"Meu nome é Emilli Clara Rodrigues de Oliveira, vivi por muito tempo em uma cidadezinha chamada Goiabinhas no Brasil com meus três irmãos [Lucas, Eduardo e Larissa], minha mãe e meu pai.
Com 16 anos eu comecei a trabalhar então tive que deixar a escola para ajudar meus pais a sustentar a casa. Como sou a mais velha de todos meus irmãos, tinha a responsabilidade de, após o trabalho, voltar para casa e cuidar deles até nossos pais chegarem.
Nunca me incomodei de trabalhar ou cuidar dos meus irmãos, porém não deixava de sonhar entrar em uma escola novamente, e por isso nunca deixei de lado meus estudos. Não pense que minha mãe ou meu pai me obrigaram a isso, pois não foi assim que as coisas aconteceram e isso nunca afetou nossa união e felicidade como família.
Bom, depois que meu pai perdeu o emprego ficamos dependentes financeiramente. Minha mãe trabalha em uma padaria como atendente e ganhava menos que um salário mínimo, o que não dava para cobrir nem mesmo as contas que tínhamos de pagar no final do mês. Como a filha mais velha, me senti triste e detestável por não ajudá-los com as despesas de casa. Eu logo pensei em meus irmãos e meus pais. Então eu estava decidida em largar o colégio para trabalhar.
Comecei a trabalhar durante o dia até o final da tarde em uma loja de roupas, onde ganhava um salário estipulado para jovem aprendiz na época, o que ajudou bastante a manter nossa família. Minha mãe também não parou de trabalhar e às vezes fazia horas extras para cobrir algumas dispensas da casa. Meu pai fazia freelancer para um bar na parte da noite e durante a manhã entregava currículos pelo centro de Goiabinhas, que não era tão grande e a maioria das empresas não estavam em época de contratar.
Isso durou por três anos inteiros eu tentei desistir algumas vezes, mas resistia, pois sabia que minha família dependia grande parte de mim. Meus pais não queriam aquilo, eles se sentiam envergonhados, principalmente por eu não ter continuado a estudar, mas eu nunca os culpei pelos acontecimentos que passei.
Com 19 anos eu comecei a estudar novamente, eu queria me formar no ensino médio e tentar passar para faculdade. Meu pai tinha se estabilizado em um emprego, minha mãe trabalhava na mesma padaria e eu comecei a fazer freelancer para estudar.
E finalmente, aos poucos, fomos estabilizados financeiramente.
Três anos depois passei na faculdade de psicologia e comecei a estudar. Durante o dia trabalhava em uma clínica independente de saúde na nossa pequena cidade.
Passei por grandes obstáculos na minha vida, porém esse caminho me levou a tornar-me uma grande psicóloga e ser a pessoa incrível que sou hoje. Não levo esses obstáculos como um troféu de ouro, mas sim como um grande ensinamento para mim mesmo e as pessoas que passam ou passaram pelos mesmos problemas que eu. Muitos adolescentes não optam por ir trabalhar, e para o adolescente isso deveria ser uma opção não uma obrigação, porém às vezes não temos muitas escolhas, oportunidades ou até mesmo um bom direcionamento. Por isso minha resposta é, se de repente eu recebesse 2 milhões de reais, eu certamente daria para uma família que precise, uma família que passa por dificuldades assim como a minha passou, para que nenhum adolescente passe pelo que eu passei. Seria isso que eu faria se eu recebesse 2 milhões de reais"
Com amor Emilli 💕