Parte I: O Perfume no Palácio de Jade
O Palácio Interior era um labirinto de beleza efêmera e veneno lento. Khaylainne, uma Ômega Pura de apenas 18 anos, não se via como parte da beleza; ela era a sombra útil, a apotecária recém-recrutada. Sua baixa estatura, 1,53m, e sua constituição magra faziam-na parecer mais jovem do que era, contrastando com o cabelo e os olhos de um branco quase lunar. As sardas falsas que desenhava sutilmente no rosto eram uma tática defensiva: uma tentativa de parecer distraída e menos notável em um ambiente que prezava a perfeição.
Seu feromônio de Morango, doce e surpreendentemente potente para seu tamanho, era mantido sob controle por sachês de ervas amargas escondidos sob as roupas de criada. Seu poder, o de Mãe Natureza, era uma ironia amarga: ela podia sentir a saúde e a vida das plantas, mas não tinha força suficiente para curar mais do que um arranhão. Ela era uma apotecária, não uma deusa.
Khaylainne trabalhava na ala da Consorte Loulan, uma das consortes mais prestigiadas, encarregada de testar venenos em si mesma e preparar remédios estranhos.
Foi nesse cenário que ela cruzou com Jinshi.
Jinshi, com seus 20 anos e 1,81m de altura, era a definição de beleza imperial. Aquele que governava o Palácio Interior não era o Imperador, mas a personificação da perfeição. No entanto, por trás do sorriso etéreo e da pele de porcelana, estava o Alfa Dominante cuja essência era o terror e o magnetismo: o Dragão Eclipse. Seu feromônio de Vinho, rico, complexo e ligeiramente embriagante, podia subjugar qualquer outro Alfa ou Ômega em um raio de dez metros.
Sua primeira interação ocorreu em uma sala de ervas. Jinshi estava inspecionando o inventário, e Khaylainne estava moendo uma raiz.
Ao entrar, o ar mudou. O perfume de Vinho, denso e maduro, inundou o espaço, forçando o corpo de Khaylainne a reagir. Ela cambaleou. O instinto Ômega puro gritou para ela se ajoelhar.
Jinshi a notou. Seus olhos, usualmente vazios de emoção real, mostraram uma faísca de surpresa ao captar o Morango.
"Você é a nova apotecária," disse Jinshi, sua voz suave, mas com a pressão sutil do Alfa.
Khaylainne, segurando o sachê de ervas sob a manga, conseguiu manter-se em pé. "Sim, Vossa Excelência. Khaylainne."
"Seu cheiro é... surpreendente," ele comentou, dando um passo mais perto, liberando uma onda deliberada de feromônio Vinho.
Khaylainne sabia que ele estava a testando. "É uma mistura de Morango e raízes amargas, Vossa Excelência. A natureza da minha profissão."
Ele sorriu, o sorriso de um predador que encontrou um brinquedo. "Dizem que você é boa em detectar fraquezas. Diga-me, qual é a minha?"
Ela olhou diretamente para ele, sentindo a energia opressora do Dragão Eclipse. "Vossa Excelência tem a fraqueza de ser perfeito. Ninguém confia totalmente na perfeição. É muito difícil de alcançar e ainda mais difícil de sustentar."
O sorriso de Jinshi desapareceu por um segundo, substituído por um olhar de intensa possessividade. O Dragão em seu interior havia reagido ao desafio e à franqueza. Para um Alfa Dominante, a honestidade em meio à bajulação era um ímã.
Parte II: O Mistério da Flor de Gelo
O Palácio Interior foi assolado por uma série de doenças misteriosas. As Consortes e servas estavam perdendo peso, ficando pálidas e desenvolvendo estranhas manchas roxas na pele. Os médicos imperiais, todos Alfas pomposos, insistiam que era a 'Gripe do Outono'.
Jinshi, no entanto, desconfiava. Ele havia notado que as vítimas eram aquelas que bebiam o chá da tarde em uma ala específica do Jardim do Gelo, perto de uma fonte abandonada. Ele precisava de alguém discreto e inteligente.
Ele convocou Khaylainne. O Dragão Eclipse apreciava o raciocínio clínico da Ômega, que lembrava muito a astúcia de sua apotecária antecessora.
"Khaylainne," Jinshi começou, sentado atrás de uma mesa, com o aroma de Vinho preenchendo seu gabinete. "Quero que você investigue. Use seus sentidos. O que está envenenando o Palácio?"
Khaylainne acenou. Ela se sentia mais confortável sendo usada por sua mente do que por seu corpo. "Farei uma análise do ambiente, Vossa Excelência. Meu poder de Mãe Natureza me permite sentir a toxicidade das plantas e da terra."
Ela passou os dias seguintes vasculhando o Jardim do Gelo. Seu poder fraco de Mãe Natureza era útil para sentir a doença nas folhas e no solo. Ela notou que perto da fonte, o chão estava anormalmente frio e as plantas pareciam estar morrendo de dentro para fora, mas não de doença comum; era extrema desvitalização.
Sua investigação a levou a uma espécie rara de Flor de Gelo, que só florescia em climas muito frios e era extramente tóxica. O cheiro da Flor de Gelo era doce e, quando fervido, causava os sintomas das consortes. Mas, o mistério era: como a Flor de Gelo estava florescendo no clima relativamente ameno do jardim?
