A Cafeteria do Halloween
Era uma vez Max, um menino tímido e de poucos amigos.
Ele tinha ouvido falar de um estranho boato na sua cidade: toda noite de Halloween, uma cafeteria misteriosa aparecia do nada, abria apenas por algumas horas e servia o melhor chocolate quente do mundo. Diziam que só as crianças que conseguissem encontrá-la poderiam provar da bebida mágica.
Max ficou obcecado com a história e esperou um ano inteiro para finalmente ver se era verdade.
Na tão esperada noite, ele se deitou mais cedo para fingir que estava dormindo, mas deixou o alarme preparado para despertar às 00h em ponto.
Quando o relógio tocou, Max saltou da cama com o coração acelerado, colocou os sapatos correndo e saiu de casa escondido, levando apenas sua lanterna e seu cachorro Bolte, que o olhava como se entendesse que aquela noite seria diferente.
Lá fora, a noite estava escura e silenciosa, exceto por uma trilha de abóboras iluminadas que surgia do nada, brilhando fracamente.
Max seguiu as abóboras e, no caminho, viu outras crianças caminhando na mesma direção. O clima era ao mesmo tempo assustador e empolgante.
Logo, ele avistou a cafeteria: uma construção pequena, com paredes pretas, janelas com cortinas roxas e um letreiro luminoso que dizia:
“Cafeteria do Halloween”
Max sentiu um arrepio na espinha e, sem demora, empurrou a porta.
O lugar parecia saído de um filme:
As paredes eram decoradas com teias de aranha, as mesas e cadeiras pareciam feitas de ossos, e o cheiro de chocolate quente misturado com canela enchia o ar.
Uma garçonete de vestido preto e chapéu pontudo apareceu, sorrindo educadamente:
— Bem-vindo. — disse, fazendo um gesto para que Max a seguisse.
Ele foi até uma mesa perto da janela e sentou-se.
Recebeu o cardápio, que estava repleto de opções de chocolates e doces diferentes. Mas um item chamou sua atenção imediatamente:
“Doces ou Travessuras” – O Chocolatado Especial da Noite
Max não resistiu.
Chamou a garçonete e pediu o misterioso chocolate.
Ela pareceu hesitar por um instante, olhando-o com certo receio, mas apenas anotou o pedido e saiu.
Enquanto esperava, Max olhava ao redor encantado. As luzes tremeluziam, crianças riam e conversavam, e o som de canecas tilintando enchia o ambiente.
Finalmente, o pedido chegou:
Uma xícara em forma de caveira, cheia de chocolate quente, com marshmallows boiando e pequenas bolinhas de chocolate. O aroma era tão acolhedor que Max sentiu vontade de sorrir.
Ele soprou o líquido e tomou o primeiro gole.
Delicioso.
O segundo gole trouxe uma sensação estranha, como se o mundo estivesse ficando mais distante.
No terceiro gole, tudo começou a girar.
De repente, o chão desapareceu sob seus pés.
Quando Max abriu os olhos novamente, a cafeteria parecia diferente: estava mais iluminada, e as pessoas ao seu redor... não eram mais pessoas.
Os garçons e clientes eram agora fantasmas.
Max esfregou os olhos uma, duas, três vezes, achando que estava sonhando.
Uma garçonete se aproximou — mas ela não era mais humana.
Era uma fantasminha cor-de-rosa, com um laço na cabeça.
— Oi, eu sou Pink. — disse ela, flutuando ao lado dele.
Max se assustou e tentou correr para fora, mas percebeu que tudo do lado de fora também havia mudado: o céu estava coberto por luzes fantasmagóricas, e todos ao redor eram fantasmas.
Confuso e com medo, Max voltou a sentar-se na mesa.
— O que está acontecendo? — perguntou, quase chorando.
Pink sorriu gentilmente.
— Calma, Max. Você está no Mundo dos Fantasmas. Isso aconteceu porque você escolheu o “Doces ou Travessuras”. Você foi escolhido para ajudar um de nós e, se conseguir, terá um desejo realizado.
Max respirou fundo, tentando se acalmar.
— Eu não quero desejo nenhum, só quero voltar para casa.
