que o pagamento seja feito antes da cirurgia, me desculpe filha, são a regras do hospital.

— Sem problema tio, vou na recepção e já volto.

Camila foi para o quarto do seu pai, ele estava dormindo profundamente, aproximou-se dele, essa é a primeira vez em que Camila fica tão perto do seu pai, ela ficou parada lhe observando por alguns minutos, depois pegou o cartão de crédito da carteira dele e foi pagar na recepção.

Tentou passar o cartão várias vezes e sempre dava a mesma coisa, pagamento não autorizado, ligou para o banco questionando e descobriu que não era um erro e o seu pai está endividado para o banco.

Mais um choque para a pobre Camila, então ela pagou com o cartão que seu pai havia deixado com Lope para as despesas da casa, e garantiu mais 2 dias para o tratamento dele no UTI.

Ainda na recepção ela ligou para o advogado da família ele também é um amigo do Ricardo, o nome dele é dr. Felipe.

— Bom dia tio, tudo bem com o senhor?

— Bom dia filha estou bem e vocês?

— Tio, o papai está no hospital, estou te ligando para perguntar, como posso vender meu carro?

— Oh filha! Sinto muito pelo seu pai, mas infelizmente não pode vender seu carro, conversei muito com seu pai a respeito disso, mas ele nunca me escuta.

— Se o carro está em o nome dele, e ele está na UTI, o que posso fazer?

— É um assunto complicado filha, o carro não esta em nome do seu pai, no momento o Ricardo não possui nada, tudo está em nome do Senhor Pedro Williams.

— Como assim tio? Não estou entendendo nada! — Camila ficou perplexa ao ouvir a situação real da sua família.

dr. Felipe suspirou fundo e disse:

— Ricardo além do alcoolismo, experimentou as apostas e foi se afundando cada dia mais, ao ponto de perder tudo, me desculpe filha por essa confusão toda.

Camila abalada desligou e voltou para o escritório do dr. Leandro, seu corpo tremia, a sua cara está muito pálida e seus olhos estão arregalados, Leandro e Lope lhe ajudaram a se sentar.

— O que foi filha? — os dois perguntam ao mesmo tempo.

— Lope! Papai está falido.

Eles permanecem em silêncio

— Você sabia Lope? — Camila pergunta

— Eu sabia das apostas, mas não ao ponto dele, perder tudo.

— Tio Leandro! Quem é Pedro Williams e como posso encontrar com o presidente do conselho do hospital? A recepcionista me aconselhou falar com ele.

— O senhor Williams é o presidente do conselho, e ele nem sempre se encontra aqui.

— Me ajude tio, preciso falar com ele.

Dr. Leandro lhe entregou um cartão de visita com o nome e o endereço da empresa aonde senhor Williams passa seu maior tempo.

— Muito obrigada tio — Camila olha para Lope e disse;

— Lope eu vou pra lá agora, você poderia ficar com papai?

Lope balançou a cabeça para afirmar e disse:

— Vai com Deus filha, não se preocupe estarei aqui.

— Boa sorte filha, olha o sr. Williams é muito regido a respeito aos seus compromissos, talvez ele não aceitaria a se encontrar com você sem hora marcada.— dr. Leandro avisou Camila, que lhe agradeceu e saiu rumo a empresa do senhor Williams.

Mas afinal quem é esse tal do Senhor Williams? Vamos descobrir no próximo capítulo.

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