Capítulo I: O Despertar da Ômega
A última coisa que S/N se lembrava era o fedor de comida requentada e a tela azul do seu velho computador no sótão. Sua vida na Terra era a de uma hikikomori reclusa, cheia de arrependimentos não vividos e potencial desperdiçado.
Quando ela abriu os olhos, o cheiro era diferente: terra úmida, essências florais e... feromônios.
Ela era um bebê. E o mundo era absurdamente real.
"Meu Deus, eu reencarnei mesmo? Que clichê," S/N pensou, tentando mover seus membros pequenos.
Seu corpo recém-nascido era frágil, mas distinto: a pele pálida, e o cabelo, apesar de ser de um bebê, já ostentava a cor de neve. Aos poucos, as memórias e a nova realidade se consolidaram: Ela era S/N, filha de um casal de fazendeiros humildes em uma região remota do Reino de Asteria.
E, mais importante, ela era uma Ômega.
No novo mundo, o sistema ABO não era apenas biológico; era uma estrutura social rígida. Alfas detinham o poder, Betas formavam a maioria dos trabalhadores, e Ômegas eram vistos, na melhor das hipóteses, como criadores valiosos e, na pior, como bens frágeis a serem protegidos e controlados.
Sua primeira frustração veio ao constatar sua nova natureza. Na vida passada, ela era inútil por escolha; nesta, sua categoria social lhe impunha inutilidade.
> "Reencarnar com minhas memórias de estratégia militar e conhecimento avançado... para ser uma Ômega, cujo maior valor é a fertilidade? É o universo tirando uma com a minha cara," ela resmungou mentalmente.
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Aos cinco anos, S/N já era uma criança peculiar. Seu cabelo branco era cortado de forma totalmente desalinhada, chegando à altura do pescoço, o que lhe dava um ar selvagem e desatento, e seus olhos eram de um branco leitoso e penetrante. Enquanto outras crianças da aldeia brincavam, S/N estava lendo tomos antigos (que ela forçava seu pai a conseguir) e secretamente treinando sua manipulação de Mana.
Seu feromônio era fraco e neutro na infância, o que era uma bênção. Ela precisava de tempo.
Capítulo II: O Domínio da Mana e o Preconceito Social
O diferencial de S/N era seu imenso reservatório de Mana e seu controle de alto nível, resultado de sua alma de outro mundo e da concentração intensa de sua vida anterior.
Aos sete anos, ela conseguiu dominar a Magia Silenciosa, uma técnica raríssima que permitia conjurar feitiços sem incantamentos.
Ela praticava secretamente na floresta. Em um dia, tentando um feitiço de criação de água, ela conjurou uma esfera de água puríssima. Ao se concentrar, ela percebeu que a água não era apenas água, mas estava imbuída de uma energia estranha. Era a primeira manifestação de seu potencial mágico Ômega, ligado à sua sensibilidade natural ao ambiente.
O preconceito, no entanto, a seguia.
Um Beta local, um professor de esgrima, tentou dar aulas para S/N, mas desistiu rapidamente. "Sua concentração é excelente, criança, mas sua constituição... e você é uma Ômega. Você será fraca. Seus feromônios vão atrair problemas. É melhor se concentrar em tarefas de casa."
S/N sentiu uma fúria fria. Ela não seria definida por sua casta.
> "Se sou uma Ômega," ela decidiu. "Serei a Ômega mais poderosa que já existiu."
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Ela continuou seus estudos sozinha, usando seus conhecimentos da Terra para criar teorias de Mana. Ela desenvolveu o conceito de "Magia de Reforço Corporal" adaptada para sua baixa estatura, que ela treinava secretamente para compensar sua frágil constituição.
Capítulo III: A Jornada e a Forma Adulta
Aos quinze anos, o corpo de S/N começou sua transformação Ômega. Ela passou por um período de febres e mudanças hormonais intensas. Ao final, suas curvas se acentuaram dramaticamente. A natureza deu a ela um corpo ampulheta e seios fartos, embora sua altura permanecesse 1,55m. Seu cabelo branco, ainda desalinhado, emoldurava seu rosto já adulto.
Seu feromônio, antes neutro, estabilizou-se. Era um aroma de Gelo Derretido — limpo, frio, mas com uma doçura subjacente que gritava por um Alfa.