— Então você precisa ajudar um fantasminha. — explicou Pink. — Você tem 12 horas para completar a tarefa. Não se preocupe, o tempo aqui passa diferente. Mas cuidado: se não cumprir a missão, você ficará preso aqui... como um fantasma para sempre.
Max engoliu seco, sentindo um frio na barriga.
Pink o acompanhou até a saída da cafeteria e disse:
— Boa sorte, Max.
O relógio no céu indicava que faltavam 11 horas e 50 minutos.
Ele começou a andar pelas ruas fantasmagóricas, procurando alguém que precisasse de ajuda.
👻☕️👻☕️👻☕️👻☕️👻☕️👻☕️👻☕️👻☕️👻☕️👻☕️
Quando Max já estava perdendo as esperanças, viu um pequeno fantasminha branco voando baixo.
Ele se aproximou com cuidado:
— Senhor... precisa de ajuda?
O fantasminha se virou e respondeu:
— Sim, preciso. — entregou-lhe uma caixa branca com a palavra FRÁGIL escrita em letras grandes, junto com um mapa.
Max ia fazer perguntas, mas o fantasminha desapareceu diante de seus olhos.
Suspirando, ele se sentou em um banco e abriu o mapa. Para sua surpresa, entendeu tudo o que estava desenhado ali.
Com muito cuidado, pegou a caixa e começou sua jornada.
Seguiu até o ponto de ônibus, onde aguardou o ônibus número 13. Passaram vários outros — 31, 33, 11 — mas o 13 só apareceu minutos depois, rangendo e soltando fumaça.
O motorista, um fantasma de chapéu, olhou para Max:
— Bem-vindo e boa sorte.
Max entrou, sentou-se e segurou a caixa com força.
O ônibus passou por ruas fantasmagóricas cheias de fantasmas de todas as cores — brancos, pretos, azuis, laranjas. Era assustador, mas também bonito.
Quando chegou ao destino, desceu e encontrou uma bicicleta com seu nome escrito numa plaquinha.
Colocou a caixa no cesto e pedalou por vielas estreitas, subindo e descendo ruas, tomando cuidado para não derrubar nada.
Depois, pegou um barco para atravessar o rio até uma ilha. Mas uma tempestade começou, e o barco teve de voltar.
Max olhou o relógio: faltavam apenas 8 horas.
Desesperado, pediu ajuda a um fantasma laranja, que lhe ofereceu um pequeno barco a remo.
Max respirou fundo.
— Eu vou entregar essa caixa, custe o que custar.
Remou contra a correnteza, mesmo com os braços doendo e as ondas dificultando tudo. Quando finalmente avistou a ilha, sorriu.
— Eu vou conseguir!
Com esforço, chegou à margem. A tempestade cessou de repente.
Max seguiu o mapa até uma floresta, passando por setas que o guiavam. Sentiu cheiro de lenha e chocolate no ar.
Seguiu até encontrar uma porta com a palavra ENTRE.
Ele respirou fundo e entrou.
Para seu espanto, estava novamente dentro da cafeteria!
Pink apareceu sorrindo e pegou a caixa.
Dentro dela estava... uma xícara idêntica à que ele havia bebido!
Pink agradeceu e Max, ainda confuso, entregou o objeto.
Nesse momento, o fantasminha branco reapareceu:
— Você conseguiu, Max. Obrigado.
— Mas por que fizeram isso comigo? — gritou Max, nervoso. — Eu não pedi para estar aqui!
— Essa foi sua missão. — disse o fantasminha calmamente. — E você a cumpriu. Agora está livre.
Ele lhe entregou a xícara com chocolate quente.
Max bebeu, deu três goles e desmaiou.
Quando acordou, estava novamente na cafeteria — mas tudo estava normal. Os garçons eram humanos, e a garçonete sorriu:
— Bem-vindo de volta.
Max piscou, confuso.
— Pink...?
— Meu nome é Rosa. — disse ela com um sorriso. — Mas meus amigos me chamam de Pink. Obrigada por nos visitar. Esperamos você no próximo Halloween.
Max saiu correndo para casa. Já passavam das três da manhã.
Deitou-se na cama com o coração acelerado e pensou:
"Mal posso esperar pelo próximo Halloween..."
E adormeceu, sonhando com tudo o que havia vivido naquela noite mágica.