Promessa

Tadashi Ikeda, 9 anos, cabelos castanhos e olhos azuis. Nascido e criado em Fukui, ele cresceu brincando com Ayuka Hayashi, uma menina muito bonita, com lisos e longos cabelos castanhos, olhos da mesma cor e um ano mais nova. Os pais deles são amigos desde o colegial e moravam bem próximos um dos outros e por isso Tadashi e Ayuka cresceram juntos.

Da convivência deles nasceu uma bela amizade. O tempo foi passando e essa profunda amizade começou a se transformar em amor, mas nem Tadashi, nem Ayuka haviam revelado seus sentimentos um pelo outro.

Hoje era mais um dia como outro qualquer, e após chegarem da escola, os dois foram brincar no campo como de costume e Ayuka tinha dúvidas se deveria ou não contar sobre seus sentimentos para Tadashi.

— Não, eu falo amanhã, ainda temos tempo — pensou Ayuka.

Os dois brincaram o dia todo, e foram para casa pouco antes de anoitecer. Ayuka foi dormir pensando na decisão que havia tomado, e na manhã seguinte, acordou decidida a falar para Tadashi sobre os seus sentimentos. Ayuka estava nervosa com a situação e Tadashi percebeu logo que a viu.

— Bom dia, Ayuka. Está tudo bem? Você parece um pouco nervosa.

— Ahh...er...dá pra notar? eu estou... só um pouquinho.

— Por quê?

— Porque...bem, é que...tem uma coisa especial que quero muito te dizer. ♥

— Especial? — perguntou Tadashi com uma expressão de surpresa no rosto.

— Bem, eu ...

— Ei Tadashi — era Hinata, a mãe dele.

—Ahh, justo agora — resmungou. — Oi mãe — respondeu Tadashi.

— Eu e seu pai precisamos falar com você, pode vir aqui um minuto?

— Claro, já estou indo — respondeu, virando-se novamente para Ayuka. — Então, o que queria me falar?

— Ahh, bom...e-eu falo depois, é melhor você falar com seus pais primeiro, parece importante. Além disso, nós ainda temos muito tempo juntos.

— Ahh, bem. Acho que não tem outro jeito mesmo. Até mais então, a gente se vê.

Tadashi entrou em casa rapidamente para ver o que seus pais queriam, e Hiroshi, seu pai, estava sentado no sofá, em uma mistura estranha de felicidade e preocupação.

— Tadashi filho, como você sabe estou há algum tempo sem trabalho e nossas economias estão acabando...

— Sim, eu sei.

— Eu estava procurando emprego há algum tempo e hoje eu recebi uma boa proposta... e aceitei.

— Nossa, que ótima notícia! Parabéns pai, nós precisamos comemorar.

— Obrigado Tadashi. Mas tem uma mais uma coisa que preciso contar.

— O que houve pai? Parece preocupado.

— Tadashi, o emprego que me ofereceram é em Tóquio...

— Mas como? Não tem como ir e voltar todo o dia...

— Você tem razão, Tóquio fica longe daqui e é por isso... que nós vamos ter que nos mudar para lá.

No mesmo momento o semblante de Tadashi mudou, ao invés do rosto alegre e cheio de energia Tadashi estava com uma expressão de profunda tristeza.

— O que? Nã-não pode ser, mas e a escola? e meus amigos? E... e a Ayuka?

— Eu sei que é uma situação difícil para você, mas vai poder fazer novos amigos em Tóquio.

— E quando nós vamos?

— Amanhã no fim da tarde.

Tadashi se levanta apressadamente e sai correndo para procurar por Ayuka.

— Tadashi, onde você vai? — perguntou Hinata.

— Vou fazer algo importante! — respondeu Tadashi enquanto corria.

Assim que saiu pela porta, Tadashi foi correndo em direção a casa de Ayuka. Chegando lá ele bateu na porta e ela o atendeu.

— Oi Tadashi, o que aconteceu? Você parece assustado.

— Eu preciso te falar uma coisa. Uma coisa importante.

— Está bem.

—É sobre o meu pai ele...ele conseguiu um emprego.

— Que ótimo, fico feliz que ele tenha conseguido, e onde ele vai trabalhar?

— Em...em Tóquio.

— Tóquio? Mas como é possível ele trabalhar em Tóquio morando aqui, não fica longe? — perguntou já com os olhos já cheios d’água.

— Nós vamos nos mudar pra Tóquio. — respondeu Tadashi chorando.

— Isso não pode estar acontecendo, não agora. Tadashi, não vai embora por favor... — disse Ayuka se lançando no pescoço de Tadashi e o abraçando bem forte.

Tadashi então tirou o colar que estava usando, um colar muito especial que ele havia ganhado de sua mãe e o colocou no pescoço de Ayuka.

— Eu quero que fique com ele, para se lembrar de mim e da promessa que vou fazer agora...

— Promessa?

— Se um dia a gente se encontrar de novo, não importa onde, nem quando, nós vamos ficar juntos para sempre. Eu prometo.

— E quanto tempo nós temos Tadashi?

— Eu vou embora amanhã — disse Tadashi de cabeça baixa, com vergonha de olhar nos olhos de Ayuka enquanto chorava.

Ayuka fica paralisada, sem reação, assistindo Tadashi ir embora pra casa, sabendo que no dia seguinte seria o último dia em que ela o veria.

No dia seguinte, já no fim da tarde, Tadashi terminava de colocar suas coisas no carro enquanto os pais de Ayuka se despediam de seus pais. Ayuka olhava para seu amigo sem entender o porquê dele precisar partir. Então ela se aproxima de Tadashi e dá um abraço bem apertado nele, um último abraço antes que ele fosse embora para longe dela.

— Tadashi, quero que fique com isso — disse Ayuka estendendo as mãos com um presente.

— Obrigado, Ayuka. O que é?

— Isso é um presente, pra você não se esquecer de mim, só abra depois que for embora, tá bom?

— Está bem.

— Adeus, Tadashi.

— Até.

Tadashi entrou no carro e se debruçou no banco de trás para acenar para Ayuka pela última vez. Ayuka chorava sem parar e Tadashi não deu uma palavra o dia inteiro. Passaram-se vários meses e não tinha um dia sequer que Ayuka deixasse de pensar em Tadashi.

Ele também sentia muita falta de Ayuka e a única recordação que tinha com ele era um porta-retratos com a foto dos dois que ele recebeu dela no dia em que partiu. O porta-retratos ficava ao lado da cama de Tadashi e ele olhava todos os dias quando acordava e antes de dormir.

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