🌸 A Cerejeira e o Vislumbre da Calma 🌕
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O escritório da Clínica Médica de Konoha estava estranhamente silencioso, iluminado apenas pelo brilho suave de uma luminária de mesa. Sakura Haruno, agora uma das ninjas médicas mais respeitadas do mundo, estava revisando gráficos, a testa franzida em concentração. A tensão do dia — cirurgias de emergência e a gestão de um hospital movimentado — pesava em seus ombros.
A porta deslizou com um som macio, e Sakura levantou a cabeça, esperando ver Shizune com mais papelada. Em vez disso, encontrou Hinata Hyūga, esposa do Hokage, que trazia consigo a aura calmante da noite. Hinata usava um quimono caseiro, e seus olhos perolados, embora cansados, brilhavam com uma gentileza inabalável.
-“Hinata?” - Sakura se endireitou, surpresa. - “O que faz aqui tão tarde? A Himawari está bem?”
Hinata sorriu, um gesto pequeno que, para Sakura, parecia iluminar a sala. - “Sim, Hima e Boruto estão dormindo profundamente. Naruto-kun finalmente conseguiu tirar a capa de Hokage por algumas horas. Eu só... precisava de um momento de silêncio, e pensei em trazer algo para você.”
Ela colocou uma pequena cesta de vime na mesa. Dentro, havia onigiri recém-feito, ainda quente, e um bule de chá de jasmim.
-“Você não comeu nada o dia todo, Sakura-san,” - Hinata disse, sua voz suave como uma canção de ninar. - “O Naruto-kun me disse que você está mais tempo aqui do que em casa ultimamente.”
Sakura sentiu um nó se desfazer em seu peito. Ela havia se esquecido completamente da fome. A preocupação de Hinata era um bálsamo inesperado.
-“Ah, Hinata,” - Sakura suspirou, sentindo os olhos marejarem levemente pela exaustão e pelo afeto. - “Você é um anjo. Obrigada. Sente-se, por favor.” - Hinata se sentou na cadeira em frente à mesa, observando Sakura enquanto a Kunoichi finalmente dava uma trégua ao trabalho. Sakura pegou um onigiri, o sabor salgado e reconfortante preenchendo sua boca.
-“É delicioso. Você sempre faz o melhor,” - Sakura elogiou.
-“Você é a tempestade que mantém este hospital vivo, Sakura-san,” - Hinata respondeu, o olhar doce e firme fixo no rosto de Sakura. - “O tempestade precisa se nutrir para comandar.”
Sakura se sentiu um pouco envergonhada pela intensidade do olhar, mas não de forma desconfortável. O olhar de Hinata não era penetrante como o de Sasuke, nem eufórico como o de Naruto. Era um olhar que via a alma e a aceitava.
-“E você é a calmaria,” - Sakura murmurou, ecoando um pensamento que ela mal sabia que tinha. - “Você é a quietude que equilibra o caos. A calma de Konoha, mesmo com toda a agitação do Naruto.”
Hinata riu suavemente, cobrindo a boca com a mão, um gesto que era puro pudor Hyūga.
-“Eu sou apenas eu, Sakura-san.”
-“Não, você não é ‘apenas’,” Sakura insistiu, deixando o onigiri de lado. Ela estendeu a mão sobre a mesa e, depois de um breve momento de hesitação, Hinata a aceitou. Os dedos de Hinata eram macios, mas havia uma força inerente neles, a força de uma kunoichi e de uma mãe.
-“Você me acalma, Hinata. Você é tão... sólida. Tão boa. Eu me sinto uma bagunça explosiva às vezes,” Sakura confessou, apertando a mão da outra mulher. Hinata virou a mão para entrelaçar os dedos com os de Sakura. Seus olhos perolados se semicerraram ligeiramente, uma expressão de profunda ternura.
-“Você é um furacão necessário, Sakura-san. Você quebra as barreiras e cura o que estava quebrado. Mas até mesmo a tempestade precisa de um momento de paz.”
O silêncio voltou, mas agora era preenchido pelo calor compartilhado de suas mãos. A diferença entre elas era clara: Sakura era a Cerejeira, forte e vibrante, explosiva na sua beleza e força de vontade. Hinata era calmaria, serena, radiante em sua gentileza e profunda em sua calma.
Sakura soltou a respiração que nem sabia que estava prendendo. Ela se inclinou, e Hinata se inclinou também, seus rostos se aproximando lentamente. Não havia urgência, apenas uma atração suave, como duas flores se curvando uma em direção à outra ao vento.
Os lábios se encontraram. O beijo não foi dramático; não havia o fogo ou a possessividade que Sakura havia experimentado com o passado turbulento. Era um beijo lento, terno, com sabor de jasmim e gratidão. Era a promessa de um refúgio, um momento em que a kunoichi mais forte e a esposa do Hokage podiam ser apenas Sakura e Hinata.
Quando se separaram, a testa de Hinata repousou suavemente contra a de Sakura, e seus olhos perolados se fecharam em satisfação.
-“Você se permite descansar agora, Sakura-san?” - Hinata sussurrou.
-“Com você aqui,” - Sakura respondeu, a voz rouca pela emoção, - “sim. Eu me permito.”
Elas ficaram ali, no silêncio do hospital adormecido, a força da tempestade se ancorando na serenidade da calmaria. Não precisavam de palavras para entender que aquele era um segredo precioso, um santuário de carinho encontrado na intersecção de suas vidas agitadas.