O Despertar da Ambição
O ar no Palácio do Frio Perpétuo, a residência do Imperador do Norte, era tão rarefeito quanto o sorriso em seu rosto. Para S/N, de vinte anos, reencarnada há apenas um ciclo de lua, o palácio não era apenas um lar; era uma câmara de compensação de dívidas kármicas e uma oportunidade de ouro.
Na sua vida passada, ela havia sido uma historiadora obscura, que terminou seus dias lamentando a falta de coragem para perseguir o luxo que tanto admirava nos antigos reinos. Agora, a ironia era um manto de seda em seu corpo: ela era S/N, a Sétima Concubina, um peão descartável na vasta máquina da corte, mas que possuía o maior trunfo: a memória do futuro e a fome de riqueza.
Ao acordar, seus olhos vermelho-rubi – uma cor tão exótica que a distinguia de todas as outras concubinas de beleza delicada – encontraram o teto de madeira esculpida. A pele, agora bronzeada, contrastava perigosamente com a palidez habitual da nobreza do Norte, e seus longos cabelos anelados, cor de fogo, caíam até suas coxas. Ela se levantou e caminhou até o espelho de bronze polido, admirando a nova "propriedade" que lhe fora dada. Com apenas 1,55m de altura, ela era minúscula perto da média da corte, mas seu corpo ampulheta era inegavelmente cativante.
> "Reencarnação," ela pensou com um sorriso predador, deslizando os dedos por uma farta pulseira de ouro que já havia conseguido de uma criada ambiciosa. "Que desperdício seria não usar a história ao meu favor. O que é um Imperador frio, afinal, senão um cofre esperando para ser aberto?"
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S/N era a definição de "interesseira" e não se envergonhava disso. Ela amava joias, ouro e diamantes, e seu posto de Sétima Concubina era o lance inicial para uma vida de opulência. Ela passava horas lendo os anais da corte (lembrando-se de informações cruciais para sua sobrevivência) ou admirando sua aparência, planejando sua próxima jogada. Ela escolheu o vermelho como sua cor de assinatura, um desafio flamejante contra os tons pálidos e frios do palácio.
Parte 2: O Primeiro Encontro com o Imperador Ivan
O Imperador do Norte, Ivan, era um mito envolto em seda preta e azul escura. Aos 33 anos, ele governava com a eficiência glacial que lhe era peculiar. Sua figura era imponente; com 2,15m de altura, ele pairava sobre a corte, um gigante de cabelos pretos e olhos cinzentos que pareciam absorver toda a luz do ambiente. Seu corpo era escultural, forjado não apenas em batalhas, mas em uma disciplina rígida.
Naquela noite, S/N foi convocada para a Câmara do Dragão para a sua apresentação formal. Ela usava um hanfu vermelho-carmim, adornado com bordados de fênix em fio de ouro.
Ao entrar, S/N se ajoelhou e manteve a cabeça baixa, não por reverência, mas para ocultar o exame que fazia. A sala era vasta, sombria, decorada com peles de inverno e pedras escuras. No trono, Ivan a observava. Ele não era bonito no sentido suave, mas aterradoramente masculino.
"Sétima Concubina S/N," a voz do Chefe Eunuco era um sussurro. "Saúde o Filho do Céu, Sua Majestade, o Imperador Ivan."
S/N ergueu a cabeça e encontrou os olhos cinzentos. Eles eram como gelo derretido: frios, mas estranhamente profundos. Ela deu seu sorriso mais sedutor e sincero, estudado no espelho por horas.
"Que a vida de Vossa Majestade se estenda por dez mil anos," ela recitou.
O silêncio de Ivan era ensurdecedor. Ele simplesmente a encarou, sem emoção, por um tempo que fez até os eunuco suarem.
"Levante-se," ele finalmente comandou. Sua voz era grave, de poucas palavras, e carregava a autoridade de um trovão distante.
Quando S/N se levantou, ele se moveu. O Imperador, conhecido por sua aversão a toques e sua natureza não comunicativa, desceu do trono e caminhou até ela. A diferença de altura era absurda; ela mal chegava à metade de seu peito. Ivan estendeu a mão e, com a ponta do dedo, tocou o cabelo vermelho-fogo.
"A cor," ele murmurou, a primeira palavra que não era uma ordem. "É a cor da ambição."