Ela sabia que precisava fugir da aldeia antes que seu heat chegasse e atraísse um Alfa Dominante que a forçaria a um laço. Ela pegou suas roupas de viagem, um mapa e seu cajado feito de madeira mágica.
"Eu vou aprender a lutar, aprender mais magia e encontrar um lugar onde eu possa ser reconhecida por minha mente, não pelo meu útero," ela declarou a si mesma na floresta, acionando um feitiço de invisibilidade de baixo nível.
Sua jornada foi difícil.
* Em Cidades Alfas: Ela se disfarçava com sachês de ervas para suprimir o cheiro, vestindo trapos escuros para parecer uma Beta viajante. Ela usava sua Magia Silenciosa para desarmar ladrões e fugir de olhares curiosos.
* Em Guildas de Aventureiros: Ela era rejeitada. "Você é muito pequena. E seu cheiro é muito... delicioso. Volte quando tiver um Alfa para protegê-la."
Certa vez, ela aceitou um trabalho de escolta. No caminho, foram atacados por monstros. O Alfa líder do grupo congelou de medo. S/N, usando seu conhecimento tático da Terra, ordenou os Beta, usou um feitiço de Vento Nível Avançado (algo inédito para sua idade), e salvou o dia.
O Alfa, humilhado, tentou dominá-la com seus feromônios, aproveitando que ela estava exausta. O cheiro dele era forte, e o instinto Ômega de S/N gritou: Submeta-se.
Mas S/N tinha o controle de Mana de um gênio. Ela canalizou uma explosão de Mana Pura para seu feromônio, criando um "Choque de Gelo" no ar que, ao invés de excitar, repeliu o Alfa, deixando-o atordoado e com medo. Ela fugiu da guilda na mesma noite.
Capítulo IV: A Ascensão da Feiticeira Desalinhada
Aos 18 anos, S/N havia feito um nome para si. Não era um nome famoso, mas era temido. Ela era conhecida como a "Feiticeira do Gelo Desalinhado" ou a "Ômega Sem Dono".
Seu visual era um contraste: a figura baixa e curvilínea, o cabelo branco cortado de forma agressiva e o olhar gelado. Seu poder era inegável. Ela podia conjurar feitiços de Magia Elementar a nível de Arquimago.
Ela finalmente encontrou uma organização que a aceitou: a Torre de Magia. Lá, o foco era puramente o poder e o estudo. Alfas, Betas e Ômegas eram valorizados apenas pela sua Mana.
S/N, agora vestindo mantos mágicos que escondiam sua forma, mas não sua altura, finalmente pôde se dedicar ao que amava: o conhecimento.
Seu corpo Ômega, que ela tanto temia, provou ser uma vantagem inesperada. O grande reservatório de Mana e a sensibilidade mágica eram características raras de Ômegas que conseguiam transcender seu papel social. Sua natureza Ômega lhe dava uma conexão íntima com a Mana ambiente, permitindo conjurações mais rápidas e com menos custo.
A história dela se espalhou: a Ômega que não se curvava. A menina que podia se parecer com a atração de um Harém, mas que era aterrorizante como um Dragão.
Em uma de suas expedições para um Labirinto antigo, ela encontrou um poderoso Artefato. Um cristal que amplificava a Magia. Ao tocá-lo, ela teve uma visão: sua vida passada, seus erros, seu corpo antigo.
Ela entendeu o porquê da reencarnação: não era punição, era uma segunda chance para viver plenamente. Usar seu cérebro, abraçar seu poder e parar de se esconder.
S/N saiu do Labirinto com um novo propósito. Ela não iria mais suprimir seu feromônio de Gelo Derretido. Ela iria usá-lo como um aviso.
Quando ela passava, os Alfas sentiam o cheiro de Gelo Derretido — uma atração irresistível — mas a aura de Mana Maciça a seu redor gritava: Perigo. Não é para o seu consumo.
Ela era a Ômega que controlava seu destino, sua sexualidade e seu poder. A reencarnada que provou que o valor de um indivíduo não estava em sua casta, mas na força de sua vontade e de sua magia. A Feiticeira do Gelo Desalinhado estava apenas começando sua lenda.
Fim da Fanfic.