Usando seu conhecimento de apotecária, Khaylainne descobriu a resposta: a fonte abandonada continha gelo alpino, trazido das montanhas por ordem de alguém que queria manter a flor viva. O vapor do gelo frio, combinado com o chá quente servido no local, liberava o veneno lentamente.
A pessoa que plantou a flor e ordenou o gelo? A Consorte Loulan, a mesma que Khaylainne servia.
Parte III: O Confronto de Feromônios
Khaylainne apresentou suas descobertas a Jinshi em um pergaminho detalhado, citando a botânica, a toxicologia e os padrões de entrega do gelo.
Jinshi leu o relatório, e o silêncio na sala era ensurdecedor. Ele estava genuinamente impressionado, mas o Dragão Eclipse não permitia que sua posse (mesmo que apenas intelectual) fosse ameaçada.
"Loulan," ele murmurou. "Audaciosa."
"Vossa Excelência, ela é a mais próxima da Imperatriz. Tocar nela pode ser perigoso," alertou Khaylainne.
Jinshi se levantou. O aroma de Vinho se intensificou, pesado, quase sufocante, misturando-se com o toque sutil de sua magia de Dragão Eclipse, que era a manipulação da escuridão e da opressão.
"Você descobriu isso. Você é meu recurso. Se você puder me entregar a fraqueza dela, você estará segura," disse Jinshi. Ele caminhou até ela, a diferença de altura tornando-o uma montanha.
O corpo de Khaylainne, Ômega Puro, estava à beira de ceder. Ela precisava de distância, mas se afastou, mostraria fraqueza. Ela forçou seu próprio feromônio de Morango a se expandir, retirando o sachê de ervas e respirando fundo. O Morango, embora mais doce, era a essência da Mãe Natureza: vibrante e resistente.
O Vinho de Jinshi encontrou o Morango de Khaylainne.
> O Vinho era uma promessa de domínio, de envelhecimento juntos sob a sombra do poder.
> O Morango era a doçura da vida, um convite inocente que mascarava uma resiliência inesperada.
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O confronto de cheiros era uma batalha de vontades.
"Vossa Excelência, a fraqueza dela é sua própria ambição. Ela se expôs ao veneno, acreditando que desenvolveria imunidade," Khaylainne sussurrou, a garganta seca.
Jinshi recuou, não pela resposta, mas pela força do seu feromônio. O Morango era um perfume que ele, o Dragão Eclipse, poderia beber para sempre. Sua natureza obsessiva, inerente ao Alfa Dominante, despertou. Ele não queria apenas o trabalho dela, ele a queria toda.
"Você me surpreende continuamente, Khaylainne," Jinshi disse, sua voz voltando à suavidade letal. Ele estendeu a mão e gentilmente tocou uma das sardas falsas no rosto dela. "Esta inocência, também é uma tática defensiva, não é?"
Parte IV: A Resolução e a Punição Dracônica
Com as informações de Khaylainne, Jinshi agiu. Não houve escândalo. A Consorte Loulan foi simplesmente transferida para um palácio de verão remoto, com a desculpa de uma 'doença persistente' — a punição sutil, mas absoluta, do Dragão Eclipse.
Khaylainne, em vez de recompensa em ouro, recebeu a biblioteca particular de Jinshi, repleta de tomos de medicina e venenos. Era o reconhecimento do Alfa pela mente do Ômega.
Mas a posse de Jinshi não se limitou ao espaço físico. A partir daquele momento, a presença dele no Palácio Interior tornou-se uma sombra constante. Ele não a marcava fisicamente, mas a dominava através de sua aura e feromônios.
Em uma tarde fria, Khaylainne estava debruçada sobre uma rara planta medicinal, tentando usar seu poder de Mãe Natureza para fortalecê-la. Seus feromônios estavam relaxados, Morango puro.
Jinshi entrou na sala, sem aviso. Ele não precisou falar. A onda de Vinho foi imediata.
"Você está usando muito Morango, Khaylainne. Isso atrairá Alfas indesejados," ele disse, sua voz rouca, a mão grande e fria tocando a nuca dela.
"Eu estou na minha própria sala, Vossa Excelência," ela respondeu, lutando contra a submissão.
"Você está no meu Palácio," ele corrigiu, o Vinho se tornando um licor pesado. "E a partir de agora, o único cheiro Alfa que você deve sentir é o meu. O Morango é para o meu Vinho, e o Vinho é para o seu Morango."
O Dragão Eclipse não se contentava com a apotecária. Ele queria a companheira, o ser de luz que desafiava sua escuridão. O corpo de Khaylainne, apesar de sua vontade, reagiu ao Alfa Dominante, rendendo-se à atração química e mágica de seu poder.
Jinshi não precisava de laços de casamento. Sua obsessão era a possessividade total, a dominação dos sentidos.
E Khaylainne, a garota que amava estudar venenos, agora estava ligada ao Alfa que era o veneno mais doce e mais perigoso de todos, presa no Palácio Interior como seu objeto de fascínio intelectual e submissão biológica.
Fim da Fanfic.