"Vossa Majestade é perspicaz," S/N respondeu sem gaguejar, sustentando seu olhar. A dedicação ao seu papel exigia coragem. "Eu sou uma chama em seu palácio de gelo. Espero que a ambição da minha Senhora possa lhe trazer calor, e não queimaduras."
Ivan esboçou o que poderia ter sido o vestígio de um sorriso, ou apenas um espasmo facial. Era o primeiro vislumbre de sua natureza obsessiva. Em um instante, ele tomou o cabelo dela, enrolando a mecha em seu punho.
"O que é meu, é meu," ele disse, apertando o punho levemente, uma advertência velada. "Se você é uma chama, Concubina, você só pode arder para mim."
S/N, sentindo a dor e a promessa de posse, acenou com a cabeça. Seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso interno. Possessividade significava dedicação, e dedicação significava joias.
Parte 3: Intriga e Recompensa
Nos meses seguintes, S/N dedicou-se ao seu papel. Ela era dedicada ao Imperador, aprendendo seus hábitos e gostos, e explorando os limites de sua alergia a camarão para evitar qualquer deslize nas refeições em conjunto. Ela descobriu que a maneira mais rápida de chamar a atenção de Ivan não era com submissão, mas com desafio inteligente e vaidade aberta.
Sua vida era uma rotina dupla:
* Pela Manhã: Horas na frente do espelho, experimentando joias, e lendo livros de história e estratégia que seus espiões particulares traziam para ela, buscando insights de sua vida passada.
* Pela Noite: Noites na Câmara do Dragão, onde ela não falava muito, mas agia com uma confiança que ele não via nas outras concubinas, tímidas e obedientes.
Em uma ocasião, a Imperatriz, uma mulher política e fria, tentou humilhar S/N por seu interesse em ouro, questionando-a publicamente sobre o valor do Colar da Lua Congelada, uma peça da coroa.
Em vez de se encolher, S/N respondeu com um brilho nos olhos. "Sim, Vossa Majestade, aprecio o Colar. Seu valor monetário é imenso, mas, para mim, ele representa a segurança de uma mulher em uma corte perigosa. Se há pecado em buscar a segurança através da beleza e do ouro, então sou culpada. Pelo menos sou sincera sobre minha busca por poder, ao contrário de outras que o disfarçam de virtude."
O palácio engasgou. Ivan, que estava presente, apenas observou. Ele não puniu S/N; ele ficou intrigado. A honestidade descarada de S/N era um contraponto à hipocrisia geral.
Naquela mesma noite, ele a chamou. Em vez de consumar um encontro, ele simplesmente jogou um pequeno objeto em seu colo. Era um bracelete, cravado com rubis e diamantes, que combinava perfeitamente com seus olhos.
"Você é diferente," Ivan disse, de costas para ela, olhando para o jardim congelado. "Interesseira, mas honesta. Se você deseja poder, pegue-o. Mas lembre-se, eu sou o seu cofre. Se você tentar abri-lo sem a minha chave, você será quebrada."
O bracelete era a recompensa por sua coragem. O Imperador Ivan, o homem que gostava de tomar o que era dele, estava testando-a, e ela havia passado. A obsessão dele estava se manifestando como um patrocínio perigoso.
Parte 4: A Alergia e o Jogo Final
A vida na corte era um campo minado. A Concubina Mei, a favorita antes da chegada de S/N, detestava a ousadia e a beleza da recém-chegada. Ela soube da paixão de S/N por leitura e sua alergia a melancia.
Em um festival de outono, Mei, em conluio com a Cozinheira Chefe, preparou um prato de frutas para ser enviado aos aposentos de S/N, disfarçado como um presente do Imperador. O prato estava repleto de melancia coberta de calda de arroz.
S/N, que estava imersa na leitura de um antigo tomo sobre as falhas logísticas das batalhas do Norte (conhecimento da vida passada), quase pegou uma fatia. No último segundo, ela notou um brilho azulado na casca de uma das fatias, algo que parecia atípico. Sua memória veio à tona: "O palácio do Norte usava um pigmento vegetal azul para marcar frutas destinadas a banquetes especiais... mas este não era um banquete."
Ela parou. Em vez de comer, ela chamou sua criada e mandou levar o prato, dizendo: "Esta fruta está muito fria. Traga-me um chá quente. E chame o Cozinheiro Real. Eu gostaria de discutir o frescor desta apresentação."
O Cozinheiro Real, sabendo do teor do prato, ficou aterrorizado. Para desviar a atenção, ele tentou incriminar a Concubina Mei, revelando que a própria Mei o havia subornado para adicionar... camarão a um prato da noite de Ivan, sabendo de sua alergia.
S/N percebeu a genialidade da situação. O cozinheiro estava mentindo sobre o camarão para se salvar, mas a Concubina Mei havia cometido a traição da melancia. Ela tinha que agir rapidamente, usando as duas informações.
Ela foi diretamente ao Imperador. Ela não mencionou a melancia, mas concentrou-se na traição mais grave:
"Vossa Majestade," S/N disse, ajoelhada em seus aposentos, a urgência em sua voz real. "Eu tenho estado lendo os arquivos e me dedicando ao meu papel. E descobri algo que ameaça sua vida. Eu temo que a Concubina Mei tenha tentado envenená-lo usando sua alergia ao camarão."
Ivan, cujo rosto raramente mudava, ficou paralisado. Traição dentro de seu próprio harém era uma afronta à sua posse.
"Prove," ele exigiu, os olhos cinzentos faiscando.
S/N, agindo com toda a sua dedicação encenada, apresentou o Cozinheiro Real, que, sob a pressão do Imperador, confessou o suborno de Mei, mas ainda insistiu que o suborno era apenas para a melancia.
No entanto, Ivan, em sua natureza possessiva e fria, não precisava de evidências completas. Ele precisava de uma ameaça a ser eliminada, e a ousadia de S/N em alertá-lo a colocava acima de qualquer suspeita.
"Concubina S/N," Ivan a chamou. "Você me alertou para a traição. Você merece uma recompensa à altura da ameaça."
Mei foi destituída e enviada para um convento remoto. Ivan, no entanto, não deu a S/N mais ouro. Ele deu a ela algo que ela não esperava, e que era mais valioso para ele: seu tempo.
Parte 5: A Conquista da Obsessão
Após o incidente, Ivan a elevou ao posto de Concubina Real. O Imperador Ivan, cuja vida era regida por estratégia militar e domínio, começou a ver S/N não apenas como uma posse atraente, mas como uma arma valiosa.
Ele a convocava não para intimidade, mas para que ela lesse para ele os relatórios sobre as províncias do Sul. Seu corpo de 1,55m ficava aconchegado em um grande sofá de peles ao lado de sua armadura humana de 2,15m. Ele a ouvia ativamente, e às vezes, S/N, agindo por sua memória da vida passada, adicionava insights estratégicos sobre a economia ou os riscos de rebelião.
"Você é uma concubina que lê mais sobre impostos do que sobre poesia," ele notou uma noite, a mão descansando pesadamente em seu ombro.
"Vossa Majestade," S/N sorriu. "Eu sou dedicada. E não há melhor leitura do que as cartas que contêm o valor do meu futuro."
A obsessão de Ivan por ela cresceu de posse física para uma dependência intelectual e emocional. Ele a via como uma extensão de sua vontade, um objeto de desejo que também era uma mente afiada.
O jogo de S/N se intensificou. Ela usava roupas vermelhas e joias pesadas, esbanjando sua riqueza e vaidade. No entanto, sempre que ele a elogiava por um novo diamante, ela não expressava gratidão servil, mas sim: "Este diamante só brilha porque está sendo admirado pelo maior Imperador do Norte."
Com o tempo, o Imperador Ivan não conseguia mais tolerar que ela estivesse longe. Ele começou a mandar joias para o seu palácio todos os dias, não como presentes, mas como tributos para garantir que ela permanecesse sua. S/N, que começou a história como a Sétima Concubina interesseira, havia usado sua reencarnação e seu desejo de ouro para se tornar o objeto de posse mais valioso do homem mais possessivo do império.
Ela havia conseguido tudo: riqueza, poder e a dedicação total de um Imperador frio e obsessivo. Ivan havia sido conquistado não por amor, mas por conveniência, coragem e a capacidade dela de se dedicar ao seu papel como a única chama que poderia aquecer seu palácio de gelo.
Fim da Fanfic